61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
A PERCEPÇÃO DAS CRIANÇAS SOBRE A DIVERSIDADE E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS FRUTEIRAS NO ALTO SOLIMÕES, AM
Antonia Ivanilce Castro da Silva 1, 3
Hiroshi Noda 2, 3
Sandra do Nascimento Noda 1, 3, 4
Maria Dolores Souza Braga 3, 4
Jucélia Oliveira Vidal 3
Dirceu da Silva Dácio 1, 3
1. Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia
2. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
3. Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos Amazônico
4. Universidade Federal do Amazonas
INTRODUÇÃO:
A evolução de paisagens é resultante da dinâmica de ocupação humana dos espaços, como aquela ocorrida na transformação da uma paisagem natural em um sistema agroflorestal. A presença das espécies frutíferas, nas unidades agroflorestais de produção vem contribuindo consideravelmente na disponibilidade de alimentos durante todo ano para os agricultores familiares. A investigação participativa com crianças sobre os componentes do sistema de produção agroflorestal podem revelar informações importantes sobre a percepção, representação e comportamento em relação ao ambiente em que vivem. O presente estudo visou à análise da percepção das crianças sobre a diversidade e a distribuição espacial das fruteiras nos componentes dos sistemas de produção em ecossistemas de várzea e terra firme do município de Benjamin Constant-Am.
METODOLOGIA:
O estudo desenvolveu-se em ecossistemas várzea, na comunidade de Novo Paraíso (4°19’30”S e 69°59’04”W) e ecossistema de terra firme na comunidade Nova Aliança (4º21’00”S e 69º36’27”W) do município de Benjamin Constant, Amazonas. A compreensão da percepção dos saberes nas comunidades processou-se mediante diversos processos de dialogicidade com 38 estudantes de 1 a 4ª série em Novo Paraíso, por se tratar de uma única turma (multiseriado) e de 1 a 2ª série em Nova Aliança, com faixa etária de 6 a 14 anos. Os instrumentos para coleta de dados consistiram em desenhos cognitivos, redações, relatos orais e roteiro de entrevista para a identificação das espécies frutíferas e suas respectivas unidades de paisagem.
RESULTADOS:
Evidenciou-se a existência de um forte elo afetivo ligando as crianças ao ambiente em que vivem. As unidades de paisagem e os componentes do sistema produtivo identificados em Novo Paraíso foram: terreiro/quintal/sítio (sítio), roça, capoeira (componentes) restingas (paisagem). Enquanto, que em Nova Aliança foram: sítio, roça, capoeira (componentes), “ilha”, mata (paisagens). Na Comunidade Nova Aliança identificou-se 43 espécies frutíferas, sendo 38 no sítio, 27 na capoeira, 15 na roça, 9 na mata e 5 na ilha. Em Novo Paraíso: total de 29 espécies, sendo 17 no sítio, 4 na capoeira, 11 na roça e 4 na restinga. Apesar de Novo Paraíso apresentar uma menor diversidade de espécies frutíferas, pelo fato de localizarem-se no ambiente de várzea, não implica na oferta de frutos. Outro fator que indica a conservação e o manejo é a presença de espécies que estão em processo de domesticação como açaí-solteiro (Euterpe precatoria), abiu (Pouteria caimito), macambo (Theobroma bicolor), mapati (Pourouma cecropiifolia) e sapota (Quararibea cordata) no componente sítio.
CONCLUSÃO:
Os resultados demonstraram conhecimento das crianças em relação não somente ao componente sítio que se localiza ao redor das moradias, mas demonstram conhecimento sobre o ambiente como todo, inclusive às espécies que são coletadas na mata. A diversidade de espécies vem sendo utilizada como estratégia de segurança alimentar para os agricultores familiares.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Alto Solimões, Diversidade de fruteiras.