61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE TAMBAQUIS (Colossoma macropomum) EXPOSTOS AO PRAZIQUANTEL.
Kamila Oliveira dos Santos 1
Patrícia Oliveira Maciel 2
Elizabeth Gusmão Affonso 2
1. Universidade Federal do Amazonas - UFAM
2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
INTRODUÇÃO:
O tambaqui (Colossoma macropomum Cuvier 1818) é a espécie mais cultivada na região Norte. Apesar das características favoráveis para o cultivo do tambaqui, um dos problemas enfrentados pelos piscicultores é a falta de conhecimento técnico-científico sobre as questões sanitárias do cultivo desta espécie e a aplicação das boas práticas de manejo (BPM) que minimizem a influência dos agentes estressores na criação e, conseqüentemente, a ocorrência de enfermidades. A utilização de quimioterápicos para o controle de parasitos nas pisciculturas pode ser viável quando a dosagem correta do medicamento é usada e quando o peixe for exposto a um tempo tolerável a ação da substância. Contudo, o uso de medicamentos também é um agente estressor. O praziquantel é um quimioterápico utilizado no controle de doenças parasitárias e tem sido estudado em animais desde 1975, mostrando ser altamente eficaz tanto para mamíferos quanto para peixes. No entanto, existem poucas informações sobre o efeito secundário desse produto sobre os peixes. Dessa forma, objetivo deste estudo foi avaliar as respostas fisiológicas do tambaqui exposto a banhos de 24 horas com diferentes concentrações de praziquantel, por meio de índices hematológicos.
METODOLOGIA:

Os juvenis de tambaquis (31,59±7,37 g) foram transferidos para tanques de alvenaria, com sistema de aeração e fluxo de água contínuo, onde foram aclimatados por uma semana. Após isso, os peixes foram distribuídos aleatoriamente em caixas de PVC de 250 ml abastecidas com água de poço semi-artesiano, fluxo de água contínuo e aeração constante, onde permaneceram por 24 horas em jejum. Os banhos de longa duração (24 horas) foram realizados nas caixas de PVC, em sistema estático com soluções de praziquantel em 4 diferentes concentrações, em triplicata: 0 (controle); 12,5; 25 e 35 mg/L. Após o período de exposição, foram retirados seis peixes de cada tratamento para a coleta de sangue, o qual foi utilizado para a determinação do hematócrito (Ht), pelo método de microhematócrito; contagem de eritrócitos (RBC) em solução de Natt e Herrick (1952) e hemoglobinometria ([Hb]) pelo método da cianometahemoglobina. O volume corpuscular médio (VCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e a hemoglobina corpuscular média (HCM) foram calculados segundo Wintrobe (1934). A determinação da glicose plasmática e proteínas plasmáticas totais (PPT) foram feitas por método colorimétrico em espectrofotômetro. Foram acompanhados os parâmetros de qualidade da água durante o experimento.

RESULTADOS:

Com exceção dos valores de hematócrito e proteínas plasmáticas totais, foram observadas variações significativas (p<0,001) nos demais parâmetros sanguíneos dos tambaquis mantidos em concentrações acima de 25mg/L de praziquantel. Os parâmetros hematológicos dos peixes do controle (sem praziquantel) foram: Ht 43,0±8,0 %; RBC 1,64±0,15 células/uL; [Hb] 8,4±0,9 g/dL; HCM 52,28±2,01 %; CHCM 20,44±5,51 g/dL; VCM 261,30±42,88 fL; PPT 4,06±1,04 g/dL e glicose 63,70±18,58 mg/dL. A contagem de eritrócitos foi menor nos peixes expostos a 35 mg/L (1,33±0,20 células/uL), assim como os valores de CHCM (15,66±2,33 %) e HCM (48,14±4,12 g/dL). A concentração de hemoglobina diminuiu com o aumento das concentrações de praziquantel, cujos valores em 25 mg/L foi 7,3±1,6 g/dL e em 35 mg/L = 6,4±1,1 g/dL. O VCM aumentou nos peixes expostos a 35 mg/L (312,86±44,97 fL). Houve hiperglicemia nos peixes expostos a 25 mg/L (111,0±30,39 mg/dL) e 35 mg/L (152,7±41,45 mg/dL). Os parâmetros físicos e químicos da água dos tanques não apresentaram diferenças significativas (O2 dissolvido 4,40±0,86 mg/l; temperatura 27,41±0,14 °C; condutividade 21,55±1,45 µS/cm3; pH 5,33±0,31).

CONCLUSÃO:

Os resultados obtidos indicam que o praziquantel causa alterações hematológicas nos tambaquis. A concentração de 12,5 mg/L de praziquantel seria, a princípio, a concentração indicada para se testar a eficácia do praziquantel no tambaqui em banhos terapêuticos. Contudo, tanto para a menor concentração (12,5 mg/L) quanto para as maiores concentrações (25 e 35 mg/L) testadas, se faz necessário um acompanhamento dos parâmetros hematológicos dos peixes durante a recuperação ao produto, uma vez que as variações encontradas neste estudo podem ser restabelecidas pelos peixes.

 

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: peixes de cultivo, homeostase, hematologia.