Copaíba é a designação mais empregada para as espécies do gênero Copaifera, fornecedoras do conhecido bálsamo ou óleo de copaíba. Há muito tempo sendo utilizado na medicina popular, o óleo de copaíba é encontrado em quase todas as feiras do país. Muito se tem estudado sobre os constituintes químicos do óleo de copaíba e do óleo essencial de suas folhas. A sua composição química encontra-se definida em vários trabalhos encontrados na literatura. Estas amostras são oriundas de árvores nativas, porém nenhum trabalho aborda os constituintes do óleo essencial de folhas de copaíba coletadas em plantios florestais homogêneos. Plantios florestais homogêneos experimentais caracterizam-se pelo estabelecimento adensado de árvores visando obter uma alta produtividade do produto final. A copaíba por ser uma árvore de uso múltiplo, o produto final pode ser o óleo ou a madeira.

Este trabalho teve como objetivo observara variabilidade dos constituintes químicos nas folhas de Copaifera multijuga Hayne de árvores oriundas de plantações homogêneas.

As folhas de Copaifera multijulga foram coletadas no período da manhã na área experimental da Embrapa Amazônia Ocidental, Rodovia AM 010, Manaus-Amazonas. As parcelas foram implantadas há quinze anos, sendo  aplicado 100g de fosfato triplo nas covas antes do plantio. Em cada parcela foram coletados dois indivíduos totalizando oito amostras em quatro parcelas. A extração do óleo essencial foi realizada pelo processo de hidrodestilação durante três horas em aparelho Clevenger. Após a hidrodestilação o hidrolato foi submetido à partição líquido-líquido com Pentano, em funil de separação, sendo este procedimento realizado por 3x. As amostras foram examinadas no sistema de cromatografia gasosa com espectrometria de massas (CG-EM) da Shimadzu mod. QP-2010 MS com coluna DB-5 (25m x 0,25 e filme 0,25 μm). Os espectros de massas foram comparados com as espectrotecas Wiley e Nist do próprio aparelho e com a literatura. Para a quantificação dos constituintes identificados, as amostras diluídas em n-hexano foram examinadas no sistema de cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG-DIC) da Shimadzu mod. QP-2010 com coluna DB-5 (25m x 0,25 e filme 0,25 μm).

O rendimento do óleo essencial das folhas após hidrodestilação variou de 0,1 à 0,3 %. Somente cinco das oito amostras coletadas foram analisadas por CG-EM e CG-DIC. A análise dos óleos essenciais por CG-EM e CG-DIC apresentou similaridade qualitativa, porém, diferenças quantitativas entre os compostos identificados. As amostras analisadas coletadas nas bordas das parcelas são B3.10 e E7.20, sendo as amostras C7.01, E7.04 e D3.80 coletadas nos centros das parcelas. A amostra C7.01 apresentou três constituintes majoritários: a-selineno (33,9%); b-elemeno (16,3%) e b-cariofileno (10,0%). O constituinte b-cariofileno foi o composto majoritário somente em uma amostra (E7.20) com 25,5% seguido pelo seu óxido com 13,7%. A amostra D3.08 apresentou o constituinte majoritário como b-cubebeno (24,7%), seguido pelo b-cariofileno (21,4%). O composto óxido de cariofileno foi o componente principal na amostra E7.04 com 24,7% da amostra seguido pelo b-cariofileno (18,2%). O constituinte β-selineno foi o composto majoritário na amostra B3.10 com 59,2% seguido por 7,59% de b-cariofileno. Entre as amostras coletadas na mesma parcela, a amostra E7.20 apresentou oito constituintes não observados na amostra E7.04, são eles: α-copaeno; β-gurjuneno; γ-muuroleno; γ-cadineno; cis-calameno; óxido de cariofileno; epi-cubenol e α-cadinol.

O rendimento do óleo essencial obtido a partir das folhas (0,1 a 0,3%) foi similar ao encontrado na literatura. A análise dos óleos essenciais mostrou variabilidade química quantitativa entre indivíduos entre as parcelas e entre indivíduos coletados em uma mesma parcela, demonstrando assim, a influência do fator genético para este caractere. A variabilidade quantitativa é bastante reportada em espécies de florestas nativas e os constituintes químicos identificados neste trabalho já se encontram descritos na literatura.