Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson (família Apocynaceae) é uma espécie vegetal utilizada na etnofarmacologia para o tratamento de anemia, úlceras, gastrites, infecções e tumores. O uso desta planta, popularmente conhecida como sucuba, sucuuba e janaguba, é muito difundido na medicina popular no norte do Brasil, sendo amplamente comercializada em mercados e feiras livres da região norte.  Estudos anteriores relatam o isolamento de ésteres triterpênicos com atividades analgésica e antiinflamatória e iridóides com atividades citotóxica e antiparasitária. Nesse trabalho são apresentados os resultados da análise cromatográfica da fração hexânica obtida das folhas de H. sucuuba.

As partes aéreas de Himatanthus sucuuba foram coletadas em novembro de 2007 no campus da Universidade Federal do Amazonas. O material vegetal  foi seco, moído e  submetido à maceração com etanol . Após a filtração, o solvente foi evaporado sob pressão reduzida  em evaporador rotatório. O extrato etanólico foi submetido à partição líquido-líquido com hexano. A fração em hexano após a evaporação do solvente foi analisada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM) em um cromatógrafo a gás Agilent Technologies 6896 N equipado com injetor split/splitness, acoplado a um espectrômetro de massas por impacto de elétrons, a 70eV, com detector de quadrupolo seletivo de massas Agilent 5973 e banco de dados Wiley 7n (40.000 espectros). Todas as análises foram efetuadas em coluna HP-5 MS (5% difenil- e 95% dimetil-polisiloxano) com dimensões de 30 m x 25 mm x 0,25 mm; gás de arraste: Helio 1mL/min; e razão de split 1:20. As condições analíticas: temperatura do injetor 250ºC, split 1:20, fluxo da coluna em 1,5 mL min^-1, rampa de temperatura 70ºC até 300ºC com taxa de aquecimento de 5ºC min^-1; isoterma final 10 minutos.

A fração hexânica mostrou no cromatograma sinais com tempo de retenção (t_R) na região característica de triterpenos. Entre 27 e 31 minutos identificou-se ésteres de ácidos graxos: hexadecanóico, linoleico, oléico e octadecanóico. Os espectros de massas obtidos para as substâncias com t_R entre 48 e 50 minutos mostraram a presença do íon molecular de m/z 468 e fragmentos de substâncias triterpênicas do esqueleto ursano, oleanano e lupano,: m/z 218, 203 e 189. Os sinais com t_R em 48.34, 48.45 e 48.90 min associados aos acetatos de a- e b- amirina e acetato de lupeol, respectivamente, de acordo com a fragmentação característica comparada com a biblioteca do aparelho. Os espectros relativos às substâncias com t_R em 54.09, 54.75 e 57,67 min apresentaram o íon molecular 556, compatível com fórmula molecular C₃₉H₅₆O₂. Os fragmentos observados para as substâncias foram associados aos triterpenos cinamoílados com esqueletos: ursano, oleanano e lupano. O íon m/z 408 resultante da perda de C₉H₈O₂, acompanhado do fragmento m/z 131, apontou um grupo cinamoíla ligado ao esqueleto triterpênico. A partir das fragmentações, comparando-se com a literatura e utilizando padrões, os três triterpenos foram identificados como cinamatos de lupeol, α e β-amirina. Todos comuns na família Apocynaceae.

O perfil cromatográfico obtido por CG-EM da fração em hexano, oriunda da partição do extrato etanólico das folhas de H. sucuuba, apresentou uma alta concentração de triterpenos. Esses resultados são relevantes, pois essas substâncias são importantes do ponto vista farmacológico devido a atividade anti-inflamatória descrita em estudos anteriores, e por conseguinte, corroborando o uso popular da planta para o tratamento de infecções, gastrites e úlceras.