61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
ECOLOGIA PARASITÁRIA DO ARUANÃ, Osteoglossum bicirrhosum (CUVIER, 1829) (OSTEICHTHYES: OSTEOGLOSSIDAE) PROVENIENTES DE LAGOS DE VÁRZEA DO RIO SOLIMÕES NA REGIÃO DO GASODUTO COARI - MANAUS, AMAZONAS, BRASIL.
GILMARA BRITO LIMA 1
LARISSA SBEGHEN PELEGRINI 1
JOSÉ CELSO DE OLIVEIRA MALTA 1
ANGELA MARIA BEZERRA VARELLA 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA
INTRODUÇÃO:
O aruanã, Osteoglossum bicirrhosum, peixe da família Osteoglossidae, está distribuído nas bacias dos rios Amazonas, Orinoco, Rupununi e Essequibo, habitando águas pretas e florestas de várzea inundadas. Tolera baixos níveis de oxigênio na água, e são considerados predadores generalistas, realizando saltos fora da água para capturar presas arborícolas (insetos, aranhas e pequenos vertebrados). Sua importância comercial se destaca na pesca desportiva, ornamental, já que seus alevinos são exportados para todo o mundo, e como fonte de proteínas. O estudo da parasitologia de peixes é importante, pois permite levantar informações sobre as patologias que acometem os organismos aquáticos e possibilita o conhecimento de aspectos relativos ao habitat e a biologia de seus hospedeiros, já que estes são considerados os vertebrados mais parasitados por conta de sua história evolutiva e por estarem no ambiente aquático. A  parasitofauna do aruanã possui alta especificidade, e uma possível alteração do ambiente natural, como a adição de poluentes, refletiria nas populações naturais dos parasitas, pois são sensíveis a estas modificações. Objetivou-se estudar a fauna parasitária do O. bicirrhosum oriundos de seis lagos de várzea do Rio Solimões, na região da construção do gasoduto entre as cidades de Coari e Manaus.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas durante os meses de março (enchente), junho (cheia), setembro (vazante) e dezembro (seca) de 2007 com redes de espera de 20m de comprimento por 2m de altura e com tamanhos das malhas de 30 a 100 mm entre nós adjacentes. O tamanho das amostras não foi uniforme em cada período hidrológico. No campo os peixes foram examinados externamente à procura de ectoparasitas. Em seguida foram colocados em sacos plásticos, congelado à -18ºC e depois transportados para o Laboratório de Parasitologia de Peixes do INPA, em Manaus, onde foram congelados para posterior necropsia. Os parasitas encontrados foram coletados, fixados e armazenados conforme metodologia específica para cada grupo. E determinaram-se os índices parasitários para cada grupo ou espécie identificada. Foram analisados 20 exemplares de O. bicirrhosum que apresentaram comprimento total médio de 48,97 ± 6,97cm e o peso médio de 715,58 ± 282,32g.
RESULTADOS:

Todos os peixes analisados estavam parasitados por pelo menos um espécime de helminto. O número total de parasitas coletados foi de 8437 exemplares, incluídos em Monogenoidea (8426), presentes nas brânquias; Nematoda (10), presentes no estômago e intestino; e Digenea (1), parasitando excepcionalmente as brânquias. Todos os Monogenoidea pertenciam ao gênero Gonocleithrum sp, e os Digenea e Nematoda foram identificados como Caballerotrema aruanense e Camallanus acaudatus, respectivamente. As espécies de Monogenoidea foram as mais prevalentes (100%), com intensidade média e abundância de 421,3 parasitas por peixe. Já Nematoda e Digenea foram menos prevalentes, parasitando 25% e 5% dos hospedeiros analisados.

CONCLUSÃO:
As diferenças na presença do parasitismo entre os peixes de lagos diferentes ou entre os ciclos sazonais não foram evidentes, talvez pelo número pequeno de amostras obtidas em cada local. Os elevados índices de parasitismo (100% para Monogenoidea) observados nos aruanãs analisados indicaram que, na natureza, a incidência de parasitismo também pode ser bastante elevada, embora não seja uma tendência observada.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenv. Científico e Tecnológico/CNPq, Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia/PIATAM
Palavras-chave: Osteoglossum bicirrhosum, parasitas de peixe, Rio Solimões.