61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 3. Endodontia
IPOMOEA BATATAS: CAPACIDADE EMOLIENTE IN VIVO E ABSORÇÃO IN VITRO
Wesley Fernando Ferrari 1
Eduardo Augusto Galbiatti Muncinelli 1
Mauro Luciano Baesso 1
Mirian Marubayashi Hidalgo 1
1. Universidade Estadual de Maringá/UEM
INTRODUÇÃO:
O abscesso dentoalveolar agudo é um processo inflamatório supurativo, no qual se forma uma coleção purulenta na região periapical do dente, resultante, na maioria dos casos, de alterações pulpares pela presença de microorganismos no interior do canal radicular e da região periapical. Seu tratamento consiste, dentre outras medidas, na indução da drenagem da coleção purulenta, que pode se dar por intervenção clínica ou naturalmente pela formação de fístula. A medicina popular preconiza bochechos com chá de folhas de batata doce (Ipomoea batatas) para auxiliar na resolução desses casos, pois facilitariam a drenagem e diminuiriam a sensação dolorosa. A literatura revela que as folhas e seu decocto têm propriedades emolientes, sendo empregados na forma de bochechos em casos de inflamações da boca e garganta, mas nada relativo ao tratamento de abscessos na fase aguda. Vários constituintes foliáceos já foram isolados e apresentam atividades antifúngicas, vaso-relaxantes, antibiótica e efeitos citotóxicos. Os objetivos deste trabalho foram verificar, em ratos, se as folhas de Ipomoea batatas apresentam capacidade emoliente in vivo e se há diferença na absorção da infusão destas folhas entre a pele do dorso e a mucosa bucal in vitro.
METODOLOGIA:
A amostra constitui de 44 ratos machos Wistar, dos quais 35 foram anestesiados para indução do abscesso com a inoculação de 0,8mL de solução de Staphylococcus sp na concentração de 10¹º e divididos em 3 grupos (n= 10 cada) banhados durante 2 min, 3 X ao dia, até 7 dias após a inoculação em: infusão desde o primeiro dia, infusão 48h após (tempo correspondente ao abscesso em seu máximo tamanho, observado em estudo piloto prévio) e água na mesma temperatura 48h após. O controle foi constituído por 5 animais sem banho. Foram tomadas medidas da circunferência do dorso antes, logo em seguida e 4h após a inoculação, passando à diária até o dia 7. Os dados obtidos foram analisados pelos testes ANOVA e t Student (p<0,05). A diferença de absorção da infusão foi verificada em fragmentos da pele do dorso e da mucosa bucal de 9 animais submetidos à análise em espectroscopia de fotoacústica (EF) divididos em 3 grupos (n=3): simulação de 3, 5 e 7 dias de banho. Os resultados foram analisados pelo teste estatístico One way Anova que acompanha o programa Microcal Origin (p<0,05). Projeto aprovado na Comissão de Ética na Experimentação Animal da Instituição.
RESULTADOS:
A inoculação de Staphylococcus sp originou abscesso agudo em todos os ratos. Houve diferença significante (p<0,05) entre todos os grupos banhados e o controle sem banho. Não se observou diferença estatística entre os grupos banhados em infusão ou água morna. Da mesma forma, não houve diferença entre os grupos banhados em infusão desde o início ou a partir de 48h da inoculação. Verificou-se a formação de fístulas que drenaram em 6 animais, sendo que a maioria se referiu a animais banhados em infusão, seja após 48h (n=4) ou desde o início (n=1). Em um animal banhado com água morna houve a fistulização. A análise em EF revelou o espectro de absorção da infusão em uma banda centrada em aproximadamente 320nm. Houve maior absorção da infusão nas amostras de pele, com diferença significativa (p<0,05) em relação às banhadas com água, na simulação de 5 e 7 dias. Entre as amostras da pele e da mucosa bucal não se verificou diferenças estatisticamente significativas, embora a mucosa banhada por 7 dias apresentasse maior absorção que todos os demais grupos.
CONCLUSÃO:
A infusão preparada a partir das folhas de Ipomoea batatas e a água morna, em igual temperatura, apresentaram capacidade emoliente semelhante in vivo, em modelo animal. As amostras de pele e de mucosa bucal de ratos absorveram a infusão de Ipomoea batatas utilizada de modo similar in vitro. No entanto, novos estudos devem ser efetuados pois os sinais biológicos observados com o uso da infusão de folhas de Ipomoea batatas foram melhores que da água morna para a resolução dos abscessos induzidos.
Instituição de Fomento: MEC/SESu e UEM
Palavras-chave: Ipomoea batatas, emoliente, abscesso.