61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
LEVANTAMENTO E ESTRUTURA TRÓFICA PRELIMINAR DOS ANELÍDEOS POLIQUETAS DE SUBSTRATO INCONSOLIDADO DA APA DO ARQUIPÉLAGO DE SANTANA, MACAÉ, RJ
Raphaela Ferreira Peixoto 1, 2
Aline da Cruz Barbosa 1, 2
Patricia Vera Aires Tavares 1, 2
Nathalia Moura Muzy Fuentes 1, 2
Christine Ruta 1, 2
1. NUPEM/UFRJ
2. SIEOB
INTRODUÇÃO:

A quase totalidade das espécies é bentônica marinha de vida livre ou sésseis, algumas toleram a água salobra e poucas a doce. Distribuem-se desde a zona de marés até grandes profundidades. Sob o ponto de vista do balanço energético, os poliquetas constituem uma fonte de alimento para muitos organismos e são excelentes bioindicadores. O conceito de "grupo funcional de alimentação" é mais amplo que o de "grupo trófico", pois interage com o tamanho e a composição da partícula de alimento, além de abranger os mecanismos envolvidos na apreensão e ingestão desse alimento e os padrões de movimentação associados à captura do alimento. A área estudada do presente trabalho localiza-se na Área de Proteção Ambiental de Santana, com o objetivo de resguardar o Parque Municipal do Arquipélago de Santana de impactos potenciais de atividades humanas, compatibilizando-as com a proteção do meio ambiente. Apesar de um plano de manejo estar implícito na criação de uma APA ou de um Parque Municipal, o conhecimento da biota desta região limita-se até o presente momento aos moluscos marinhos. A presente contribuição teve como principal objetivo verificar em escala os padrões de distribuição e os grupos tróficos dos poliquetas em substrato inconsolidado.

METODOLOGIA:

A área estudada localiza-se na região do entorno do Arquipélago de Santana (22º 24’ 33,4“ S / 041º 42’ 07,7” W). Foram amostradas um total de 14 estações de coletas utilizando um busca fundo do tipo Van Veen (0,05m2), entre 10 e 30m de profundidade, nos dias 14 e 15/01/2008, distribuídas aleatoriamente em pontos não eqüidistantes ao largo das ilhas e dos rochedos do Arquipélago. As amostras coletadas foram tamizadas em rede de malha (500µm), os organismos foram fixados em formol (4-10%) e posteriormente preservados em álcool 70%. Os organismos foram então identificados ao menor nível específico e foram calculados a riqueza de Margalef (d), com log na base 2, a equitabilidade de Pielou (J) e o índice de Shannon (H’) utilizando o programa Primer. Os táxons foram classificadoss segundo seu grupo funcional de alimentação e foi calculado o índice de importância trófica (IIT). Cada grupo funcional foi representado por uma sigla composta por três letras. A primeira letra se refere ao grupo trófico, a segunda letra se refere a mobilidade do animal e a terceira letra se refere as estruturas bucais envolvidas na alimentação.

RESULTADOS:

Foram coletados 261 indivíduos, distribuídos em 26 famílias, sendo Capitellidae, Maldanidae, Nereididae, Eunicidae, Spionidae, Chaetopteridae, Onuphidae, Syllidae e Lumbrineridae, as mais abundantes, e Chaetopterus varieopedatus, Kinbergonuphis difficillis e K. orensanzi as espécies mais representativas. A diversidade específica foi inversamente proporcional a profundidade. A equitabilidade não demonstrou diferença significativa entre as estações de coleta. Foram identificados dez grupos funcionais. A estação 1B apresentou os maiores valores de IIT. Os carnívoros foram o grupo trófico mais abundante, com valores altos de IIT em 12 estações. Os depositívoros de superfície foram importantes em profundidades menores e substratos mais grosseiros. Em fundos lamosos os depositívoros de subsuperfície e carnívoros tiveram IIT mais elevado. Já os depositívoros de superfície e os filtradores foram mais representativos no substrato colonizado por briozoários. Os herbívoros também estiveram presentes em substratos com briozoários, apresentando IIT menor. Em relação aos grupos funcionais, foram os carnívoros móveis que apresentaram IIT mais elevado em todas as estações, especialmente na 9B, caracterizada por um substrato lamoso e por K. difficillis e K. orensanzi.  

CONCLUSÃO:
As espécies e as associações de espécies encontradas indicam para região elevada diversidade e heterogeneidade, dentro da taxocenose dos anelídeos poliquetas. Foram identificadas um total de 26 famílias, sendo Chaetopteridae e Onuphidae as mais abundantes. Os carnívoros formam o grupo trófico mais abundante e também apresentaram o maior índice de importância trófica (IIT) na maioria das estações. Os depositívoros de superfície foram representativos em profundidades menores, com substratos mais grosseiros. Em fundos com sedimento lamoso os depositívoros de subsuperfície e carnívoros tiveram o IIT mais elevado, sendo os carnívoros mais importantes neste substrato.
Instituição de Fomento: APQ1/FAPERJ, TEC-AMB/MCT/FINEP/PETROBRAS, PIBIC/CNPq, FUNEMAC
Palavras-chave: Estrutura trófica, Distribuição, Polychaeta.