O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil em extensão territorial. Comparando com a biodiversidade das demais savanas tropicais do mundo, o Cerrado brasileiro é o bioma mais rico em biodiversidade. Cerca de oito mil espécies de mariposas foram registradas para o Cerrado brasileiro. Embora os esfingídeos estejam bem representados numericamente para o Neotrópico e Brasil, com respectivamente, 410 e 210 espécies, para o Cerrado brasileiro estão listadas apenas 77 espécies ou 36, 5 % da esfingofauna até então catalogada no Brasil, o que demonstra ser um grupo pouco investigado sob o aspecto taxonômico. O presente estudo teve como objetivo catalogar a esfingofauna em duas áreas de conservação do estado do Maranhão, ambas inseridas no bioma Cerrado e, por conseguinte fornecer informações à comunidade em geral bem como aos órgãos ligados à conservação (IBAMA, SEMA, entre outros). Os dados do presente estudo servirão para orientar a adoção de políticas públicas voltadas para a preservação das áreas inventariadas e divulgar a diversidade de espécies de esfingídeos do Cerrado maranhense.

O presente estudo foi realizado em duas áreas de conservação do estado do Maranhão: Reserva Ecológica do Inhamum (REI) e Parque Estadual do Mirador (PEM), ambas pertencentes ao bioma Cerrado. A REI está localizada no município de Caxias, possui uma área de aproximadamente 3.560 hectares. O Parque Estadual do Mirador pertence ao município de mesmo nome e, possui área estimada em 433.000 hectares; sua dimensão territorial o torna uma das maiores áreas de conservação do estado do Maranhão. Este estudo foi realizado entre de maio/2005 e outubro/2008. Para atrair as mariposas foram utilizadas armadilhas tipo luminosa, compostas por um lençol branco e uma lâmpada vapor de mercúrio de 250 watts. Os espécimes foram sacrificados com injeção de amônia, na face ventral, entre o tórax e o abdome. No Parque Estadual do Mirador as coletas ocorreram bimestralmente em cinco noites consecutivas, enquanto para a Reserva Ecológica do Inhamum estas foram realizadas mensalmente. Todos os espécimes coletados estão depositados na Coleção Zoológica do Maranhão – CZMA/UEMA.

Foram coletados 1342 espécimes representados por 50 espécies distribuídas em 23 gêneros, três subfamílias, seis tribos e duas subtribos de Sphingidae. Dos 1342 espécimes, 499 (37,18%) foram coletados na REI, representados por 39 espécies; enquanto que no PEM foram coletados 843 espécimes (62,82%) pertencentes a 43 espécies. Trinta e duas espécies tiveram registros comuns para ambas as áreas de estudos, sete foram registradas exclusivamente para a REI e 11 com registro exclusivo para o PEM. Callionima parce (Fabricius 1775), Erinnyis ello ello (Linnaeus 1758), Enyo ocypete (Linnaeus 1758), Neogenes dynaeus (Hübner 1827-1831) e Xylophanes tersa tersa (Linnaeus 1777) Foram as espécies mais abundantes com, respectivamente, por 12,6%, 12,0%, 11,0%, 9,5% e 8,0%. Nove espécies registradas no presente estudo são exclusivas do Cerrado maranhense, sendo que cinco dessas corroboram registros anteriores: Cocytius duponchel (Poey, 1832), Erinnyis lassauxii (Boisduval, 1859), Eumorpha vitis vitis (Linnaeus, 1758), Unzela japyx japyx (Cramer, 1776) e Xylophanes schausi schausi (Rothschild, 1894); enquanto quatro são novos registros para o Cerrado brasileiro: Aleuron iphis (Walker, 1856), Callionima innus Rothschild & Jordan, 1903, Erinnyis domingonis (Butler, 1875) e Xylophanes porcus (Hubner, 1824).