61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
INVENTÁRIO RÁPIDO DA MIRMECOFAUNA EDÁFICA EM ÁREAS DE CULTURAS DE Hevea brasilienses, Eucalyptus grandis, Theobroma grandiflorum E Coffea canephora DO CAMPO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA EM PORTO VELHO, RONDÔNIA – AMAZÔNIA OCIDENTAL - BRASIL
Lidianne Salvatierra Paz Trigueiro 1
Lunalva Aurélio Pedroso Sallet 2
César Auguto Domingues Teixeira 3
Kátia Simoni da Silva Serra 4
Luciana Pachedo de Barros 5
Rafael Pacheco Veloso de Melo 5
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / INPA
2. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia / CENARGEN EMBRAPA
3. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária / EMBRAPA RONDÔNIA
4. Universidade Federal de Rondônia / UNIR
5. Faculdade São Lucas / FSL
INTRODUÇÃO:

As formigas são consideradas os animais dominantes na maioria dos ecossistemas terrestres. Fatores como a importância ecológica, alta diversidade, dominância em números, conhecimento taxonômico razoável, facilidade de coleta e sensibilidade a mudanças ambientais, o conhecimento sobre Formicidae tem alto potencial em estudos de biodiversidade.

O conhecimento sobre a biodiversidade da fauna de formigas de florestas tropicais obteve notáveis progressos no Brasil, porém com relação aos agroecossistemas muitos grupos ainda são poucos conhecidos e em Rondônia trabalhos semelhantes são escassos. Portanto este estudo se destaca como um dos primeiros a estudar a fauna de formigas a fim de se conhecer a dominância e distribuição das mesmas em diferentes culturas agrícolas.

Neste trabalho, descrevemos a fauna edáfica de formigas de seis culturas do Campo Experimental da EMBRAPA em Porto Velho, Rondônia. As áreas de culturas escolhidas para serem investigadas sobre a sua mirmecofauna foram: Café Coffea canephora, Quicuio Brachiaria humidicola, Brizantão Brachiaria brizantha, Seringueira Hevea brasiliensis, Eucalipto Eucalyptus grandis e Cupuaçu Theobroma grandiflorum. O objetivo deste estudo foi descrever a riqueza e composição da fauna de formigas de solo ocorrente nas áreas das culturas.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado no campo experimental da EMBRAPA que está localizada a 96,3 metros de altitude, 8°46’ de latitude sul e 63°5’de longitude oeste, junto ao km 5,5 da rodovia BR 364 em Porto Velho, Rondônia.

As formigas foram coletados por armadilhas de queda (pitfall traps) onde foram utilizados potes plásticos (700 ml x 9,2 cm) que foram instalados em 2 pontos em cada cultura, um ponto para cada expedição. Em cada ponto foi instalado um gride de 5 armadilhas, com espaço de um metro entre cada uma. As armadilhas ficaram abertas por 4 dias seguidos, onde cada dia as amostras eram retiradas e reinstaladas, cada pitfall foi considerado uma amostra, que totalizaram ao final das duas expedições 240 amostras coletadas (40 em cada cultura). 

No laboratório, cada amostra passou por uma triagem detalhada onde os espécimes foram contados e morfotipados, e em seguida, foram enviadas ao Laboratório de Entomologia do Museu de Zoologia da USP para identificação final. 

RESULTADOS:

Ao todo foram coletados 5.561 espécimes que se distribuíram em 45 espécies, 24 gêneros, 18 tribos e 6 subfamílias. Dos 24 gêneros registrados, os mais ricos em espécies foram Camponotus com sete, Pheidole (seis), Pseudomyrmex (cinco), seguido por Pachycondyla e Brachymyrmex (três cada) e Crematogaster e Cardiocondyla (dois cada).

A família com maior número de indivíduos foi a Mymicinae com 2.816 indivíduos, que também foi a mais diversificada com 18 espécies. A segunda família mais representativa foi a Ecitoninae com 1.575 espécimes coletados.

As duas espécies mais abundantes foram Labidus praedator (1.575 indivíduos), que teve sua amostragem exclusiva para a área do eucalipto, e Pheidole sp.4 (1.320). A área com maior riqueza foi a da cultura do eucalipto com 29 espécies, seguida da área do café com 23 espécies, cupuaçu e seringueira com 20 espécies e brizantão e quicuio com 16 e 15 espécies, respectivamente.

Dentre as amostras observaram-se tanto espécies exclusivas quanto comuns às seis culturas estudadas. As espécies comuns a todos as culturas estudadas foram: Wasmannia auropunctata (482 indivíduos), Pheidole sp.1 (455), Camponotus blandus (345), Pheidole sp.2 (182), Pogonomyrmex naegelii (157), Paratrechina fulva (110), Pseudomyrmex termitarius (87) e Cyphomyrmex sp.1 (16). 

CONCLUSÃO:

A mirmecofauna das culturas agrícolas investigadas foi composta pelas principais subfamílias e gêneros encontrados em outros ecossistemas. A subfamília Mymicinae, que se destacou como a mais numerosa em quantidade de indivíduos e a mais diversificada em espécies, é de fato a mais diversificada dentre os Formicidae.

Os gêneros mais bem representados encontrados também corroboram com a literatura. Camponotus, Pheidole e Crematogaster são considerados prevalentes em nível mundial.

Houve maior diversidade de formigas na cultura do eucalipto demonstrando que a diversidade está relacionada com o aumento da complexibilidade da vegetação e da serapilheira. Este fato é devido a maior quantidade de sítios de nidificação e possibilidades de alimentos, e conseqüentemente a diminuição de competição, que um ambiente mais complexo proporciona.
Palavras-chave: Mirmecofauna, Agroecossistemas, Rondônia.