61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
ATIVIDADE DE PROTEASE, QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO LÁTEX DE Brosimum parinarioides
Rosana Antunes Palheta 1
Lorisa Simas Teixeira 2
Maria Francisca Simas Teixeira 3
1. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Diversidade Biológica da UFAM
2. Nutricionista Pós Graduanda de Nutrição Clinica e Metabolismo - UNINORTE
3. Professora Orientadora da UFAM - Coleção de Cultura DPUA/ICB, Manaus, Brasil.
INTRODUÇÃO:

Brosimum parinarioides Ducke conhecido na Amazônia como amapazeiro é uma espécie arbórea com 35 a 40 metros de altura que ocorre em áreas de floresta de terra firme e várzea. O caule do amapazeiro possui canais laticíferos que produzem o látex, uma complexa mistura de moléculas composta de açúcares, gomas, alcalóides, óleos essenciais e proteínas - dentre estas as enzimas proteolíticas. Trata-se de um vegetal com potencial medicinal e apreciado pelas comunidades rurais como leite vegetal, substituindo o leite bovino na alimentação humana. Estudos recentes na área de farmacologia comprovaram no látex, a presença de alcalóides, antraquinonas, derivados de cumarina, purinas, esteróides e triterpenóides, sendo todos esses compostos associados a diferentes tipos de aplicações farmacológicas (ação antiinflamatória, atuando principalmente no trato respiratório e como fortificante). Assim, acredita-se que o látex de B. parinarioides seja um potencial produto da Amazônia para aplicação em processos industriais, sendo necessária a realização de estudos relacionados à presença de enzimas e atividade antioxidante. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica, a atividade de protease e atividade antioxidante do látex de B. parinarioides.

METODOLOGIA:

Amostras do látex de B. parinarioides foram coletadas na área de floresta da UFAM utilizando-se dois métodos de assepsia, em seguida foram submetidas às análises de determinação da qualidade microbiológica, atividade de protease e atividade antioxidante. A qualidade microbiológica realizada seguiu os critérios descritos na Resolução RDC 12 de 2001. Bactérias aeróbias mesófilos, fungos filamentosos, Contagem de coliformes totais e Escherichia coli foram os microrganismos investigados.

A atividade de protease (U.mL-1) foi determinada utilizando-se azocaseina 1% (p/v) como substrato em tampão tris-HCl 0,2M pH 7.2. A reação foi mantida por uma hora, a 25 oC, na ausência de luz. Em seguida adicionou-se ácido tricloroacético 10% (p/v), a centrifugação a 8000xg e adição de  NaOH. neutralizante e a absorvância lida a 440nm. As análises foram feitas em triplicata. Os extratos hexano, metanol e acetato, em quatro concentrações (100 µg.mL-1, 150 µg.mL-1, 200 µg.mL-1 e 250 µg.mL-1) foram utilizados para a determinação da atividade antioxidante pela atividade sequestradora do radical livre (DPPH). A determinação da atividade antioxidante foi realizada a 517nm e expressa em porcentagem de antioxidante (%AA).

RESULTADOS:

Em relação à qualidade microbiológica, o látex do amapazeiro não apresentou contaminação por microrganismos, esses resultados mostraram que os métodos de assepsia utilizados foram eficientes no controle microbiológico de bactérias e fungos filamentosos revelando que a utilização de assepsia no ato da coleta torna-se condição importante para manter o látex vegetal dentro dos parâmetros exigidos pela legislação sanitária brasileira. Em relação à atividade proteolítica, a média do quantitativo de quatro espécimes foi de 1.111,3 U.mL-1, valor 80 vezes maior que o quantitativo da atividade de protease encontrada no látex de Ficus racemosa. Trabalhos recentes sugerem que a presença de certas enzimas proteolíticas em látex está relacionada com mecanismo de defesa dos vegetais. Além disso, trata-se de um produto nativo da Amazônia com atividade antioxidante nos extratos analisados. A maior atividade antioxidante foi observada no extrato Hexano (AA = 3100 %), seguido do extrato de acetato de etila (3000%) e metanol (2000%), na concentração 250 µg.mL-1.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que os métodos de assepsia utilizados foram eficazes para o controle da qualidade microbiológica do látex, assim como se verificou que as proteases oriundas desse produto têm aplicação biotecnológica. Além de mostrar potencialidade para utilização como alimento nutracêutico devido apresentar antioxidante.

Instituição de Fomento: FAPEAM, CAPES, CNPq, UFAM
Palavras-chave: Proteases, Microrganismos, Amapá-doce.