61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica
AVALIAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS USADOS (OVU) PARA OBTENÇÃO DE BIODIESEL  
Luciana Araújo Xavier 1, 2
Adriana Flach 1, 2
Luiz Antonio Mendonça Alves da Costa 1, 2, 3
1. Departamento de Química/ Universidade Federal de Roraima (UFRR)
2. Núcleo de Pesquisas Energéticas / Universidade Federal de Roraima (UFRR)
3. Prof. Dr. / Orientador
INTRODUÇÃO:
A extensa utilização de óleos vegetais usados em processos de fritura produz uma significativa quantidade de óleos residuais que contêm produtos de degradação destes óleos, tornando-os inviáveis ao consumo, por representarem riscos à saúde, devido suas características antinutricionais. Estes óleos representam um tipo de resíduo que geram problemas ambientais associados ao seu descarte inadequado, tendo como destino o sistema de esgoto ou lençóis freáticos, contaminando rios e oceanos, prejudicando o meio ambiente. O biodiesel obtido apartir de óleos residuais representa uma alternativa para redução destes resíduos ao meio ambiente, sendo também uma fonte alternativa de energia, que apresenta inúmeras vantagens, diminui a emissão de gases poluentes, é inseto de enxofre, podendo ser utilizado diretamente nos motores sem modificação dos mesmos. Objetivou-se avaliar as alterações de OVU, focalizando-se na determinação da acidez e umidade, pois estes fatores afetam significativamente no rendimento da reação para a obtenção de biodiesel podendo dificultar na separação da glicerina e ocorrência de saponificação. Além disso, avaliou-se a clarificação destes óleos, com o objetivo principal de diminuir a pigmentação obtida através da oxidação dos óleos e obter um óleo mais límpido.
METODOLOGIA:

No trabalho em questão foram analisadas cinco amostras: Amostra A (óleo obtido em lanchonete), amostra B (óleo obtido em empresa especializado em fritura de salgados congelados), amostra C (óleo obtido de restaurante especializado em fritura de peixe), amostra D (óleo obtido de restaurante Self-Service) e amostra E (óleo refinado). As análises de acidez e umidade basearam-se nas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Uma alíquota de cada amostra foi dissolvida em uma solução de éter etílico-álcool etílico na proporção de 2:1. Adicionou-se duas gotas de fenolftaleína como indicador, titulou-se com uma solução de hidróxido de sódio 0,1N até obter uma coloração rósea indicando o ponto de viragem. Este procedimento foi realizado em triplicata, calculou-se a acidez. Para determinação da umidade foram transferidas para vidros de relógio alíquotas das amostras de óleos usados e levadas para uma estufa à 60ºC com circulação de ar, onde permaneceu até que sua massa permanecesse constante. Anotou-se a variação de massa e calculou sua umidade. Para o processo de clarificação, 10 mL de cada óleo foi aquecida e então colocada em um funil de Buchnner com papel de filtro e uma camada de carvão ativo procedendo esta filtração sob vácuo.

RESULTADOS:

Observou-se que os óleos submetidos ao processo de fritura apresentaram uma maior acidez em comparação com o óleo refinado comercial. As amostras de óleos usados (amostras A, B, C e D) possuíam uma acidez de 0,445,  0,300, 0,200 e 0,153, respectivamente, e da amostra E (óleo refinado) possuía uma acidez de 0,144. Isso se deve ao fato destes óleos terem sido submetidos a altas temperaturas por longos períodos, entrando em contato com ar e água, sofrendo hidrólise, liberando ácidos graxos e acarretando no aumento de sua acidez. Em relação à umidade, obteve-se das amostras (A, B, C e D), 4,39%, 18,94%, 0,46% e 0,31%, respectivamente. Esta variação se deve ao fato de os óleos usados terem sidos coletados em locais com atividades diferentes de fritura, portanto, a umidade varia de acordo com o alimento a ser frito (fresco ou congelado) e quantidade de vezes que é submetido à fritura. Na clarificação utilizou-se apenas a amostra A que visualmente obtinha uma coloração mais escura, como resultado pode-se observar uma diminuição na pigmentação do óleo submetido à clarificação com carvão ativo, obtendo-se um óleo comparável ao óleo refinado.

CONCLUSÃO:
Portanto, conclui-se que apesar do aumento da acidez dos óleos usados apresentados neste trabalho, este índice é aceitável na produção do biodiesel não ocasionando maiores problemas no rendimento da reação. Em relação à umidade, torna-se necessário a realização de estudos sobre métodos de desumidificação, pois houve uma significativa diferença nos resultados obtidos, sendo que a presença de água, mesmo em pequenas quantidades, ocasiona um baixo rendimento na reação de transesterificação, portanto o óleo utilizado para a produção de biodiesel deve ser isento de água. A clarificação dos óleos foi bem sucedida mostrando que o carvão ativo é eficiente para este fim, proporcionando uma diminuição na pigmentação do biodiesel produzido apartir destes óleos clarificados, dando uma aparência de maior qualidade e sendo assim aceitável pela agência nacional do petróleo (ANP).
Instituição de Fomento: CNPq/PIBIC/ELETRONORTE
Palavras-chave: biodiesel, óleos de frituras, acidez.