61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
REPRESENTAÇÕES E ESTIGMAS SOCIAIS DE UM GRUPO DE PROTADORES DE HANSENÍASE NO MUNICIPIO DE MOSSORÓ/RN NO PONTO DE VISTA BIO-PSICO-SOCIAL
Iapony Rodrigues Galvão 1
Eucástila Jordânia Dias 1
Rafaele Carla de Araújo Maia 1
Renata. Melo Maroto 1
Rejane Millions Viana Menezes 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:

A Hanseníase, também conhecida por Lepra, possui um histórico repleto de representações sociais, devido ao isolamento social imposto aos hansenianos, fato ocorrido em conseqüência a deficiências existentes no que se diz respeito ao tratamento da endemia. Apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos no tratamento e prevenção da doença, o Brasil encontra-se com o segundo maior número de casos em escala mundial, sendo superado apenas pela Índia. E no estado do Rio Grande do Norte, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, dos 127 casos notificados no ano de 2007, 110 ocorreram em Mossoró, instigando-nos a compreender a alarmante situação epidemiológica e social ocorrida neste município. Assim, a presente pesquisa buscou aprofundar o conhecimento sobre a doença no território Mossoroense, traçando o perfil dos portadores desta doença. E constatamos que, para atenuar a atual situação no município de Mossoró, torna-se necessário à adoção de uma política de combate ao preconceito sofrido pelos portadores da doença, o qual gera fortes representações e estigmas sociais, além de um aprofundamento no diagnóstico precoce, associado ao tratamento adequado e melhorias na infra-estrutura sanitária das áreas de risco, através de políticas públicas mais sólidas na área da saúde.

METODOLOGIA:

Para a realização da pesquisa foram 122 entrevistados de ambos os sexos, escolhidos por serem residentes dos bairros mais endêmicos e seguindo um tipo de estratificação social. No Bairro Barrocas foram aplicados 90 questionários, enquanto que, no de Santo Antônio foram 32, já que o primeiro apresenta maior número de casos. O cumprimento das etapas de pesquisa e elaboração do projeto está de acordo a Resolução 196/96, do Ministério da Saúde, a qual regulamenta os estudos na área de saúde que envolve seres humanos.O questionário era composto de 49 perguntas referentes a dados sócio-demográficos: condições moradia, idade, escolaridade, renda familiar, bem como perguntas especificas em relação ao conhecimento dos entrevistados sobre a hanseníase, como os casos da doença existentes na família destes, além de conhecimento sobre sinais e sintomas, prováveis atitudes tomadas na suspeita do diagnostico positivo (procurar ou não posto de saúde) e o preconceito com os portadores da patologia. Após a coleta através das entrevistas, os dados foram tabulados e analisados no programa Microsoft Excel e as analises descritas foram realizadas no mesmo local das freqüentes reuniões do grupo responsável pela pesquisa. 

RESULTADOS:

Dentre os resultados levantados nesta pesquisa, foi observado claramente uma associação dos casos de Hanseníase existentes no município de Mossoró com as precárias condições sanitárias nas áreas onde se concentra a endemia. Assim foi constatado que 53% das moradias entrevistadas possuíam apenas fossas sépticas, e 11% destas com o esgoto a céu aberto. Além disso, mais de 25% dos pesquisados não fazem tratamento na água consumida, facilitando a difusão de endemias. Também foi constatado que 8% dos entrevistados possuem a hanseníase, um número considerável. Aprofundando estes dados, é notório observar que 67% destes portadores descobriram que possuíam a doença há menos de dois anos. Além disso, 78% dos interrogados afirmaram conhecer a hanseníase e 48% destes conhecem um hanseniano. Porém, apenas 21% sabem como contrai a hanseníase e 18% como se dá sua prevenção, o que ratifica a necessidade de uma política de Saúde Pública que demonstre mais claramente a doença e principalmente as formas de contágio e prevenção, a fim de auxiliar no combate desta endemia, além de explicitar para a sociedade, os riscos existentes no contato com portadores da endemia, combatendo estigmas e representações sociais negativas existentes na atualidade.

CONCLUSÃO:

No término da presente pesquisa, tornou-se evidente os desafios encontrados para o combate a hanseníase no Rio Grande do Norte, e especial no município de Mossoró nos aspectos preventivos da doença e nas condições sociais existentes que auxiliem tal combate. Torna-se necessário que a população e os profissionais de saúde conheçam os sinais e sintomas para o diagnóstico e tratamento adequado, visando eliminar rapidamente a fonte de infecção na população, quebrando a cadeia de transmissão da doença e evitando assim, o aparecimento de novos casos. Também é importante que as autoridades responsáveis pela gestão da saúde pública realizem uma ostensiva campanha de divulgação da hanseníase, além do paciente possuir um acesso mais amplo ao serviço de saúde. A importância da hanseníase para a saúde pública brasileira é incontestável, demonstrando a necessidade de uma maior prevenção, promoção e acompanhamento dos pacientes, pois, na atualidade, essas ações iniciais possuem consideráveis lacunas a serem preenchidas. Portanto, se demonstra urgente à busca da melhoria das condições básicas de infra-estrutura existentes nas áreas endêmicas, a fim de diminuir ainda mais as possibilidades de difusão da endemia no espaço mossoroense.

Palavras-chave: Hanseníase, Políticas públicas de Saúde, Representações Sociais.