61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
AS ASSEMBLÉIAS DE PEIXES E SUAS RELAÇÕES COM AS CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS E DE FITOFISIONOMIA NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PIAGAÇU-PURUS , AMAZONAS, BRASIL.
Cláudia Pereira de Deus 1
Isamilde Rosa de Carvalho 2
1. INPA. Coordenação de Pesquisas e,Biologia Aquática
2. CNPq
INTRODUÇÃO:
As áreas protegidas na Amazônia brasileira englobam cerca de 23% da região. Apesar de parecer um número elevado, as constantes pressões vem acontecendo em alta velocidade, o que implica em ameaça ao ecossistema amazônico. A criação de unidades de conservação pode ajudar a manter os serviços ambientais e servir como fonte colonizadora de animais silvestres para áreas vizinhas. O estado do Amazonas vem apontando iniciativas para a proteção de áreas levando em conta o componente humano representado pelas populações tradicionais. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS-PP), é exemplo de uma delas e o conhecimento sobre a distribuição dos grupos de peixes na região ainda é insuficiente para se indicar áreas importantes a serem protegidas para garantir a conservação e manutenção das populações de peixes em níveis viáveis. Relações espécie-ambiente são fundamentais para a explicação dos padrões de distribuição espacial das espécies, uma vez que os organismos tendem a buscar locais que ofereçam os atributos ambientais necessários para sua sobrevivência como fonte de alimentação e abrigos. O presente estudo teve como objetivo principal Estimar a distribuição de espécies de peixes na RDS Piagaçu-Purus correlacionando-a com as características geomorfológicas da região.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na RDS-PP, localizada no baixo rio Purus, A reserva foi dividida em setores baseando-se em três características: tipo de ambiente, sub-bacia hidrográfica e áreas de uso dos comunitários. Para cada fitofisionomia os habitats aquáticos foram divididos em ambientes lóticos ambientes lênticos. Em todos os locais de coleta foram registradas as coordenadas geográficas e a descrição física do ambiente. Para a caracterização das comunidades de peixes foram estimados a riqueza de espécies presentes, a diversidade utilizando-se o índice de Shannon-Wiener (H’) e a Equitatividade de espécies (J). Os ambientes amostrados localizados nas regiões de várzea e de terra firme foram comparados em relação à composição e abundância de espécies. Para os dados de composição foi utilizado a Distância Euclidiana e para dados de abundância a métrica de Bray-Curtis. Uma ANOSIM (Analysis of Similarities) foi aplicada para testar se a composição e abundância de espécies foram diferentes entre igarapés, entre lagos e entre os ambientes aquáticos nas regiões de várzea e terra firme. Para a confecção dos mapas temáticos de geologia, geomorfologia, solo e fitofisionomia foram utilizadas as bases digitalizadas do RADAMBRASIL e relacionados com a distribuição das espécies.
RESULTADOS:
Os resultados do índice de diversidade e equitabilidade variaram entre os ambientes aquáticos amostrados de forma similar. Observando a composição de espécie entre os ambientes amostrados em áreas de terra firme e de várzea, vimos que várzea apresentou maior número de espécies (313) sendo que 61 delas foram exclusiva nesses ambientes e para os pontos localizados em terra firme somaram 197 espécies sendo 21 exclusivas. Os dados de fitofisionomia mostram as áreas de várzea em diferentes subcategorias representadas por vegetação arbustiva, graminosa, de aluvião permanentes ou periodicamente inundadas. A várzea apresentou maior riqueza de espécie quando comparado com terra firme. Os resultados da ANOSIM para comparação da composição de espécies entre lagos e entre os igarapés não foram significativas (p = 0,113,R = 0,1032). Entretanto para as comparações realiza com os dados de abundância a diferença foi significativamente maior entre os igarapés localizados dentro de cada região (p = 0,0486,R = 0,1971). Quando comparamos os pontos de coleta localizados em várzea e em terra firme, sem levar em consideração se era igarapé ou lago, os resultados para dados de abundância mostraram haver diferenças significativas entre essas duas regiões (p= 0,05, R = 0,1166.
CONCLUSÃO:
O número de espécies registradas indica que a reserva ainda é uma região bastante diversa. e a abundância das espécies parece não ter variado em relação às regiões estudadas. A exclusividades de aparição de algumas espécies para locais ímpares denota a importância de todos os habitats para a manutenção da biodiversidade da região. As características mais ligadas ao solo e a vegetação poderiam influenciar mais a presença da fauna de peixes nos locais estudados. É preciso considerar também fatores abióticos locais tais como características físicas de profundidade, largura do canal, química da água etc. para entender também como esses fatores locais influenciam a composição de espécies nessas áreas. A abordagem aquática numa análise de paisagem é ainda bastante recente. A maioria dos ecólogos de paisagem considera os rios e riachos apenas como mais um elemento da paisagem, sem considerar, por exemplo, sua topografia e/ou conexões com os ambientes terrestres. O manejo dessas áreas deve ocorrer numa escala espacial maior, e deve levar em consideração jurisdições políticas e de gerenciamento considerando os componentes hidrológicos, geológicos e biológicos da área de captação.
Instituição de Fomento: Wildlife Conservation Society, Instituto Piagaçu
Palavras-chave: assembléia de peixes, Amazônia, características abióticas.