A investigação de terrenos arqueanos é extremamente importante para o entendimento dos processos tectônicos atuantes, porém a reconstrução de sua história evolutiva é dificultada pela obliteração das relações estratigráfica originais, devido à superposição de diferentes eventos tectono-termais, e pela ausência de afloramentos contínuos que dificultam o mapeamento geológico sistemático. O objetivo desta pesquisa é investigar os granulitos da região Macaia-Santo Antônio do Amparo-MG, que fazem parte dos terrenos arqueanos de alto grau da borda Meridional do Craton São Francisco, com o intuito de caracterizar sua evolução tectono-metamórfica e compreender suas relações estratigráficas com as demais unidades geológicas da região.

A metodologia utilizada envolveu revisão bibliográfica, elaboração de mapas integrados pré-campo, mapeamento geológico em escala 1:50.000, análise petrográfica e integração de dados.

O mapeamento geológico teve auxílio de imagens combinadas magnéticas-gamaespectrométricas, geradas a partir do levantamento aerogeofísico de alta resolução do Projeto Pitangui-São João Del Rey-Ipatinga. Essas imagens foram também utilizadas na elaboração do mapa geológico-estrutural da região. A etapa de campo envolveu descrições litológicas, identificação de estruturas primárias, descrição e análise cinemática de estruturas tectônicas, medição de elementos estruturais e documentação das observações por desenhos e fotografia. Após o trabalho de campo foram confeccionadas lâminas delgadas para a melhor identificação e interpretação das unidades descritas em campo.
Por último foi feita a integração de todos os dados obtidos nas etapas anteriores, tendo como produto final um mapa geológico.

No trabalho de campo foram mapeadas rochas granulíticas, metagabros, gabro-noritos, gnaisses migmatíticos e granitos. Essas litologias encontram-se cortadas por diques de diabásio e gabronorito, com orientação NW-SE, que em lâmina delgada apresentam textura intergranular preservada.

A área foi afetada por pelo menos três fases deformacionais. A fase mais antiga (Dn) originou a foliação Sn principal na área com orientação e caimento da linha de maior declividade de 175/74. Esta foliação Sn define o bandamento gnáissico-migmatítico. A fase Dn+1 gerou o dobramento da foliação Sn e zonas de cisalhamento destral, as quais esta associada uma foliação milonítica. A fase Dn+2 caracteriza-se por uma foliação mergulhando em direção a Serra de Bom Sucesso (linha de maior declividade 155/80). A fase Dn+3 foi definida como a transcorrência no plano da foliação gerada na fase anterior.

Os metagabros em lâmina delgada apresentam retrometamorfismo de piroxênio para hornblenda, granulação média-fina e marcante epidotização. Os gnaisses possuem xenólitos de rochas ultramáficas e os granitóides ocorrem em zonas de cisalhamento.

O estudo das assembléias metamórficas materializadas nas foliações associadas às fases deformacionais indica que a fase mais antiga (Dn) se desenvolveu em fácies Anfibolito Superior, Dn+1 em fácies Granullito, Dn+2 e Dn+3 em fácies Anfibolito Inferior.