61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral
INTERAÇÃO DE FRAÇÕES PROTEICAS DE Chromobacterium violaceum COM ESPOROS DE Colletotrichum sp. isolado de guaranazeiro
Paula Cristina da Silva Angelo 1
Adriana Sotero-Martins 2
Antonia Maria Ramos Franco 3
José Clério Rezende Pereira 1
José Cristino Araújo 1
Jorge Luis López Lozano 4
1. Pesquisadores, Embrapa Amazônia Ocidental
2. Pesquisadora, Fundação Oswaldo Cruz
3. Pesquisadora, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
4. Pesquisador, Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
INTRODUÇÃO:

Chromobacterium violaceum é uma bactéria de vida livre presente em ecossistemas tropicais e subtropicais, que é abundante nas margens do Rio Negro, e tem sido estudada no Brasil nos últimos trinta anos. O genoma completo da bactéria foi sequenciado e anotado e as sequências estão disponíveis para consulta pública no GenBank (Brazilian National Genome Project Consortium, 2003). Entre os produtos do metabolismo da C. violaceum que apresentam atividade anti-microbiológica (Duran & Menck, 2000; Matz et al., 2004), estão a violaceína, que não é difusível, e quitinases, ambas expressas em resposta ao mesmo mecanismo de quorum sensing (Chernin et al., 1998). A atividade de quitinases sobre o micélio de Colletotrichum gloesporioides foi demonstrada (Sandhya et al., 2005). Além de violaceína e quitinases, podem existir outras proteínas e peptídeos expressos pela bactéria que apresentem atividade antifúngica. O objetivo deste trabalho foi testar extratos proteicos de C. violaceum fracionados por diferenças de solubilidade dos seus componentes quanto à atividade inibitória da protrusão de hifas de Colletotrichum sp. isolado de folhas de guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis) com sintomas de antracnose, principal doença dos guaranazais no Amazonas.

METODOLOGIA:

Os esporos de Colletotrichum sp. foram fornecidos pelo Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM). O cultivo de C. violaceum, cepa ATCC12472, em meio M9 (meio mínimo, Sambrook et al., 1989). A extração, que incluiu procedimento para eliminar a violaceína das amostras, e o fracionamento por solubilidade das proteínas (ptns) foram realizados nos laboratórios da FIOCRUZ. Foram testadas frações hidrofílicas, sendo: A – ptns intracelulares e B – ptns extracelulares, recolhidas do meio após o cultivo. Os tratamentos de interação com os esporos foram:

 

T1: 300 mg de ptns da fração A, por 6 h

T2: 1200 mg de ptns da fração A, por 6 h

T4: 300 mg de ptns da fração B, por 6 h

T5: 1200 mg de ptns da fração B, por 6 h

T7: 400 mg de ptns da fração A, por 4 h

T8: 1600 mg de ptns da fração A, por 4 h

T10: 400 mg de ptns da fração B, por 4 h

T11: 1600 mg de ptns da fração B, por 4 h

 

Os tratamentos 3, 6, 9 e 12 foram controles (esporos sem interação com ptns). A temperatura de 28 oC foi mantida durante a interação. A variável analisada foi a razão entre o número de esporos para os quais foi observada a protrusão de hifas, passadas duas, quatro ou seis horas de interação com as frações protéicas, dividido pelo número total de esporos contados por campo. A contagem dos esporos foi realizada ao microscópio, utilizando aumento de 40X e os campos de observação foram tomados como repetições. Para análise foi utilizado o teste Z para proporções (Fox et al., 1985), a 5% de probabilidade.

RESULTADOS:

Não foi observada germinação de esporos nas primeiras duas horas, sob qualquer condição. A fração intracelular apresentou maior atividade de inibição de germinação dos esporos do que a fração extracelular. Da fração A (intracelular), 300 e 1200 μg de proteínas, em interação por 6 h, diferiram significativamente e 1200 μg foram mais efetivos do que 300 μg quanto à inibição da germinação dos esporos de Colletotrichum. Uma vez que os resultados obtidos usando 400 μg não diferiram dos obtidos com 1600 μg, em interação por 4 h, é provável que a partir de 400 μg o componente ativo desta fração proteica seja efetivo independente do tempo de reação. A atividade antagônica da fração B (extracelular) só diferiu do controle quando observada por 4 h de experimentação. Os 400 μg das proteínas da fração B inibiram a germinação de uma proporção maior de esporos de Colletotrichum do que 1200 μg durante um tempo maior (6 h) de interação. Uma hipótese para explicar estes resultados é que a atividade das proteínas presentes nesta fração reduziu-se ao longo do tempo de observação e perdeu-se na avaliação de 6 h. Não houve diferença entre as duas quantidades das proteínas da fração B utilizadas nos experimentos com duração de 6 h.

CONCLUSÃO:

Existem componentes/especimens proteicos capazes de inibir a germinação de esporos de Colletotrichum sp. isolado de plantas de guaranazeiro tanto entre as proteínas hidrofílicas intracelulares quanto extracelulares encontradas no meio M9 colonizado por Chromobacterium violaceum.  

Agradecimentos: ao Técnico do Laboratório de Biologia Molecular da Embrapa Amazônia Ocidental, Jeferson Chagas da Cruz, que realizou a contagem dos esporos.

Instituição de Fomento: FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas
Palavras-chave: guaraná, antracnose, Amaônia.