61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
VIDEO-INTERAÇÃO - PERSPECTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DE AULAS PRÁTICAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Marcelo Eduardo Fonseca Teixeira 1
Eugenio Maria de França Ramos 1, 2, 3
1. Oficina de Física, IB, UNESP Campus de Rio Claro
2. Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Titulação: Prof. Assist. Dr.
3. Centro de Educ. Continuada em Educ. Mat., Científica e Ambiental (CECEMCA UNESP)
INTRODUÇÃO:

O ensino de Ciências, particularmente de Física, na Educação Básicatem se mostrado distante do processo da experimentação. Fatores diversos podem ser identificados desde a carência de recursos materiais e locais adequados, até a adequada formação do professor para uma execução condizente destas. Dentre as barreiras, a quantidade de materiais para que os alunos possam fazer as observações é uma delas. Uma alternativa a essa situação seria o uso de atividades didáticas demonstrativas, mas que esbarra em geral na quantidade de alunos, sua disposição geográfica em sala de aula e o caráter de mero observador do fenômeno enfocado pelo professor.

A possibilidade de uso de novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), com sua crescente acessibilidade econômica a escolas e até mesmo diretamente aos docentes, permite que os experimentos didáticos, que antes necessitavam ser realizados em grupos pequenos, possam ser aplicados simultaneamente a um grupo maior ou até mesmo com o uso de Educação a Distância, com o acompanhamento do professor. Experimentos realizados dessa forma têm permitido uma nova forma de interação do aluno com materiais experimentais, de forma não somente permitir a realização de medidas como desenvolver conclusões acerca dos resultados por obtidos.
METODOLOGIA:

A execução de um experimento é feita de maneira singular, numa bancada, com o uso de uma câmera, geralmente uma simples WEBCAM. O registro da câmera é projetado em uma tela de forma que a exposição do fenômeno pode ser acompanhada por uma platéia e, simultaneamente, gravado em um computador.

Pede-se aos alunos mais do que a mera observação de uma demonstração, mas a realização coletiva do experimento. Dessa forma, os dados observados são anotados pelos participantes enquanto da ocorrência do fenômeno e estudados, de maneira análoga ao procedimento de uma prática em um laboratório didático.

Com o uso de um roteiro os estudantes recebem informações de como devem ser tratados os dados obtidos, permitindo um momento de introspecção e análise do fenômeno observado.

Como neste processo um filme é feito daquilo que se fez na prática, possibilita-se também releituras e análises, com o acesso posterior a esse material.

Com a observação do experimento, o registro de dados e a primeira análise individual, o relatórios individuais são então submetido a uma análise em grupo, com acompanhamento do professor, ocasião em que resultados podem ser comparados e discutidos.

Elabora-se então a partir disto a modelação que permite entender/explicar o fenômeno trabalhado.
RESULTADOS:

Aulas práticas como as descritas até este momento ocorreram com os temas “AS RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS” e “A CAMERA ESCURA” para alunos de turma do primeiro ano do ensino médio e “TERMOPAR – MEDINDO GRADEZAS TERMOMÉTRICAS” e “PÊNDULO ELETROSTÁTICO SIMPLES E DUPLO” para turmas de segundo ano.

O resultado mais evidente para ambos os grupos foi a descoberta da enorme diferença entre o modelo teórico simplificado exposto nas aulas teóricas e os resultados que a natureza apresenta. Com isso os alunos sentiram a necessidade de entender o que se pode ou não desconsiderar, bem como o significado do erro. Em sua maioria o erro grosseiro e sistemático.

Além disso, outro produto interessante dessa abordagem foi o entendimento de como usar a linguagem matemática por meio de gráficos, de onde provem as equações ou ainda de que forma elas são elaboradas.

Cada atividade foi planejada para durar 2 aulas de prática e mais 2 para a discussão. No entanto as atividades  “AS RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS”, “A CAMERA ESCURA” e “PÊNDULO ELETROSTÁTICO SIMPLES E DUPLO” tiveram estendidos seus trabalhos por mais 2 aulas.
CONCLUSÃO:

Com o uso de atividades físicas experimentais, sua análise e discussão, pode-se notar uma melhoria significativa do entendimento da Física, sobretudo, que as letras da equação deixam de ser algo que sempre deva ser calculado como exercício e ganha a dimensão de grandeza física.

Além dos fenômenos estudados, os erros cometidos criam oportunidades para discussões posteriores, tendo sido notável, em todas as turmas, a participação dos grupos nas discussões.

As interações, ainda que conduzidas por um professor, estabeleceram uma renovação no interesse pelo entendimento dos fenômenos físicos, algo como uma criança que se posta com olhar curioso ante o mundo que a envolve.

O volume de perguntas extrapola limites do experimento, e despertam a atenção para a necessidade do aprendizado de uma linguagem matemática que permita quantificar aquilo que se percebeu como grandeza.

Os resultados aqui relatados, do uso de TICs para o trabalho experimental em sala de aula, renovam as possibilidades do uso desses procedimentos didáticos no ensino, ultrapassando em termos de materiais limitações dos laboratórios didáticos tradicionais da Educação Básica e, por outro lado, do ponto de vista didático as atividades meramente reprodutivas dos usuais experimentos demonstrativos.
Palavras-chave: Atividades didáticas experimentais, Ensino de Física, TICs.