61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
MORTALIDADE DE ÁRVORES ANELADAS EM TRATAMENTO SILVICULTURAL EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME NA REGIÃO DE PARAGOMINAS, PA  
Roberto Wagner Cabral Batista 1
João Olegário Pereira de Carvalho 2
Marcela Gomes da Silva 3
Deusa Nara Viana Nobre 4
Jaqueline Macêdo Gomes 6
Josué Evandro Ribeiro Ferreira 5
1. Discente do curso de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia
2. Eng. Florestal PhD., Embrapa Amazônia Oriental - Orientador
3. Eng. Florestal MSc., Universidade Federal Rural da Amazônia
4. Eng. Florestal BSc., Bolsista CNPq
5. Eng. Florestal BSc., Cikel Brasil Verde Madeiras
6. Discente do curso de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia
INTRODUÇÃO:

Em todo o globo terrestre, as florestas tropicais úmidas são caracterizadas, especialmente pela alta diversidade, favorecendo grande quantidade e variedade de produtos, principalmente madeireiros. Outra característica da floresta é o fato de uma grande parte (aproximadamente 45%) das espécies arbóreas ocorrerem em baixíssima densidade, com menos de um indivíduo por hectare. Alguns métodos de tratamentos silviculturais podem ser utilizados para aumentar a densidade das espécies selecionadas para serem beneficiadas, além de favorecer o crescimento. Os tratamentos silviculturais aumentam significativamente o crescimento das árvores em florestas tropicais. pesquisas têm mostrado que o crescimento pode ser duplicado em relação à floresta não-explorada. A anelagem é conhecida como um método mais tradicional de eliminar árvores sem derruba. Consiste em retirar a casca e entrecasca da árvore em redor do fuste, provocando uma descontinuidade nos elementos e interrompendo o transporte de metabólitos. A anelagem é uma das técnicas silviculturais que visa à eliminação de árvores indesejáveis e é empregada para propiciar maior penetração de luz na floresta e reduzir a concorrência por nutrientes.

 

METODOLOGIA:

O estudo está sendo realizado em 700 ha de floresta na Fazenda Rio Capim, que pertence a Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda. localizada no município de Paragominas - PA, distante 320 km de Belém. A área experimental sofreu exploração de impacto reduzido em 2004. No final desse ano e início de 2005 foram instalados os tratamentos silviculturais, que constaram de anelagem de árvores com DAP (diâmetro a 1,30m do solo) igual ou maior que 35cm, corte de cipós feitos nas árvores reservadas para as próximas colheitas, e plantios de enriquecimento em clareiras oriundas da exploração florestal, com mudas de espécies de rápido crescimento, cuja madeira tem alto valor comercial. No presente estudo foi avaliada apenas a mortalidade de 100 árvores aneladas, em quatro repetições de 25ha cada uma, totalizando 100ha. A primeira avaliação foi realizada no final de 2005 e início de 2006 (12 meses após a anelagem), e a segunda foi no final de 2007 (37 meses após a anelagem). Na análise dos dados foram consideradas três classes de DAP: Classe I – DAP de 35cm a 49cm; II – DAP de 50cm a 69cm; e III - DAP de 70cm e acima. As 100 árvores aneladas foram assim distribuídas nas três classes diamétricas: 54 na classe I; 29 na II; e 17 na III.

RESULTADOS:

Até aos 12 meses após a anelagem, morreram 26% das árvores aneladas e no período de 12 meses até 37 meses após a anelagem morreram mais 47%, totalizando 73% no período total de estudo. Dos 26% que morreram nos primeiros 12 meses, 14% pertenciam à Classe I, 8% a II e 4% a III. Resultado semelhante ocorreu no período seguinte, ou seja, dos 12 aos 37 meses após a anelagem, quando a mortalidade foi de 24% na Classe I, 13% na II e 10% na III. Portanto, dos 73% de indivíduos mortos pela anelagem em todo o período, 38% pertenciam à Classe I, 21% à Classe II e apenas 14% à Classe III. Algumas árvores reagiram ao tratamento e regeneraram sua casca, juntando as partes superior e inferior do anel, na tentativa de sobreviver. Os resultados do presente estudos eram esperados, ou seja, que até 25% das árvores aneladas morressem no primeiro ano, mais 50% do segundo ao terceiro e espera-se mais 15% até o quinto ano. Provavelmente, cerca de 10% das árvores aneladas vão resistir ou levar mais de cinco anos para morrer, pois há experimentos na Amazônia em que árvores de determinadas espécies não morreram com a anelagem. Porém, se a técnica for aplicada corretamente, ainda que leve um pouco mais de tempo e eleve os custos, o resultado desejado vem com maior eficiência e em menor espaço de tempo.

CONCLUSÃO:

Maior mortalidade foi verificada nos indivíduos mais jovens, contradizendo alguns estudos realizados na Amazônia e em outras florestas tropicais, onde as árvores das classes de tamanho maiores foram mais suscetíveis à anelagem. Os resultados mostraram que a anelagem, quando bem aplicada, é eficiente em qualquer tamanho de árvore e para qualquer espécie, portanto não havendo a necessidade de aplicação de produtos químicos para envenenar as árvores. Com isso, aplicando-se apenas a anelagem, sem produtos químicos, os custos são bem menores e não há o risco de contaminação do meio ambiente. Há, entretanto, a necessidade de se realizarem mais estudos sobre a silvicultura pós-colheita, principalmente para se conhecer as famílias ou grupos de espécies que são mais suscetíveis ou mais resistentes à anelagem.

 

 

 

 

 

Instituição de Fomento: : Embrapa, CNPq, UFRA, Cikel.
Palavras-chave: Tratamento Silvicultural, Anelagem de árvores, Manejo florestal .