61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional
INSERÇÃO INTERNACIONAL E ASSIMETRIAS LOCAIS: A DINÂMICA RECENTE DOS PRINCIPAIS PÓLOS EXPORTADORES NORDESTINOS
Thiago de Souza Oliveira 1
Andersonn Souza Gonçalves 1
Magali Alves Andrade 2
1. Universidade Federal de Sergipe
2. Universidade Federal da Bahia
INTRODUÇÃO:
A abertura comercial brasileira, que se intensificou na década de 1990, marcou a passagem de um país fechado, protetor da indústria doméstica e com saldo negativo na balança comercial para um país aberto, liberal e com bons resultados no que se diz respeito ao saldo das exportações e importações. Porém, esse processo de abertura foi feito de forma descontrolada e sem um prévio planejamento para inserção das microrregiões menos desenvolvidas. Apesar disso, uma ampla guerra fiscal foi observada no Nordeste nos anos 1990 no intuito de atrair indústrias para a região. Assim, muitas indústrias exportadoras deixaram de se localizar no Sul e Sudeste e passaram a procurar o Nordeste para suas instalações. As diferentes microrregiões nordestinas sofreram mudanças importantes, com uma tendência à concentração produtiva nas regiões que já possuíam algum tipo de vantagem comparativa, ampliando a concentração de investimentos e produção. No presente artigo, trabalha-se com a hipótese de que este processo tem aprofundado as diferenças locais e vem ampliando as desigualdades intra-regionais. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar os efeitos do processo de integração regional no qual o Brasil está inserido e entender de que maneira os subespaços regionais do nordeste vêm sendo afetados.
METODOLOGIA:
Primeiramente, partiu-se de uma ampla pesquisa teórica sobre os temas gerais e que serviu como base para a elaboração da revisão de literatura. Para isso, foram consultados vários artigos e sítios especializados sobre a temática da integração regional, em particular das modalidades de integração regional, dos diferentes efeitos produzidos por cada um desses processos sobre os subespaços nacionais e do desenvolvimento regional e local. Foi ainda levantado o material teórico relativo ao desempenho da economia nordestina e de suas microrregiões. Em seguida, partiu-se para a coleta e tratamento dos dados representativos do desenvolvimento regional do Nordeste, desagregando as informações em escala sub-regional e local, complementados com informações sobre o comércio exterior dos municípios. Para tanto, foram coletados dados dos mais distintos centros acadêmicos e de pesquisa nacional e regional especializados no assunto (IBGE, SECEX, IPEA, BNB, Universidades, entre outros). Assim sendo, foi construído um banco de dados contendo indicadores relativo ao desenvolvimento da região e subespaços regionais. Em seguida partiu-se para a sistematização e análise dos dados. Com base na documentação levantada foram elaborados relatórios parciais para subsidiarem na elaboração do artigo.
RESULTADOS:
Ao abrir sua economia, o Brasil e, particularmente, o Nordeste tiveram resultados importantes no que diz respeito a balança comercial e estrutura produtiva. Embora o governo tenha fornecido incentivos fiscais para a instalação de indústrias no Nordeste e, embora tenha existido uma leve desconcentração espacial das indústrias da região Sul e Sudeste, essas indústrias que se instalaram no Nordeste não foram capazes de transformar a realidade social da região. O saldo da balança comercial nordestina passou a ser superavitário em 2002 e cresce em taxas médias superiores à brasileira, mas esse aumento não foi capaz de gerar desenvolvimento econômico ao conjunto da região como defendem os teóricos do liberalismo. Os principais problemas enfrentados pela regiões alijadas do Nordeste é o baixo nível de atividade, a mão de obra desqualificada, a infra-estrutura incipiente, uma agropecuária frágil, a desestruturação dos segmentos exportadores tradicionais e de pólos com baixo grau de integração e lento processo de modernização. Em suma, observamos que as regiões que se inseriram no mercado mundial estão obtendo grandes benefícios, mas, em seu conjunto, o Nordeste acabou por sofrer um aumento nas desigualdades dentro da sua região, causado pela abertura não planejada.
CONCLUSÃO:
O Brasil passou por um processo de crescimento no saldo comercial nunca visto antes. Analisando a região Nordeste do Brasil, que sempre foi considerada uma área de extrema pobreza, observamos um crescimento ainda maior do que o apresentado pelo Brasil. Todavia, apesar dos indicadores nordestinos apontem para um crescimento da região acima da média nacional, ficou evidente com o trabalho que esse crescimento não pode ser atribuído ao conjunto da região, ficando concentrado em alguns municípios que conseguiram se inserir internacionalmente e/ou aumentar sua participação no comércio exterior. Como forma de superar essa desvantagem, as regiões mais atrasadas necessitariam de políticas que incrementem sua base tecnológica, através de políticas de desenvolvimento que favoreçam de forma mais pontual as localidades mais excluidas do processo de internacionalização. Sendo assim, é preciso repensar o modelo de integração no qual o país está inserido para que os benefícios que o Nordeste venha a obter não se resumam a programas sociais como o bolsa-família. É preciso ressaltar que crescimento não é desenvolvimento e que mesmo os municípios que conseguiram se inserir internacionalmente apresentam problemas de distribuição de renda, embora menos graves se comparada ao conjunto da região.
Instituição de Fomento: O presente trabalho foi realizado com apoio da FAPITEC/SE, Brasil.
Palavras-chave: Integração Regional, Nordeste, Desigualdade.