61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
INVENTÁRIO DE ARANHAS (Arachnida, Araneae) NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TUPÉ, AMAZONAS, BRASIL
Rafaella Soares do Espírito do Santo 1
Regiane Saturnino 1, 2
Silvia Furtado Assimen 1
Shirley de Sá Guimarães 1
Fabíola Mello 1
1. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA/ INPA
2. Orientadora, MSc.
INTRODUÇÃO:
Araneae é o segundo maior grupo dentre os aracnídeos e o sétimo dentre os artrópodes com mais de 40 mil espécies descritas em 109 famílias. As aranhas alcançam máxima diversidade na região Neotropical. Todavia, é exatamente nessa região que a necessidade de estudos é grande, sobretudo pelas constantes ameaças, que muitas vezes ocorrem em um ritmo superior a nossa capacidade de entender e manejar o ambiente. A alta diversidade e importância ecológica das aranhas têm proporcionado dados fundamentais para avaliar e quantificar a diversidade biológica, fornecendo subsídios para o monitoramento de alterações em ambientes florestados. Além disso, como as aranhas são predadores generalistas, vem sendo utilizadas para o manejo de pragas em ambientes agroflorestais e, como seu ciclo de vida é curto, respondem rapidamente a mudanças no ambiente, tornando-se organismos modelos para a detecção de tais alterações. É nesse ponto que os inventários, conduzidos de maneira padronizada, o que possibilita a comparação dos resultados com outras regiões, são fundamentais, pois constituem a força motriz para a avaliação das condições ambientais. Nesse sentido, conduzimos o primeiro inventário de aranhas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, Manaus/ AM, empregando três métodos de coleta.
METODOLOGIA:
A RDS do Tupé localiza-se na margem esquerda do Rio Negro, cerca de 25km do centro de Manaus/ AM, com aproximadamente 12.000 ha, conta com três trilhas de acesso, em umas das quais o presente trabalho foi conduzido. A trilha da Cachoeira mede quase 4km e seu inicio está localizado na sede da comunidade São João do Tupé, estende-se por terrenos de platôs e vertentes. A amostragem de aranhas foi conduzida em janeiro/09, em conjuntos de três transectos de 30X5m dispostos em quatro pontos, distantes 500m entre si. Em cada transecto foram empregados os seguintes métodos: guarda-chuva entomológico (GCE), coleta manual noturna (CMN) e inspeção manual de serrapilheira (IMS). As coletas com GCE foram executadas durante o dia em 20 arbustos, onde eram dadas 20 batidas. A CMN, auxiliadas por lanternas de cabeça e pinças, consistiu na busca visual de aranhas por 1h. Três amostras de serrapilheira de 0,5m2, distantes 10 m entre si, obtidas em cada transecto foram inspecionadas em busca de aranhas. As aranhas foram identificadas até o menor nível taxonômico possível na Coleção de Invertebrados do INPA e, encontram-se tombadas sob os seguintes números: INPA 4218-INPA 4315. Apenas os adultos são identificados além do nível de família, pois apenas nestes a genitália está desenvolvida.
RESULTADOS:
Foram coletados 294 indivíduos pertencentes a 24 famílias e 67 espécies ou morfoespécies de aranhas. A porcentagem de adultos em relação ao número de jovens foi de 38%, ou seja, 112 espécimes. Sete famílias foram representadas apenas por indivíduos jovens: Dictynidae, Idiopidae, Nephiliidae, Scytodidae, Senoculidae, Thomisidae e Zodariidae. As famílias mais abundantes, em termos de adultos, foram: Araneidae (40), Salticidae (15), Theridiidae e Ctenidae (12). Araneidae, Salticidae e Theridiidae, por sua vez, apresentaram o maior número de espécies, 22, 11 e 7, respectivamente. Foi com a CMN que conseguimos obter o maior número de indivíduos adultos, 57, seguido pelo GCE, 48 e pela IMS, com apenas três indivíduos. O número de espécies obtidas através da CMN e GCE foi muito similar, 34 e 35, respectivamente, contudo a sobreposição entre as espécies registradas por esses dois métodos foi de apenas 6%. Duas espécies foram registradas exclusivamente através da IMS.
CONCLUSÃO:
Através de observações de campo podemos destacar que em virtude da utilização da trilha da Cachoeira pela população do entorno, a floresta encontra-se relativamente alterada. Contudo, tal fato apenas ganhará mais respaldo quando a fauna de aranhas for inventariada nas demais trilhas da Reserva de Desenvolvimento do Tupé, uma vez que as mesmas são mais afastadas e menos utilizadas pela população. Através de nossos dados biológicos, foi possível constatar que mesmo em regiões alteradas, a diversidade de aranhas pode ser considerada relativamente alta, uma vez que obtivemos 67 espécies/morfoespécies com apenas 112 indivíduos adultos. Outra conclusão é que o emprego de métodos diversificados para a coleta de aranhas possibilita uma melhor representatividade da comunidade, uma vez que, apenas 6% das espécies foram coletadas através do GCE e da CMN.
Instituição de Fomento: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).
Palavras-chave: Aranhas, Amazônia, RDS do Tupé.