61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE MANAUS/AMAZONAS/BRASIL
Dayana Abreu Crispim 1
Luciane da Silva Lima 1, 2
José Camilo Hurtado Guerrero 1, 3
1. Faculdade de Enfermagem da ESA/UEA
2. Prof. Esp. Orientadora
3. Prof. Dr. Co-orientador
INTRODUÇÃO:

A Educação em Saúde pode ser compreendida como um processo de conscientização e transformação das práticas cotidianas em prol da melhoria da qualidade de vida com base no diálogo, o qual é essencial para a promoção e manutenção da saúde. No entanto, muitas das Práticas Educativas desenvolvidas pelos enfermeiros mantêm um enfoque educativo/preventivo sem incorporar a compreensão dos fatores determinantes dos problemas de saúde ou, ainda, as necessidades e saberes da população sendo educada, restringindo-se simplesmente ao repasse verticalizado de informações. Posto que a Ação Educativa é um dos componentes da Atenção Básica em Saúde preconizada pelo Ministério da Saúde (MS), ela deve ser desenvolvida de forma horizontal pelos enfermeiros, onde os usuários do serviço participem ativamente, devendo esta prática estar inserida em todas as atividades, visando levar a população refletir sobre sua saúde, e adotar práticas para sua melhoria e manutenção. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a implementação de Ações Educativas pelos enfermeiros na promoção da saúde e prevenção de doenças das gestantes em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Manaus/Amazonas/Brasil.

 

METODOLOGIA:

O estudo caracterizou-se como uma pesquisa exploratória-descritiva com abordagem quali-quantitativa sendo desenvolvido na UBS e Pronto Atendimento Valério di Carlo, Manaus/Am. Foram entrevistadas 04 enfermeiras atuantes na Atenção Pré-Natal e 153 gestantes cadastradas pelo Programa na UBS. Os dados foram coletados utilizando-se dois roteiros de entrevista pré-elaborados e validados por uma pesquisa-piloto; um dos roteiros foi direcionado às enfermeiras e o outro às gestantes, contendo questões relacionadas ao desenvolvimento de Ações Educativas. A coleta dos dados ocorreu no período de Outubro a Novembro de 2008, sendo que, a pesquisa foi desenvolvida em dois momentos: primeiramente os dados foram coletados com as enfermeiras e após com as gestantes, através de entrevistas gravadas mediante consentimento aprovado pelo Comitê de Ética da UEA. Em seguida, as gravações foram transcritas e passaram a compor um banco de dados utilizando-se o Microsoft Office Word 2003 e os resultados foram apresentados por meio de narrativas extraídas dos discursos. Para a análise quantitativa, foi montado um banco de dados no Microsoft Office Excel 2003 e após foram analisados nos programas Microsoft Office Excel 2007 e Minitab 14.2. 

RESULTADOS:

O tempo de formação das enfermeiras foi de 5 a 17 anos, sendo que nenhuma possuía especialização em Educação em Saúde. Quanto às gestantes, 53% (n=81) tinham entre 18 e 25 anos, com renda familiar e escolaridade baixa, sendo que 38% (n=58) estavam no 3o trimestre de gestação e 35% (n=54) submeteram-se a uma consulta de Pré-Natal, não sendo alcançadas as metas estabelecidas pelo MS. Constatou-se divergência quanto às concepções sobre o tema, pois 50% das enfermeiras eram adeptas ao modelo tradicional, e as demais ao modelo dialógico, o qual possibilita adesão a hábitos que promovem a saúde de forma permanente. Quanto à freqüência, todas realizavam essas atividades diariamente, de forma individual durante as consultas e em sala de espera; ou mensalmente através de reuniões. Entretanto, as gestantes afirmaram que não há uma continuidade na realização dessas atividades durante o Pré-Natal, quebrando-se o vínculo de confiança e construção de conhecimento. Notou-se que não ocorria interação entre as enfermeiras para discussão e planejamento quanto às formas de desenvolver as Ações Educativas, contribuindo para uma Assistência Pré-Natal ineficaz. Dificuldades eram enfrentadas para a devida implementação das ações, destacando-se a falta de material didático e espaço físico adequado.

CONCLUSÃO:

Este estudo permitiu analisar a implementação de Ações Educativas que fazem parte da rotina adotada nos Serviços de Saúde, constatando-se que o desenvolvimento destas ações diverge entre os profissionais, pois metade das enfermeiras se fundamentava numa prática verticalizada considerando os clientes meros receptores de informações, e as demais são adeptas do modelo dialógico onde há troca de informações entre as partes envolvidas no processo de construção do conhecimento. As enfermeiras foram unânimes ao considerarem a Educação em Saúde uma ação importante sendo desenvolvidas de forma individual ou coletivamente, porém enfrentam dificuldades para executá-las. Portanto, concluiu-se que o segmento da Educação em Saúde é amplo e possui vários vieses que interferem no seu desenvolvimento na prática diária dos Serviços de Atenção Básica, sendo necessário implementar medidas para que a atenção integral seja prestada adequadamente, como a instrumentalização dos profissionais através de uma Especialização na área de Educação em Saúde, bem como a realização de reuniões internas para discussão das metodologias aplicadas e assuntos abordados, realizando também avaliação da Prática Educativa prestada à clientela, verificando assim o impacto das ações na qualidade de vida das gestantes.

Instituição de Fomento: Universidade do Estado do Amazonas - UEA
Palavras-chave: Educação em Saúde , Pré-Natal , Enfermagem.