61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 2. Paisagismo e Projetos de Espaços Livres Urbanos
A MORFOLOGIA, O MICRO CLIMA E TÉCNICAS SOLARES PARA A PREVENÇÃO DA DELINQUÊNCIA MEDIANTE O ESPAÇO URBANO ATRAVÉS DE SUAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS.
Raphael Gonçalves Vanderlei 1
1. UnB - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
INTRODUÇÃO:

  A densidade populacional, a quantidade de área construída, a presença de barreiras visuais, a luminosidade, o mobiliário urbano, determinam o conforto ambiental de um lugar. Esta pesquisa objetiva avaliar as influências resultantes da configuração urbana na segurança e encontrar diretrizes para o desenho do espaço público seguro, estabelecendo critérios e disposições de desenho capazes de inibir a sensação de insegurança e o desconforto ambiental através da efetiva apropriação dos espaços públicos pelos usuários.

  Estudou-se o desenho do espaço público, como instrumento dirigido à busca de segurança e qualidade de vida dos usuários locais, visando, contudo, não prejudicar as relações espontâneas e as trocas socioculturais. Nesta pesquisa foram estudados a relação de todos esses fatores com o espaço escolhido, neste caso o Setor Bancário Norte.

METODOLOGIA:

   A violência urbana é tema bastante amplo, estudado em diversos campos científicos buscando as razões socioeconômicas deste fenômeno, entretanto, este trabalho concentra-se no estudo do espaço, identificando colaboradores e inibidores da segurança.

   Foram estudados os indicadores e fatores para espaços seguros e o micro clima local. No levantamento de dados in loco foram analisadas as qualidades físicas, funcionais e ambientais desses espaços para a sugestão de diretrizes adequadas.

   Além disso, foi utilizado na pesquisa os dados do clima de Brasília fornecidos pelo INMET, comparando-os com os dados das medições locais (microclima) da área estudada. As medições foram coletadas com auxílio de equipamentos do LASUS.

   Foi realizada também uma pesquisa de opinião pública com os transeuntes do local para verificar a sensação de conforto e segurança da comunidade e compará-la com os dados obtidos com o levantamento.

RESULTADOS:

  O levantamento revelou baixa quantidade de mobiliário urbano; índices de iluminância favoráveis tanto no período diurno como noturno, porém nos estacionamentos estes índices são em alguns pontos precários; sombreamento somente devido à proximidade dos edifícios e a presença dos pilotis, existem de poucas árvores, estando quase sempre nos estacionamentos, priorizando os carros; índices de ruído provocando stress (acima de 50 Db); pouca poluição visual, porém presente em alguns pontos, em grande parte devido ao descuido público; calçadas precárias, elevados desníveis e descuido com a acessibilidade; e discrepância entre os dados coletados do clima no local e os dados climáticos fornecidos pelo INMET.

   A pesquisa de opinião pública mostrou que 44% dos entrevistados não se sentem seguros no setor e mais de 60% evitam caminhar só e estacionar o veículo em local afastado e/ou mal iluminado. 74% dos transeuntes consideram os espaços públicos desconfortáveis para o percurso e permanência.

CONCLUSÃO:
    A ausência de vegetação no Setor, oferece pouco sombreamento ao percurso do pedestre; a precária pavimentação das calçadas e desníveis dificultam a acessibilidade; os estacionamentos possuem pouca iluminação noturna e devido ao excesso de carros existem vagas afastadas do destino do transeunte. A degradação do mobiliário urbano assim como a poluição visual e a falta de atrativos, afasta do usuário o desejo de permanência no local e atrai a delinqüência. Apesar dos edifícios terem fachadas bem conservadas, não se observa este mesmo cuidado com o espaço público.

   Os causadores do desconforto e insegurança ambiental encontrado no Setor Bancário Norte são os resultados de uma arquitetura não sustentável. A falta de preocupação com a urbanidade de um lugar, acarreta maus resultados. É preciso que a preocupação com o uso do espaço público de maneira cidadã estejam acima de qualquer valor, pois sem a valorização do espaço público não se soluciona segurança ambiental.

Instituição de Fomento: Universidade de Brasília
Palavras-chave: Bioclimatismo, Desenho urbano, Espaços seguros.