61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
EDUCAÇÃO E FAMÍLIA DE SURDOS NO MÚNICÍPIO DE CARAUARI-AM
Iranvith Cavalcante Scantbelruy 1, 2
1. Universidade Federal do Amazonas
2. Universidade do Estado do amazonas
INTRODUÇÃO:
O município de Carauari-AM fica distante da capital Manaus 1.676km por via fluvial, o que dura de três a sete dias de viagem de barco, dependendo do nível dos rios da região; há também a possibilidade de ir por via área, demorando em média cinco horas de viagem, porém o valor da passagem dificulta o acesso desse serviço para a maioria de sua população. Essa distância faz com que a formação em Educação de Surdos dos profissionais da cidade, principalmente professores, sejam deficitárias, bem como o acesso à informação de familiares de pessoas surdas sobre processos educativos e o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais. Este estudo teve como objetivo investigar a realizada vivenciada pelo surdo morador da região amazônica, cidade de Carauari-AM, no que diz respeito aos aspectos educacionais, levando-se em consideração sua relação com a família, aceitação da sua diferença, sua forma de comunicação e interação com a sua comunidade. A relevância deste trabalho se justifica na possibilidade de discutir a inclusão das Pessoas Surdas tanto no âmbito escolar como familiar e social nas cidades do interior do Amazonas.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi realizado no ano de 2008 em detrimento da disciplina Língua Brasileiro de Sinais do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa no Campus de Carauari da Universidade do Estado do Amazonas, no Estado do Amazonas. A pesquisa foi desenvolvida em três passos: o primeiro passo foi selecionar pessoas surdas que estavam estudando na educação básica, o segundo passo foi entrevistar o professor de língua portuguesa desse indivíduo e como terceiro e último passo foi entrevistar um membro da família responsável por essa pessoa. A pesquisa usou como metodologia de investigação a pesquisa etnográfica, como pesquisas semi-estruturadas e usou como instrumentos de coleta de dados câmeras fotográficas digitais na função filmadora. O ponto de vista da pesquisa foi a visão do outro sobre os aspectos investigados neste estudo, sendo esse outro o professor de Língua Portuguesa ou Alfabetizador e um membro de sua família.
RESULTADOS:
As pessoas surdas objeto de estudo variavam de seis a vinte e seus anos, estudando na Educação Básica Regular e uma no EJA noturno, sendo sete municipais e duas estaduais. Havia três estudando em sala especial e multiseriada. Dos seus professores apenas dois eram graduados em Letras e o restante em Pedagogia. Mais da metade pensavam nos seus alunos surdos quando faziam seus planos de aula e que utilizavam estratégias para como: uso de figuras, jogo de memória, fichas de palavras, e falar devagar para que eles lessem seus lábios. Acreditam no seu aprendizado do português e apontam a interpretação de texto como principal dificuldade. Os familiares entrevistados apenas um era pai, os outros eram mães, três deles alegaram que seus filhos ficaram surdos vitima de meningite, os outros nasceram assim e todos ficaram muito triste quando souberam que seus filhos não ouviriam. Apenas uma mãe não teve dificuldade de matricular seu filho na escola, mas também ela não informou no ato da matricula que seu filho era surdo. Todos os pais acham que seus filhos estão aprendendo na escola, embora eles acusando falta de formação e preparação. Eles criaram uma forma alternativa para se comunicar com seus filhos e que já ouviram falar da Língua Brasileira de Sinais, mas que nunca fizeram curso nenhum.
CONCLUSÃO:
A Educação de Surdos no município de Carauari, no Estado do Amazonas é bastante deficitária, embora se perceba casos isolados de sucesso por conta da determinação de alguns professores. Nunca houve no município cursos de didática e técnicas para alfabetização de surdos e muito menos de Língua Brasileira de Sinais. Apenas um professor no município foi enviado à capital para fazer um curso básico de Libras e ele é o professor especialista que trabalha na sala de recurso e apoio. O fato mais alarmante se refere ao nível de escolaridade dos surdos, todos param de estudar no quinto ano Educação Básica, ao investigarmos o motivo descobrimos que este fato deve-se a não aceitação de matriculas de surdos nas escolas estaduais. Na verdade, encontramos apenas uma aluna surda no ensino médio, mas ela ficou surda com doze anos, antes disso ela já era alfabetizada e dominava o português oral. Com relação aos familiares eles sofrem com a falta de informação e reclamam que não há, na cidade, profissionais de saúde e educação que possam identificar e dar uma educação de qualidade para seus filhos surdos, bem como a paca perspectiva profissional tornam suas existências um fardo pesado demais para eles carregarem.
Palavras-chave: Pessoas Surdas, Educação, Família.