61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
CARACTERIZAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DE CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE MANAUS-AM.
Geina Faria dos Santos 1
Celsa da Silva Moura Souza 1
Josemar Gurgel da Costa 1
Márcio Antônio Couto Ferreira 1
Daniele Leão 2
Moisés Coelho do Nascimento Júnior 1
1. Universidade Federal do Amazonas - UFAM (ISB Coari)
2. Centro Universitário Nilton Lins
INTRODUÇÃO:

O desenvolvimento estrutural de uma criança na fase de 1 a 6 anos de idade é marcado por mudanças corporais mais aceleradas, além de suas condições biológicas e hormonais. No entanto é a partir dos 7 a 9 anos de idade que o crescimento torna-se mais lento, porém constante, principalmente na região dos membros inferiores. E é nessa fase que ocorre a maturação das estruturas internas e externas, como a percepções sociais, cognitivas e psicomotoras, tornando-se mais independentes nas suas escolhas, principalmente quanto aos gostos, preferências e aversões alimentares, caracterizado por uma fase em que a criança apresenta um metabolismo muito mais intenso quando comparado ao do adulto. No âmbito educacional há uma maior socialização e independência para a aceitação de preparações alimentares diferentes e mais elaboradas, favorecendo a utilização dos alimentos industrializados, doces, e gordurosos. Diante destes fatos, o presente estudo buscou caracterizar os hábitos alimentares de crianças com idade de 6 a 11 anos, estudantes do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de Manaus, Amazonas.

METODOLOGIA:

Optou-se por um corte do tipo transversal, cuja amostra foi selecionada de forma aleatória, proporcionalmente, tendo a participação de 50 estudantes, cuja instituição de ensino havia 140 matriculados entre a faixa etária de 6 a 11 de idade, havendo perdas de apenas 7 destes, obtendo uma amostra final de 43 crianças. Foi utilizado um Questionário Quantitativo de Freqüência Alimentar (QQFA), adaptado pelo Ministério da Saúde, composto por 12 questões referentes ao consumo alimentar e formas de entretenimento, além das questões da Associação Nacional de Empresas de Pesquisa (ANEP), onde enquadram-se as condições socioeconômicas. Para o tratamento dos dados, foi feita análise descritiva utilizando-se o programa SPSS for windows versão 16.0.

RESULTADOS:

A média de idade das crianças participantes foi de 8,23 anos, cuja condição econômica foi classificada em sua maioria de classe baixa (95,3 %), e o nível de instrução dos pais correspondeu a 46,9% para o ensino fundamental, 23,3% ensino médio, 20,9% ensino superior e os demais 9,3% eram analfabetos. Quanto às escolhas alimentares dos estudantes, o consumo de proteínas de alto valor biológico, como carnes, ovos, leites e derivados foi expressivo (80,4%), no entanto, o mesmo não pôde ser dito em relação ao consumo de peixe, onde 55,8% o consumiam apenas uma vez/mês. Em relação aos micronutrientes, o consumo de legumes e frutas foi o de menor interesse com 41,9% da amostra. O consumo de frutas não segue a recomendação adequada, pois 60,1% correspondem a ingestão de 1 ou 2 pedaços/dia, e 25,6% do público não consomem frutas. Com relação aos doces, bolos, biscoitos recheados e sucos industrializados foram consumidos de 1 a 5 vezes/semana; as frituras, os salgados e enlatados eram consumidos por 60,4% das crianças. Já em relação ao entretenimento, observou-se um tempo excessivo em frente à TV, com 54,2% dos sujeitos que gastam de 4 a 6 horas/dia. Quanto à atividade física, a brincadeira mais escolhida foi o futebol ou corrida (83,7%), os demais optaram por computador ou vídeo game.

CONCLUSÃO:

A escolha de alimentos com alto teor de doces, produtos industrializados e gordurosos, assim como o baixo consumo de alimentos fontes de vitaminas e minerais, tem sido um dos fatores potencializadores para o desenvolvimento de doenças, como a fome oculta, refletindo principalmente na segurança nutricional dos indivíduos. Os resultados deste trabalho expressam o elevado consumo de proteína de alto valor biológico na classe econômica baixa. Já quando se trata da ingestão de peixe, frutas, verduras e legumes, observou-se um baixo consumo, apesar de nessa região geográfica haver disponibilidade de uma vasta variedade de fontes de nutrientes. Tal comportamento se justifica provavelmente pela contribuição de fatores internos e externos, como a cultura e a oferta de produtos industrializados. Portanto há uma necessidade de monitoramento desses sujeitos, condicionando-os a uma melhor educação nutricional. Faz-se necessária também a aplicação de políticas públicas que sejam pautadas na conscientização de uma alimentação saudável, promovendo assim a educação alimentar desses indivíduos.

Palavras-chave: hábitos alimentares, crianças, ensino fundamental.