61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS: alternativas para mudar o cenário
Eleanor Gomes da Silva Palhano 1
1. Unidade Federal do Pará , Drª. Faculdade de Ciências Sociais- UFPA
INTRODUÇÃO:

 A natureza deste objeto de estudo, notadamente a violência manifestada na escola pública é um fenômeno de alta complexidade, primeiro porque envolve uma multiplicidade de sujeitos e de relações estabelecidas em torno das práticas que lhes consubstanciam; e segundo porque este caráter tão complexo demanda vários olhares teóricos, considerando as variáveis em que o problema da violência se apresenta. Todavia, foi esse caráter de multidisciplinaridade que proporcionou este estudo centrar a sua atenção na possibilidade da escola superar as manifestações de violência, em seu interior, num recorte sócio-politico e cultural das relações que envolvem os sujeitos interligados ao objeto estudado. Pelas formas como se manifesta, a violência se contextualiza em relações interpessoais de perda de respeito à dignidade humana e a expropriação de bens, tanto simbólico como materiais. A relevância deste projeto de pesquisa foi o de analisar e, ao mesmo tempo, debater a complexidade da violência na escola, focaliza o potencial que essa instituição possui de criar alternativas para enfrentar esse problema. Ademais, na sociedade brasileira, a problemática da violência é um dado histórico no contexto da escola pública que exige estudos e análises para possíveis soluções da realidade que a circunda.

 

METODOLOGIA:

No estudo realizado em uma escola pública de Ensino Médio na cidade de Belém, foi aplicado como instrumento de coleta de dados o questionário. Este foi elaborado com questões especificas sobre a violência no espaço escolar, contendo questões fechadas, abertas e mistas, totalizando 300 instrumentos. Foram aplicados com professores, alunos e o corpo técnico administrativo, como forma de detectar os denominadores comuns que informam como esses sujeitos compreendem, em termos de causas, a violência que ocorre em sua escola, quais as principais consequências vivenciadas deste fenômeno e, como eles percebem os potenciais da instituição, escola, em solucionar o problema.  Utilizou-se ainda a técnica da observação participante, com o registro de observações diárias, por 6 meses no interior da escola, em sala de aula e no intervalo.  Inventariou-se os registros existentes na secretaria da escola, sobre as formas de manifestação da violência. Utilizou-se de fontes: bibliográfica, seleção de um referencial teórico pertinente à problemática; foram utilizadas as documentações oficiais e não oficiais, na escola e na comunidade. Utilizou-se, ainda os relatórios, jornais locais enquanto documentos que registram a ocorrência da violência na escola, suas modalidades e os sujeitos implicados. 

RESULTADOS:

Os dados obtidos mostram que as consequências desse problema social acarretam prejuízos imensuráveis e de dimensões macro sociais: da perda da dignidade humana à destruição de símbolos de sustentação da vida em sociedade que fazem da violência um ato de perda do direito à cidadania.  No âmbito da escola estudada foi possível traçar uma narrativa da associação que ocorre entre a realidade social dos atores que fazem a escola, nos seus aspectos sociais, culturais, políticos e as manifestações de violência que lá se fazem presentes: abandono e carência, com falta de comprometimentos políticos, com os segmentos sociais presentes na escola. Os professores, 40%, avaliam que a violência se explica por vários fatores: a ausência da autonomia da direção da escola e a falta de programas culturais para os alunos; 12% dizem que a escola abandona os alunos nas suas questões mais pessoais.  Os alunos, 17%, informam que os professores os tratam com desrespeito; 11%, afirmam que o corpo docente é autoritário. Outro aspecto a destacar é o índice de estranhamento que o aluno tem pela instituição, em torno de 30%. Destacam-se, ainda as provocações pessoais e a depredação da escola. Mesmo com esses resultados, a escola apresenta alternativas de se estabelecer como uma instituição antiviolência.

 

CONCLUSÃO:

As formulações teóricas advindas deste estudo, bem como as reflexões produzidas no campo da pesquisa, possibilita o estabelecimento de parâmetros e a elaboração de uma análise critica  acerca dos aspectos presentes na problemática estudada. Como conseqüência, o estudo propõe a revisão do projeto político pedagógico da escola, o redimensionamento do conceito de violência escolar, este aliado a uma perspectiva critica da realidade das escolas estudadas. A realização de ações como; seminários, colóquios, construções efetivas de alternativas a geração de renda à comunidade escolar e em seu entorno, são medidas que a escola na redefinição de sua prática pedagógica deverá observar como prioritária para a área local. Outros aspectos poderíamos destacar como significativos neste trabalho, todavia  torna-se importante destacar, ainda, a formação dos docentes e políticas de segurança pública efetiva. Os docentes devem vivenciar processos de discussão e formação pedagógica na temática estudada, pois a escola e a sua prática pedagógica são os elementos básicos necessários para a construção de práxis diferenciadas. A concretização das políticas de segurança reside em algumas medidas, como a otimização de verbas e a atualização dos agentes de segurança pública no tocante ao espaço escolar.

 

Palavras-chave: VIOLÊNCIA, ESCOLA PÚBLICA, PRATICA DOCENTE.