A ocorrência do envelhecimento da população mundial e as conseqüências deste fenômeno como a diminuição da capacidade funcional e a propensão às doenças crônico-degenerativas são temas de discussão nos estudos com idosos. Hábitos de vida, como o sedentarismo, agravam esses problemas, além de aumentar os gastos para a família e o Sistema de Saúde. A atividade física é uma forma de intervenção para minimizá-los, a qual gera benefícios físicos e psicossociais como a melhora da imagem corporal, que nos idosos ajusta-se gradualmente ao corpo durante o envelhecimento, porém pode sofrer alterações devido às patologias, aos distúrbios da motivação ou mesmo à perda do interesse em manterem-se ativos. Visto que a atividade física contribui para um envelhecimento com qualidade de vida, políticas públicas estimularam a criação de locais para a execução de múltiplas atividades, os chamados “Centros de Convivência”. Em Campo Grande-MS, o Centro de Convivência do Idoso/CCI-“Vovó Ziza” possui cerca de dois mil idosos cadastrados nas diversas atividades oferecidas e entre elas as de atividade física. Diante do exposto, este estudo verificou o nível de satisfação da Imagem Corporal (IC) e o Índice de Massa Corporal (IMC) destes idosos.

Dos 25 participantes idosos voluntários frequentadores do CCI- “Vovó Ziza, 92% eram mulheres e 8% homens. A idade média foi de 69,28±7,03 anos. Todos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados coletados em outubro de 2008 foram peso, estatura, imagem corporal (IC) atual e desejada. Com os dados de peso e estatura gerou-se o IMC, cuja classificação baseou-se na sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998). Para avaliação da Imagem Corporal, os idosos responderam à Escala de Desenhos de Silhuetas (Nine-Figure Outline Scale; Stunkard, Sorensen & Schulsinger, 1983), com a finalidade de avaliar a percepção corporal atual (IC atual), a desejada (IC desejada) e o nível de satisfação da forma corporal (NS = IC atual - IC desejada). Esta escala consiste em nove desenhos de formas corporais (feminino e masculino), das quais o idoso indica aquela que ele acredita ser mais próxima da sua forma corporal e aquela que gostaria de ter. Através do cálculo IC atual menos a IC desejada é possível avaliar se está satisfeito ou insatisfeito (com desejo de emagrecer ou engordar). Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva de frequência, média e desvio-padrão. As análises foram realizadas através do software SPSS 10.0.

O peso e estatura média dos participantes foi de 70,28±16,53kg e 1,54±7,443E-02m, respectivamente. Os idosos apresentaram os seguintes valores de IMC: 44% com sobrepeso; 16% na faixa de normalidade e no grau I de obesidade; 12% no grau II; 8% no grau III; e 4% no baixo peso. Com relação ao nível de satisfação da IC, 72% estão insatisfeitos e 28% satisfeitos, com a média de 1,72±1,46 (dos homens 0,50±0,71 e das mulheres 1,83±1,47). Vale ressaltar que 24% dos participantes que estavam fora da faixa de normalidade (acima ou abaixo do peso) mostraram-se satisfeitos com a IC; e 8% que apresentaram valores na faixa de normalidade mostraram-se insatisfeitos, com desejo de emagrecer.

Diante dos resultados é possível considerar que apenas 16% dos idosos apresentaram IMC em faixa de normalidade, enquanto que 84% estavam fora dela (tanto abaixo como acima do peso). Além disto, 72% se mostraram insatisfeitos em relação ao seu corpo. Quanto verificados valores por sexo, as mulheres apresentaram maior nível de insatisfação que os homens. Estes resultados demonstram a tendência à obesidade desses idosos e a consciência dos mesmos devido ao desejo de emagrecer, em sua maioria. Não se sabe os motivos pelos quais os mesmos buscam os CCI: orientação médica, convívio social, prática de atividades físicas, manutenção da saúde, dentre outros, assim sugerem-se novos estudos. Porém nesses locais, os profissionais responsáveis (especificamente os de Educação Física) deveriam se preocupar com o perfil dos freqüentadores, visto que a obesidade e a insatisfação com a imagem corporal foram verificadas neste estudo. Um corpo que envelhece passa por um processo de adaptação e a não percepção das mudanças decorrentes pode acarretar em transtornos físicos, sociais e emocionais. Dessa forma, avaliações periódicas precisam ser realizadas para controlar se as atividades promovidas atendem as necessidades desse público, assim como deveriam ocorrer com todos os frequentadores do CCI.