61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 5. Matemática - 5. Probabilidade e Estatística
ESTRATÉGIA PARA DETECÇÃO DE AGLOMERADOS DE ÁREAS DESMATADAS DE ALTA E BAIXA INTENSIDADE
Antônio Alcirley da Silva Balieiro 1
James Dean Oliveira dos Santos Junior 2
Maria Ivanilde Araujo 3
1. FUNDAÇÃO DE VIGILANCIA EM SAUDE DO ESTADO DO AMAZONAS / FVS-AM
2. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO / UFRJ
3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS / UFAM
INTRODUÇÃO:
A preservação da floresta Amazônica, principalmente no que tange aos desmatamentos, tem sido assunto discutido intensamente tanto pelos governantes, quanto pelos cientistas no Brasil. As imagens do sensoriamento remoto passaram a ser uma importante fonte de informações para o levantamento de áreas desmatadas na Amazônia, desde o final da década de 70, quando se iniciou a utilização das imagens geradas pelos sensores dos satélites da série LANDSAT (NASA), aos novos sensores dos satélites das séries CBERS (Brasil e China) e o sensor MODIS (Satélite Terra – NASA). A despeito do monitoramento da floresta Amazônica, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem sido pioneiro. Atualmente o INPE conduz o Programa de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (PRODES) e o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real na Amazônia (DETER). Este presente estudo surgiu a partir da observação e análise das informações publicadas pelo INPE, que permitiram a aplicação de técnicas de estatística espacial. Dessa forma, foram detectados aglomerados de baixa e alta intensidade no sul do estado do Amazonas, principalmente no município de Lábrea. Estes aglomerados são baseados na medida de áreas desmatadas (Km²) utilizando uma análise espaço-temporal retrospectiva.
METODOLOGIA:
Utilizou-se parte dos municípios localizados na região do sul do estado do Amazonas. A base cartográfica foi obtida do IBGE. Os dados referentes aos desmatamentos foram provenientes do INPE. Os softwares utilizados foram R 2.8.1 e SATSCAN 8.0. Primeiramente, os dados foram alocados na planilha Excel em seguida foram gerados os arquivos para a leitura no SATSCAN. No aspecto espacial considerou-se a variável resposta como dado pontual onde cada ponto tinha uma informação da área desmatada em Km². Empregou-se o modelo Normal espaço-temporal, em uma análise retrospectiva para detectar aglomerados ativos e históricos. O raio de busca espacial foi 20 km e o intervalo temporal foi 1 ano. A varredura realizada teve ainda dois enfoques para detecção de aglomerados: aglomerados de alta e baixa intensidade no que tange a média dentro e fora do aglomerado. Os resultados da varredura foram plotados no mapa em forma de círculos concêntricos na coordenada que gerou o aglomerado significativo. Os testes de hipóteses para a significância dos aglomerados foram realizados a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
O modelo ajustado detectou um aglomerado histórico de alta intensidade (2004), no município de Lábrea centrado no ponto 9,227610 S, 66,104330 W com raio de 16,38 km. Neste local, o número de casos encontrados foram 4, a média da variável resposta dentro do aglomerado foi de 14,28 km² enquanto que fora do aglomerado foi de 1,42 km². A estatística de teste, o log da razão de verossimilhança, foi de 83,997 (p=0,023) o que determinou a rejeição da hipótese nula de completa aleatoriedade espacial, ou seja, existe um local onde, em média, as áreas desmatadas são maiores em uma determinada área z centrada em um ponto arbitrário da região em estudo. Por outro lado, detectou-se dois aglomerados de baixa intensidade no município de Lábrea, um em Apuí e outro nos municípios de Manicoré e Novo Aripuanã. Dos aglomerados de baixa intensidade apenas o aglomerado detectado em Apuí é ativo, ou seja, permanece em atividade até o final do período estudado. O aglomerado de Apuí está centrado no ponto 7,134660 S, 59,900810 W com raio de 19,66 km. Neste local foram verificados 25 casos, com média dentro do aglomerado de 0,53 km², sendo que fora dele foi de 1,47 km².
CONCLUSÃO:
O modelo ajustado permitiu detectar tanto no espaço como no tempo, locais de alta e baixa intensidade de área desmatada. Embora, o fato da maioria dos aglomerados serem históricos, do ponto de vista de desmatamentos, locais onde aconteceram desflorestamento são, em geral, o inicio das próximas áreas desmatadas. Esta informação, portanto, configura-se como um ponto de partida para os órgãos que são os gestores e envolvidos no processo de tomada de decisão no aspecto ambiental nas esferas municipal, estadual e federal. Espera-se, que esta modelagem seja o ponto de partida para que sejamos desafiados a construir outras abordagens mais abrangentes bem como compartilhar experiências das áreas da ciência especificamente envolvida no que se refere à preservação da floresta Amazônica.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Aglomerados, Área desmatada, Amazonas.