61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
O PERFIL DA MORBIDADE HOSPITALAR POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM BOA VISTA - RR
Maria Luiza Viana de Amorim 1
Marcilio Sandro de Medeiros 2
1. Especialista em Saúde Ambiental/Secretaria de Estado da Saúde de Roraima–SESAU
2. Mestre em Saúde Pública/Orientador/Instituto Leônidas e Maria Deane–ILMD/FIOCRUZ
INTRODUÇÃO:
Desde a ocorrência de dois episódios agudos de síndrome coqueluchóides nos distritos indígenas Yanomamie Macuxi, onde foram registrados 31 casos de coqueluche, com 7 óbitos, entre os anos de 2000 a 2004, somada a possibilidade do enfretamento de uma pandemia de influenza causado por epizootia, o Ministério da Saúde em parceria com as secretarias de saúde municipal e estadual realizam, desde agosto de 2005, a vigilância da influenza. Na medida em que a literatura indica que as doenças respiratórias variam de acordo com alguns parâmetros relacionados principalmente as intempéries climáticas ou situações antropogênicas, objetiva-se com o estudo caracterizar o padrão epidemiológico da morbidade hospitalar por doenças respiratórias em Boa Vista, capital do Estado de Roraima (Boa Vista-RR).
METODOLOGIA:
O estudo é definido como epidemiológico uma vez que estuda as condições de saúde da população por meio da morbidade hospitalar. O delineamento é do tipo transversal e possui característica de ordem descritiva e exploratória. Os dados secundários foram extraídos do Sistema de Informação Hospitalar do Ministério da Saúde (SIH/MS) para os anos de 1998 e 2007, e do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do Ministério do Planejamento (IBGE), referente base populacional dos censos de 1991 a 2000 e suas respectivas estimativas. A análise epidemiológica das variáveis independentes (sexo, faixas etárias, mês, município de residência) e dependentes (número de internação hospitalar por causa básica segundo capítulos da 10a Classificação Internacional das Doenças) selecionadas foi obtida a partir de medidas de ocorrência: proporções e taxas. Os dados foram processados nos softwares TabWin versão 3.5 e Excel 2003. A pesquisa foi desenvolvida como pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Saúde Ambiental do ILMD/FIOCRUZ no ano de 2008.
RESULTADOS:
No período analisado foram registradas 8.269 internações por doenças respiratórias, o que representou 54,6% do total do Estado. Apesar da redução de 8% no número absoluto, o valor médio de gastos hospitalares de cada internação e o valor total de gastos hospitalares por esse grupo de causas no município cresceram respectivamente 143,0% e 39,6%. Em 1998 a permanência média de internação era de 7,9 dias, subindo para 9,2 dias em 2007. Excetuando as internações ligadas ao parto e ao puerpério, que representaram no último ano 38,6% do total, os quatro principais grupos de causa de interesse para as ações de vigilância e controle epidemiológico e ambiental, quanto às taxas de internações hospitalares foram: Doenças Respiratórias (em 1998 foi 671,7 caindo para 393,3 internações por 100.000 habitantes em 2007); Doenças do Aparelho Circulatório (em 1998 foi 202,4 subindo para 339,6 internações por 100.000 habitantes em 2007); Doenças Infecciosas e Parasitárias (em 1998 foi 408,5 caindo para 246,6 internações por 100.000 habitantes em 2007); e Doenças do Aparelho Digestivo (em 1998 foi 191,4 ascendendo 546,6 internações por 100.000 habitantes). Proporcionalmente, os quatro principais grupos, correspondem a 28,4% das internações no município em 2007. No acumulado as faixas etárias mais acometidas da população foram: crianças (1 a 9 anos) 37,6%; recém nascidos (< 1 ano) 26,2%; Idosos (> 60 anos) 14,9%; adultos (30 a 59 ano) 12,4%, seguidos de adolescentes (10 a 19 anos) e adultos jovens (20 a 29 anos) com 4,4% cada — o que condiz com a literatura especializada. Verificou-se pouca variação quanto ao sexo: 55% masculino e 45% feminino.
CONCLUSÃO:
Os dados do perfil epidemiológico da morbidade hospitalar por doenças respiratória em Boa Vista-RR revelaram, entre outras questões já assinaladas acima: (i) no acumulado, 75% das internações hospitalares foram por pneumonia; (ii) as internações ocorrem com mais freqüência entre os meses de junho a dezembro, o que se diferencia do padrão sazonal de outras localidades do País que é influenciado pelo clima; (iii) nos anos de 1998 a 1999 foram registradas as maiores taxas do período (671,7 e 809,3 internações por 100.000 habitantes), estando associadas aos incêndios prolongados ocorridos em Roraima; (iv) outros municípios do Estado apresentaram taxas de internação hospitalar por doenças respiratórias superiores a registrada em Boa Vista_RR, o que orientará novas pesquisas sobre o assunto.
Palavras-chave: Doenças respiratórias, Morbidade hospitalar, Amazônia.