A agricultura familiar representa uma unidade de produção agrícola onde a propriedade e o trabalho estão fortemente ligados à família, cujo alimento produzido para consumo interno está nas culturas de ciclo curto, como a mandioca (Manihot esculeta Crantz). No Estado do Amazonas, no município de Benjamin Constant a cultura da mandioca constitui uma das principais atividades sazonais da agricultura familiar. Este estudo teve por objetivo avaliar o modo de produção da mandioca, a partir das formas de manejo, em sistema de agricultura familiar no município de Benjamin Constant, Estado do Amazonas.

O estudo foi realizado em Benjamin Constant, em cinco áreas cultivadas com mandioca pertencentes a pequenos produtores, que fazem parte da Associação de Produtores da Estrada do Umarizal - APREU. Os plantios com mandioca estão localizados na estrada do Umarizal, comunidade que concentra maior quantidade de plantios e de variedades de mandioca e de macaxeira. As atividades foram executadas durante um período de 12 meses, a partir de agosto de 2007. Foram selecionadas as variedades de mandioca calaí, papudinha, racha-terra e racha-terra baxinha e de macaxeira pretona. Estas possuem maior adaptabilidade e produtividade, segundo os agricultores da APREU. O trabalho de acompanhamento nos cultivos foi dividido em três etapas, compreendendo desde o início do plantio até a colheita das raízes. Na primeira etapa foram obtidas informações da área a ser cultivada como o preparo do solo e o plantio das manivas. Na segunda etapa fez-se a verificação do manejo e do modo de condução dos cultivos e ocorrências de pragas e doenças. A terceira etapa iniciou com a colheita, sendo verificada altura, produção, quantidades de raízes e rendimento de farinha.

As variedades estudadas foram Pretona, Calai, Papudinhas e Racha-terra baxinha, que possuem ciclo longo. Somente a variedade de mandioca Racha-terra possui ciclo curto. O trabalho foi realizado em plantios de três pequenos produtores, cujas áreas totalizaram 16,869 ha. Constatou-se que os cultivos são de subsistência, os quais são cultivados em áreas pequenas e os produtores são descapitalizados e a mão-de-obra utilizada é exclusivamente familiar. Nenhum cultivo apresentou manejo ou adubação. A produtividade obtida para mandioca da variedade racha-terra foi de 10 t/ha, sendo verificado várias plantas que continham até 20 raízes e tamanho de 70cm aproximadamente. Ainda para variedade racha-terra  verificou-se que para 1000kg de matéria bruta obteve-se 600kg de farinha, revelando uma perda de 40% em relação ao produto final. A farinha que foi produzida é geralmente vendida por paneiro, onde cada unidade pesa 30kg e seu valor é de R$ 40,00. Quando a farinha é  comercializada desta forma, o produtor pode alcançar renda de até R$ 800,00 a partir dos 600kg de farinha, e por quilograma, sendo 1kg ao preço de R$ 2,00. Quando a farinha é comercializada desta forma, o produtor pode alcançar renda de até R$ 1.200,00 a partir da mesma quantidade de 600kg de farinha. Comparando as duas formas de venda de farinha, vê-se claramente um aumento de R$ 400,00 obtidos a partir da comercialização da farinha por quilograma. Entretanto, a venda por paneiro pode proporcionar um retorno mais rápido e em menor espaço de tempo para o agricultor.

A variedade racha-terra foi a que obteve maior produtividade, mesmo sem manejo e adubação. Por possuir ciclo curto, essa variedade tem maior aceitação pelo produtor e pelo consumidor. As variedades cultivadas em consórcio apresentaram melhor aproveitamento da área, quando comparadas com as cultivadas em monocultivo. A produção de farinha é por feita da mistura de mais de uma variedade, o que dificulta o registro do rendimento da farinha de uma única variedade. De modo geral, os cultivos foram conduzidos de forma semelhante e apresentaram baixa produção por não possuírem os tratos culturais necessários. Os cultivos poderiam ser melhores conduzidos se houvesse orientação técnica devida, o que resultaria em maior produção.