61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
Espécies florestais de várzea e suas formas de uso pelas comunidades ribeirinhas de Manacapuru-AM
Nailson Celso da Silva Nina 1
Patrícia da Silva Nina 2
Eduardo Souza da Silva 3
1. Msc. Pesquisador do PYRÁ, UFAM
2. Acadêmica do curso de Engenharia Florestal, EST/UEA Bolsista IC JCA FAPEAM
3. Apoio técnico do PYRÁ, UFAM, Bolsista AT/B JCA FAPEAM
INTRODUÇÃO:

As várzeas amazônicas são ecossistemas ricos em recursos naturais, especialmente florestais, as quais produzem alimentos, óleos e madeira para construção de casas e embarcações, sendo desta forma, de grande utilidade para os ribeirinhos. Entretanto, a desagregação dos sistemas de vida tradicionais que acompanham a devastação do ambiente e a inclusão de novos elementos culturais tem ocasionado o aumento do desflorestamento com perdas do patrimônio genético pela redução da biodiversidade e favorecendo processos de assoreamento de rios e lagos. Neste contexto, estudos etnobotânicos são fundamentais para o resgate, a preservação e a valorização dos conhecimentos tradicionais sobre a utilização das espécies florestais podendo ainda contribuir para subsidiar estudos sobre a conservação e uso o sustentável dos recursos naturais. Este trabalho teve por objetivo identificar as espécies florestais de várzea e suas formas de uso pelas comunidades ribeirinhas do município de Manacapuru-AM.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada em três comunidades rurais situadas em uma área de várzea do município de Manacapuru-AM, localizada à margem direita do rio Solimões. O método utilizado na pesquisa foi o estudo de caso utilizando as seguintes técnicas: 1) Entrevistas estruturadas realizadas com o auxílio de formulários contendo questões pré-determinadas e padronizadas; 2) Entrevistas semi-estruturadas este método foi utilizado com os moradores mais antigos das comunidades e conhecem as particularidades das florestas da região de estudo; 3) Observações in loco realizadas no próprio domicílio dos entrevistados e 4) Observações participativas com visitas aos quintais (roçados), as capoeiras e aos fragmentos de floresta com vivencia do cotidiano de alguns dos entrevistados participando das suas atividades de trabalho e lazer possibilitando conhecer a sua forma de se relacionar com o ambiente, ouvir os seus relatos, seus conhecimentos e experiência de vida sobre a utilização da floresta. Os dados coletados na pesquisa de campo foram organizados de forma sistemática, seguida da tabulação e análise estatística descritiva.

RESULTADOS:

Foram entrevistados 15 moradores em três comunidades rurais de várzea. Foram citadas 61 espécies de uso florestal, pertencentes a 30 famílias, com destaque para as famílias botânicas Lauraceae (8 spp.), Moraceae (7 spp.), Caesalpiniaceae (4 spp.) e Lecythidaceae (4 spp.). Em relação as formas de uso, as espécies florestais foram identificadas em 22 espécies madeireiras (36,06%) com destaque para a Massaranduba (Manilkara huberi (Ducke) A. Chev.), a Jacareúba (Calophyllum brasiliense Camb.), a Jarana (Holopyxidium jarana (Huber) Ducke) e o Marupá (Simarouba amara Aubl.); 20 espécies florestais não madeireiras (32,79%) sendo a Carapanaúba (Aspidosperma oblongum A. DC.), o Cipó-Ambé (Philodendron sp.), o Cipó-Titica (Heteropsis flexuosa (H.B.K.) Bunth), e o Unha-de-gato (Uncaria tomentosa) as espécies florestais mais citadas e 19 espécies florestais de múltiplo uso (31,15%) tendo a Andiroba (Caropa guianensis Aubl.), a Paracuúba (Leicontea amazonica Ducke), o Bacuri (Platonia insignis Mart.) e a Piranheira (Piranhea trifoliata Baju.) como as espécies mais importantes. Devido a exploração predatória as espécies Louro Itaúba (Mezilaurus itauba (Meissn.) Taub.) e o Louro (Cordia trichotoma (Vell) Arrob.) estão cada vez mais difíceis de serem encontradas nas florestas do município de Manacapuru-AM.

CONCLUSÃO:

As populações ribeirinhas possuem um importante conhecimento sobre os ambientes que ocupam e associado ao seu modo de vida e de subsistência pode auxiliar na conservação e uso sustentável dos recursos florestais. Podendo, ainda ser muito útil como subsídios técnicos para a elaboração de políticas públicas que visem o desenvolvimento e o manejo florestal sustentável participativo.

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Floresta Amazônica, Recursos madeireiros, Recursos não madeireiros.