61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
ISOLADOS BACTERIANOS DE MATRINXÃ Brycon amazonicus E SUA RESPOSTA FRENTE A ANTIBIÓTICOS
Luana Malheiros Ferreira 1
Jescineide da Silva-Soares 2
Andrea Belem-Costa 1
1. Universidade Federal do Amazonas - UFAM
2. Centro Universitário do Norte - UNINORTE
INTRODUÇÃO:

A matrinxã é a segunda espécie de peixe mais cultivada no Amazonas, perdendo apenas para o tambaqui Colossoma macropomum (ANDRADE & FERRAZ, 1999). A crescente procura por esta espécie se deve ao seu grande porte, pode alcançar até 40cm de comprimento, hábito alimentar onívoro (SANTOS et al., 2006),  apresentar excelentes índices de crescimento e eficiência alimentar (SAINT-PAUL, 1986), além de ter significativa importância como recurso alimentar e grande potencial para a piscicultura intensiva na bacia Amazônica (ROMAGOSA et al., 2002). Em ambientes de cultivo as doenças em peixes ocorrem com maior freqüência devido práticas de manejo inadequadas, alimentação deficiente, baixa qualidade da água, altas densidades de estocagem e fatores ambientais desfavoráveis. A crescente utilização de antimicrobianos na profilaxia e tratamento de doenças em pisciculturas comerciais provoca aumento da resistência bacteriana às drogas (CABELLO, 2006). Estudos referentes à patologia em matrinxã de cultivo são escassos ou inexistentes. O objetivo deste trabalho foi verificar o perfil de sensibilidade de isolados bacterianos de matrinxã cultivada frente a antibióticos, cujo conhecimento poderá diminuir o risco de resistência bacteriana e contaminação ambiental.

METODOLOGIA:

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia e Fermentação do Centro de Apoio Multidisciplinar, Divisão de Biotecnologia da UFAM.  Quatro isolados bacterianos de matrinxã provenientes de pisciculturas comerciais no Estado do Amazonas foram submetidos ao método de difusão de discos (método de Kirby-Bäuer) em agar Müeller-Hinton (STUKUS, 1997), frente a 16 agentes antimicrobianos: amoxicilina (10μg); ampicilina (10μg); clindamicina (2μg); cloranfenicol(30μg); eritromicina (15μg); estreptomicina (10μg); gentamicina (10μg); nitrofurantoína (300μg); norfloxacina (10μg); novobiocina (5μg); oxacilina (1μg); penicilina G (10U); rifampicina (5μg); tetraciclina (30μg); trimetoprim (5μg) e vancomicina (30μg). Os discos para antibiograma estéreis foram colocados sobre a superfície do agar Müller-Hinton previamente inoculada com 100μL de suspensão bacteriana preparada em agar extrato de levedura (COSTA et al, 1998). Após incubação por 24 horas à 29oC foi medida a zona de inibição de crescimento (mm) e calculado o diâmetro dos breakpoints, correspondendo aos limites do NCCLS – National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 2003).

RESULTADOS:
Os isolados PPUFAM223, PPUFAM224 e PPUFAM227, apresentaram-se sensíveis à maioria dos antibióticos (56,25%, 56,25 e 62,5%, respectivamente), enquanto o isolado PPUFAM225 foi resistente a 68,75% dos antibióticos testados. Observou-se que os quatro isolados bacterianos apresentaram resistência aos antibóticos amoxilina, clindamicina, oxacilina e penicilina, e demonstraram sensibilidade à estrepitomicina, gentamicina e norfloxacin. Três isolados (PPUFAM227, PPUFAM224, PPUFAM223) foram sensíveis ao cloranfenicol, nitrofurantoína, tetracilcina e trimetropin. Apenas o isolado PPUFAM225 foi resistente ao cloranfenicol.
CONCLUSÃO:

A maior parte dos isolados bacterianos foi sensível aos antibióticos testados. Isto demonstra que em alguma fase da vida, estes animais foram expostos à substâncias antimicrobianas que podem afetar a saúde do consumidor.

Instituição de Fomento: FAPEAM, CNPq e UFAM
Palavras-chave: antimicrobianos, Brycon amazonicus, matrinxã.