Esta pesquisa objetiva compreender os fundamentos teórico-metodológicos que orientam e fundamentam a prática de Educação do Campo. Neste sentido, a relevância deste projeto encontra-se em pensar uma educação do campo voltada para a realidade amazônica e esta atitude requer refletir sobre sua fundamentação teórico-metodológica para propor alternativas vinculadas à realidade das comunidades do campo. Neste sentido, busca-se entender a Educação do Campo através do diálogo com a teoria pedagógica e, mais amplamente, com a formação humana. Durante o desenvolvimento desta pesquisa foram levantadas as seguintes questões norteadoras: Quais os fundamentos teórico-metodológicos que orientam e fundamentam a prática de educação do campo? Quais as diretrizes epistemológicas e filosóficas presentes na educação do campo?

A partir da análise das referencias bibliográficas foi possível compreender que os fundamentos metodológicos que orientam e fundamentam a educação do campo são: A Pedagogia da Alternância, a Pedagogia do Movimento e a Escola Ativa. A Pedagogia da Alternância consiste numa “metodologia de organização do ensino escolar que conjuga diferentes experiências formativas distribuídas ao longo de tempos e espaços distintos, tendo como finalidade uma formação profissional” (Teixeira; Bernartt; Trindade, 2008). A Pedagogia do Movimento busca organizar o trabalho pedagógico por Temas Geradores organiza-se, predominante como orientação às práticas das escolas situadas nos princípios político-pedagógicos emancipatórios (Freire, 1991) e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (Caldart, 1999), que buscam superar os limites do modo como o currículo escolar se organiza e se constitui historicamente na escola, pelas divisões das tarefas entre os educadores. A Escola Ativa é uma metodologia de ensino, voltada para gestão de classes multisseriadas que combina, na sala de aula, uma série de elementos e de instrumentos de caráter pedagógico/administrativo, cuja implementação objetiva aumentar a qualidade do ensino oferecido nas escolas do campo.

A análise dos resultados revelou que a Pedagogia da Alternância começou a tomar forma em 1935 a partir dos agricultores franceses, já a experiência brasileira com a Pedagogia da Alternância começou em 1969 no estado do Espírito Santo, onde foram construídas as três primeiras Escolas Famílias Agrícolas. Não obstante, decorridos mais de 40 anos de sua implantação no país, essa proposta pedagógica ainda é discutida com pouca ênfase em nosso meio acadêmico. A Pedagogia do Movimento ao decidir pela seleção, forma de organização e distribuição dos conhecimentos com as comunidades definindo sua própria caminhada de opção teórico-metodológica transformadora, envolvendo suas discussões nas opções de concepção de homem, de sociedade e de educação, faz uma opção política, compreendida como possível e necessária de se materializar na seleção do que e como ensinar, pela comunidade e pela escola, como forma de contribuir na transformação de uma realidade social, a partir da práxis dialógica. Já as concepções que fundamentam a aprendizagem ativa estão centradas no aluno e no professor privilegiando a avaliação continua e no processo; a recuperação paralela; a promoção flexível e a periodicidade de cursos de formação para professores e pedagogos, contudo, esta metodologia também traz inúmeros equívocos, visto que as escolas do campo necessitam, além de mudanças metodológicas, mudanças estruturais.