61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
CARANGUEJOS DE ÁGUA DOCE NA REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES PRÓXIMO AO MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT (AM).
Sandro Martins de Lima 1
Gustavo Yomar Hattori 2
Agno Nonato Serrão Acioli 1
1. INC - UFAM/Benjamin Constant
2. Centro de Estudo Superiores – UEA - Itacoatiara
INTRODUÇÃO:

Os caranguejos e siris pertencem a infraordem Brachyura e possui mais de 4.500 espécies conhecidas, sendo grande parte delas marinhas. No entanto existe a superfamília Potamoidea que no Novo Mundo está representada pelas famílias Trichodactylidae e Pseudothelphusidae, ambas ocorrem no território brasileiro. A família Trichodactylidae possui pouco menos de 50 espécies e encontra-se distribuída na região Neotropical; os espécimes dessa família são encontrados em quase todas as bacias hidrográficas brasileiras, exceto nos rios temporários do semi-árido nordestino. No Brasil, mais de 60% das espécies são conhecidas, sendo a grande maioria encontrada na bacia amazônica. A carência de estudos de caranguejos de água doce, talvez seja decorrente do seu hábito críptico, atividade noturna e pequeno porte, quando comparado com os braquiúros marinhos. Informações a respeito desse grupo na região do Alto Solimões são escassos na literatura, principalmente com relação a aspectos ecológicos. Alguns registros são encontrados em território peruano, mas ainda permanece desconhecido no território brasileiro. O objetivo do presente estudo é registrar a(s) espécie(s) de caranguejos que ocorrem na região do Alto Solimões próximo ao Municipio de Benjamin Constant.

 

METODOLOGIA:

As coletas foram realizadas próximo ao Município de Benjamin Constant, em dois igarapés: Palhal, localizado no km-1 da estrada do Incra, as coletas concentraram-se a ajusante da pista; Prosperidade, localizado no km-10 da BR 307 estrada que liga os municípios de Benjamin Constant e Atalaia do Norte, as coletas concentraram-se ajusante a pista. Foram realizadas durante o período de Outubro de 2008 a Fevereiro de 2009. As capturas ocorreram na vegetação marginal e foram utilizados dois métodos de captura: com armadilhas do tipos Matapí e Gaiola, e captura direta com o Puçá. Os animais foram separados em sacos plásticos para evitar a perda de apêndices e devidamente etiquetados para posterior análise. No laboratório os animais foram sexados e a identificação dos exemplares foi realizada com observação de caracteres morfológicos e chave de identificação. Posteriormente os caranguejos foram mensurados com auxílio de uma régua com precisão de 1.0mm. E tiveram o peso total úmido aferido em uma balança de 1.0g de precisão.

 

RESULTADOS:

Um total de 51 caranguejos foram coletados durante o período de outubro-08 a fevereiro-09. A armadilha Matapi foi mais eficiente capturando 38 caranguejos, seguida da armadilha tipo Gaiola com 12 e do método direto utilizando o Puçá com apenas 01 exemplar. No igarapé Prosperidade foram capturados 45 indivíduos, enquanto que no igarapé Palhal apenas 08. Os machos perfazem um total 41 indivíduos, são maiores tanto no tamanho (X=4,35cm; A=1,6 – 6,4cm) quanto no peso (X=33,50g; A=1,0 – 103,0g); as fêmeas somam 12, suas medidas (X=4,06cm; A=3,2 – 5,7cm) e pesos (X=21,83g; A=8,0-41,0g) são menores. Os animais capturados foram identificados como pertencentes à família Trichodactylidae, possivelmente ao gênero Valdivia spp.

CONCLUSÃO:

A presença de exemplares de caranguejos da família Trichodactylidae confere importância a essas duas localidades (Palhal e Prosperidade), pois possuem um papel importante na cadeia trófica dos ambientes aquáticos, na qual atuam em diferentes níveis, seja como herbívoro (se alimentando principalmente de macrófitas), seja como predadores (pequenos peixes e outros invertebrados), ou ainda como necrófagos auxiliando na reciclagem de nutrientes.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM
Palavras-chave: Crustacea, Caranguejo, Trichodactylidae.