61ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada |
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS EMBOLORADORES E MANCHADORES DE MADEIRA ASSOCIADO AO CARDEIRO EM CONDIÇÕES NATURAIS |
Rosana Silva de Carvalho 1 Claudete Catanhede Nascimento 2 Raimunda Liége Souza de Abréu 2 Rogério Eiji Hanada 2 |
1. Cursos de Ciências Florestais e Ambientais/UFAM 2. Coordenação de Pesquisas de Produtos Florestais/INPA |
INTRODUÇÃO: |
A espécie florestal cardeiro (Scleronema micranthum (Ducke) Ducke, Bombacaceae) é uma árvore de porte médio a grande. É comumente encontrada por todo Estado do Amazonas, em matas primárias de terra firme, em solo argiloso de textura pesada e em áreas de matas inundadas periodicamente pelas águas de chuva. Sendo considerada uma espécie de fácil trabalhabilidade, tendo potencial na confecção de móveis, tabuados, faqueados, decorativos compensados e na construção civil e naval. Por outro lado, sabe-se que a complexidade anatômica e química da madeira pode sustentar uma rica comunidade de espécies de fungos e de outros microrganismos. Geralmente, os primeiros fungos que colonizam as árvores recém-abatidas são os emboloradores e os manchadores de madeira, devido a grande quantidade de substâncias de reserva das quais eles se nutrem e à elevada umidade. No entanto, a presença da diversidade fúngica depende da espécie florestal, dos fatores ambientais e dos tratamentos químico ou físico. Apesar da importância econômica do cardeiro, poucos estudos foram realizados em relação a comunidade fúngica que participa na biodeterioração da madeira. Dentro deste contexto, o trabalho teve como objetivo realizar um levantamento da micoflora associada ao cardeiro por 12 meses em condições naturais. |
METODOLOGIA: |
Fustes de cinco árvores de cardeiro, os quais apresentavam diâmetro entre 37,5 e 59 centímetros, oriundos da Estação ZFII do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM, foram seccionados 30 discos de 30 cm de comprimento. Os discos foram expostos sobre o piso da floresta da Estação ZFII e submetidos a biodeterioração por 12 meses. A cada dois meses cincos discos foram removidos para o laboratório do INPA visando o isolamento dos fungos. De cada disco foram retirados seis fragmentos de 10 a 20 mm2 do alburno, os quais foram submetidos a uma bateria asséptica: álcool, hipoclorito de sódio e água destilada estéril. Os fragmentos, então, foram transferidos em placas de Petri contendo meio de cultura malte ágar 3% e 250 mg de antibiótico cloranfenicol e mantidas no escuro a 25 0C por um período de 30 dias. À medida que as colônias dos fungos foram se desenvolvendo, as mesmas foram repicadas para tubos de ensaio com meio de cultura e mantidos nas mesmas condições até o micélio ocupar toda a superfície do meio. Para identificação foram utilizadas a técnica de microcultivo e preparação de lâminas semi-permanentes com o corante azul de algodão e lactofenol. A descrição macro e micromorfológica dos fungos foram comparadas com as descritas em literaturas especializadas. |
RESULTADOS: |
No decorrer de 12 meses foram isolados 124 fungos associados ao cardeiro. Destes, 92 fungos produziram estruturas reprodutivas nas condições metodológicas empregadas neste trabalho. Os fungos manchadores e emboloradores identificados são pertencentes dos gêneros: Aspergillus, Cladosporium, Diplococcium, Fusarium, Gliocladium, Lasiodiplodia, Monocillium, Paecilomyces, Penicillium, Phyalomyces, Rhizopuz, Scopulariopsis e Trichoderma. Os gêneros que ocorreram com maiores freqüências foram: Trichoderma com 22,58%, seguido por Lasiodiplodia com 16,13%, Paecilomyces com 11,29% e Penicillium com 8,87%. Por outro lado, cinco gêneros constataram apenas uma ocorrência: Gliocladium, Cladosporium, fusarium, Diplococcium e Phyalomyces. Os demais isolados obtiveram entre dois e cinco isolados. A diversidade dos fungos variou em função do período de coleta, porém não houve variação entre o diâmetro do fuste do cardeiro. Vale ressaltar que as amostras de cardeiro mostraram resistência mecânica bastante comprometida conforme os testes realizados. Provavelmente os fungos tiveram uma certa participação neste comprometimento. |
CONCLUSÃO: |
As amostras de cardeiro mostraram-se suscetíveis ao ataque de fungos xilófagos quando expostas em condições adversas. Portanto, para melhor aproveitamento da madeira de S. micranthum, é ncessário que tão logo o abate da árvore, as toras sejam transportadas, para evitar a colonização dos fungos. Após este procedimento, a secagem das toras é fundamental para evitar a sucessão ecológica dos fungos que poderão causar perda na qualidade e na resistência da madeira. |
Instituição de Fomento: INPA |
Palavras-chave: Scleronema micranthum, Biodeterioração, Biodiversidade Fúngica. |