61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
Exposição aguda do tambaqui ao petróleo: marcadores fisiológicos e comportamentais.
Daiani Kochhann 1
Sandra Maristher Azevedo Brust 1
Fabiola Xochilt Valdez Domingos 1
Adalberto Luis Val 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INTRODUÇÃO:

Apesar do advento das novas formas de energia, o petróleo ainda é a principal matéria-prima envolvida em inúmeros processos essenciais ao homem. As taxas de crescimento populacional, industrialização e consumo de energia sempre positivas contribuem para a crescente demanda por esse produto. A exploração de petróleo na Amazônia ocorre desde meados dos anos 80, sendo a região a maior produtora terrestre de petróleo no Brasil. O petróleo é uma mistura de compostos orgânicos, principalmente hidrocarbonetos, com toxicidade variada aos organismos aquáticos. Os hidrocarbonetos de cadeia curta são na sua maioria solúveis e voláteis possuindo um baixo tempo de permanência no ambiente aquático, sendo, entretanto, os de maior toxicidade aguda. Já os hidrocarbonetos de cadeia longa são menos solúveis e persistentes no ambiente aquático sendo considerados menos tóxicos aos peixes. A exposição de peixes ao petróleo causa mudanças nos seus parâmetros moleculares, bioquímicos, fisiológicos e comportamentais. Verificar qual desses níveis de organização biológica é mais sensível aos efeitos tóxicos do petróleo é importante para a definição de biomarcadores sensíveis a exposição a esse contaminante.

METODOLOGIA:

Juvenis de tambaqui foram adquiridos em pisciculturas da região e transportados até o Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular no INPA. Os peixes foram aclimatados às condições laboratoriais por pelo menos duas semanas. Após o período de aclimatação os animais foram transferidos para aquários de vidro (10 juvenis por aquários, n=10) onde foram expostos por 96h a três diferentes tratamentos: água do poço (controle), 2,83 mL/L de óleo cru e 3,96 mL/L de óleo cru. Após 96h de exposição, os peixes foram transferidos para aquários demarcados com  linhas horizontais e verticais contendo água limpa, onde foram mantidos por 1 h para aclimatação. Após, foi mensurada sua atividade natatória por 10 min através do número acumulado de vezes que o peixe cruzou as linhas demarcadas.  A capacidade de resposta à substância de alarme foi dosada por meio da mudança na atividade natatória após a introdução de extrato de pele de juvenis de tambaqui. Posteriormente, os animais foram anestesiados sendo seu sangue, fígado e músculo coletados para análises hematógicas, citogenéticas e de parâmetros oxidantes.

RESULTADOS:

A atividade natatória diminuiu significaticativamente em animais expostos à mais alta concentração de petróleo. Animais expostos às duas concentraçõs de petróleo não responderam adequadamente à substância alarme, mantendo os mesmos níveis de atividade natatória antes e após à introdução do extrato de pele. Os danos no DNA, avaliados por meio do ensaio cometa, foram iguais em animais expostos e controle. O número de anormalidades eritrocíticas aumentou significativamente nos animais expostos a mais alta concentração de petróleo. Os parâmetros hematológicos (hematócrito, concentração de hemoglobina, RBC, constantes corpusculares e glicose) bem como os parâmetros oxidantes (lipoperoxidação e atividade das enzimas antioxidantes catalase e glutationa-S-tranferase) mantiveram-se inalterados.

CONCLUSÃO:

Em juvenis de tambaqui expostos agudamente ao petróleo, os marcadores comportamentais e as alterações nos núcleos dos eritróciticos foram mais sensíveis sofrendo alterações mais pronunciadas do que as variáveis bioquímicas e fisiológicas.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Ecotoxicologia, Petróleo, Tambaqui.