61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 2. Cirurgia
ESTUDO DAS RELAÇÕES ANATÔMICAS ENTRE AS GLÂNDULAS PARATIREÓIDES CERVICAIS E A TIREÓIDE EM 53 TIREOIDECTOMIAS
João Bosco Lopes Botelho 1
Gecildo Soriano dos Anjos 2
Juber Machado Gomes Filho 2
Tarick de Oliveira Leite 3
Diego Monteiro de Carvalho 1
Ana carolina Lopes Belém 1
1. Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas / UEA
2. Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial - Hospital Santa Júlia
3. Centro Universitário Nilton Lins - UNINILTONLINS
INTRODUÇÃO:
As patologias cirúrgicas da glândula tireóide (GT) têm alta prevalência em áreas geográficas bociogênicas,como a região amazônica, e representam um importante problema de saúde pública nestas regiões. A cirurgia dessa glândula pode causar danos às glândulas paratireóides (GP) e a seu suprimento vascular, levando ao hipoparatireoidismo no pós-operatório. O presente estudo tem como objetivo demonstrar através de registros fotográficos, nos trans-operatórios, as relações entre as GP superiores e inferiores em relação à GT no curso das tireoidectomias indicadas nos bócios de grande volume (BGV). Nortear o acesso cirúrgico aos BGV para identificar-ligar entre fios as artérias tireóideas inferiores e identificar-preservar as GP e os nervos laríngeos recorrentes.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado de forma retrospectiva, no centro cirúrgico do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Santa Júlia, analisando os registros fotográficos per-operatórios nas tireoidectomias totais e parciais de 53 pacientes portadores de BGV, realizadas entre janeiro de 2002 e agosto de 2006. Os registros fotográficos mostram as regiões antero-laterais direitas e esquerdas do pescoço dissecadas, uni ou bilateralmente dependendo da localização dos bócios e/ou tumor, com o objetivo de expor a relação das GP e a GT. Foram utilizados desenhos esquemáticos para estabelecer os pontos das referências anatômicas entre as GP e a GT.
RESULTADOS:
No período de estudo, foram observados 53 pacientes portadores de dismorfia da tireóide. Desse universo 39 (73,59%) foram submetidos à tireoidectomia total. Foram obtidas imagens de 111 GP, com as seguintes topografias: Paratireóide superior à tireóide (PST) – 2 casos (1,80%); Paratireóide superior, mas ao nível da GT, (PS) – 65 casos (58,56%); Paratireóide média (PM) – 10 casos (9,00%); Paratireóide inferior (PI) – 34 casos (30,63%). Em relação ao tamanho das glândulas paratireóides, encontrou-se: Glândula paratireóide menor que 0,5 cm: 15 (13,51%); Glândula paratireóide medindo entre 0,5cm e 1cm: 78 (70,27%); Glândula paratireóide maior que 1cm: 18 (16,21%). Quanto à coloração da GP, a coloração amarelo-acastanhada foi a mais prevalente, sendo encontrada em 59 (53,15%) paratireóides, enquanto que a glândula paratireóide de cor amarelada foi vista em 5 (4,50%) casos e a coloração acastanhada foi vista em 47 (42,34%) dos casos. A escolha da via de acesso e o cuidado para evitar hemorragias são dois itens que evitam maiores dificuldades. Acrescem-se os rigores da técnica com a ligadura do pedículo superior, sendo realizada em primeiro lugar, seguida da mobilização do lobo tireóideo em sentido medial. Esses gestos possibilitam a melhor identificação das paratireóides.
CONCLUSÃO:
A experiência cirúrgica demonstra com extraordinária clareza que a escolha da via de acesso é de fundamental importância para evitar a complicação do hipoparatireoidismo após as tireoidectomias. É indispensável conservar o tecido adiposo aderido à cápsula tireóidea, onde se alojam mais de 90% das paratireóides. O manuseio cirúrgico dessa delgada lâmina adiposa provoca a mudança da cor das paratireóides, tornando-as amarronzadas, destacando-as entre o amarelo-ouro da gordura e impondo maior atenção ao cirurgião.
Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: glândula tireóide, glândula paratireóide, tireoidectomia.