61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
ESTUDO DOS EFEITOS TÓXICOS DO FORMALDEÍDO EM ALUNOS DO LABORATÓRIO DE ANATOMIA HUMANA DA UFAM
Ana Carolina Santos Silva 1
Silvânia da Conceição Furtado 1
Ana Lúcia Basílio Carneiro 1
1. Universidade Federal do Amazonas/UFAM
INTRODUÇÃO:

O formaldeído é um gás miscível com água e a solução resultante é denominada formol ou formalina utilizada em diversas concentrações para variados fins. Apesar de o formol ser um metabólito intermediário normal celular na biossíntese de purinas, timina e de outros aminoácidos, é uma molécula muito reativa que pode ser diretamente irritante a tecidos com os quais entra em contato. Aldeídos são associados com sintomas como dores de cabeça, irritação ocular e respiratória, distúrbio do sono e aumento da sede em trabalhadores com exposição ocupacional assim como em pessoas como certo consumo de produtos com baixa exposição.

Muitas profissões expõem o trabalhador a diversos níveis de concentração de formol. Na área Biomédica os profissionais mais expostos aos efeitos do formol são os anatomistas, técnicos de embalsamamento e de laboratório de Anatomia e os estudantes de medicina durante suas práticas de dissecação.

Em virtude da toxicidade e da quantidade de pessoas expostas, este trabalho objetivou avaliar os efeitos tóxicos da exposição ao formol no laboratório de Anatomia Humana da Universidade Federal do Amazonas, bem como coletar dados sobre sinais e sintomas dermatológicos, respiratórios e neurológicos de discentes e relacioná-los com o uso de equipamento de proteção individual.

METODOLOGIA:

DESCRIÇÃO DO LABORATÓRIO

Esse estudo foi realizado no laboratório de Anatomia Humana da Universidade Federal do Amazonas, o qual é composto de 2 salas, conectadas entre si,  sem ar-condicionado, com exaustores insuficientes e sem ventilação natural.

 

AMOSTRA

Participou deste estudo um total de 19 discentes regularmente matriculados no curso de Medicina da UFAM que freqüentam o laboratório de Anatomia Humana e que estão expostos de forma crônica ao formol.

 

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Participaram da pesquisa voluntários que desenvolvem atividade nos laboratórios de Anatomia Humana da UFAM e que estão expostos a soluções e ou vapores de formaldeído de forma crônica.

 

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídas da pesquisa as pessoas com antecedentes de doenças dermatológicas, respiratórias e neurológicas.        

 

PROCEDIMENTOS

Foi utilizado um questionário para colher os dados da história pessoal, profissional, o estilo de vida, estado de saúde, a característica de exposição ao formol e as informações sobre o ambiente de trabalho.            

Para o início do trabalho, foram realizadas visitas aos laboratórios de Anatomia, para explicar o trabalho de pesquisa, solicitar autorização (assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e aplicar o questionário aos voluntários.
RESULTADOS:

A análise dos dados mostrou que 73,6% dos entrevistados são do sexo feminino (n=14) e 26,3% do sexo masculino (n=5) e têm entre 17 e 26 anos de idade (média 21,5 anos).

As principais manifestações clínicas decorrentes da exposição ao formaldeído também foram questionadas e pôde-se perceber que as principais são: irritação nasal e ocular (94,7% cada um), lacrimejamento (84,2%), irritação na garganta (73,6%), irritabilidade (73,6%) e cefaléia (68,4%), independentemente do sexo.

Além disso, de acordo com os dados obtidos acerca do uso de equipamentos de proteção individual, verificou-se que 100% dos alunos usa jaleco, 63,1% máscara, 94,7% luvas, 31,5% óculos de proteção, 5,2% pró-pé e 10,5% gorro.
CONCLUSÃO:
Conclui-se a partir desta pesquisa que o uso de máscara simples não é um fator protetor importante, pois de todos os pacientes que apresentaram irritação nasal (94,7%), 66,6% fazem o uso regular de máscara e mesmo assim foram acometidos por este sintoma. Além disso, dos pacientes que apresentaram irritação ocular (94,7%), apenas 33,3 % utilizam óculos de proteção, mostrando que seu uso é um fator que diminui a incidência deste sintoma. A maioria das pessoas que apresentou a irritação ocular apresentou também lacrimejamento ocular (84,2%) e não faziam o uso de óculos de proteção, fato este que vem a confirmar a real proteção do óculos contra afecções oculares.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Amazonas
Palavras-chave: Formaldeído, Toxicidade, Discentes.