61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
INFLUÊNCIA DA MORFOLOGIA FOLIAR DO MAMOEIRO NA DISTRIBUIÇÃO DE Tetranychus mexicanus (ACARI: TETRANYCHIDAE) E ÁCAROS PREDADORES
Jéssica Ferreira Barroncas 1
Geraldo José Nascimento de Vasconcelos 2
Neliton Marques da Silva 1
1. Faculd. de Ciências Agrárias, Univer. Fed. do Amazonas/FCA-UFAM
2. Esc. Sup. de Agri. "Luiz de Queiroz", Univer. de São Paulo/ESALQ-USP
INTRODUÇÃO:

As diversas espécies de plantas possuem muitas variações quanto à morfologia foliar. Algumas folhas podem apresentar domácias ou nectários extraflorais. Estas estruturas podem influenciar positivamente a ocorrência de ácaros predadores, propiciando local para oviposição, proteção contra predação e como fonte alimentar adicional, influenciando a abundância, distribuição e habilidade de suprimir populações de herbívoros. Plantas cultivadas ou da vegetação nativa que apresentam tais estruturas são importantes em programas de manejo integrado de pragas, uma vez que podem favorecer a permanência dos ácaros predadores no campo.

Tetranychus mexicanus (McGregor) é frequentemente encontrada em folha de mamoeiro (Carica papaya L.), distribuindo-se normalmente próximo às nervuras, onde formam colônias. As nervuras primárias destas folhas possuem um largo diâmetro, formando uma reentrância próxima à superfície da folha, onde comumente podem ser encontrados ácaros predadores, tais como Amblyseius largoensis (Muma), Neoseiulus idaeus Denmark e Muma e Proprioseiopsis ovatus (Garman).

Neste trabalho avaliou-se a influência das nervuras das folhas de mamoeiro no padrão de distribuição de T. mexicanus, bem como o padrão de distribuição e oviposição de ácaros predadores associados a estas.

METODOLOGIA:

O estudo foi conduzido a 24,9°C e 44,4% de UR. Foram realizados dois tratamentos, sendo o primeiro realizado em unidades experimentais infestadas com T. mexicanus (15). A distribuição deste ácaro foi avaliada a cada 24h por dois dias. Ao final do segundo dia seis fêmeas de ácaros predadores foram transferidas para cada arena. As avaliações continuaram por mais 2 dias registrando-se a distribuição do fitófago e do predador, além da oviposição deste. O segundo tratamento foi realizado em unidades experimentais com pólen de Ricinus communis L., colocando a mesma quantidade de ácaros predadores do tratamento anterior. Neste tratamento foi avaliado a distribuição e oviposição por 2 dias. A folha foi dividida em duas regiões: uma adjacente à nervura principal e às secundárias (R1), aproximadamente 0,5 cm da nervura, e outra entre as nervuras secundárias (R2).

O estudo foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições, a exceção de N. idaeus que foi avaliado em apenas um tratamento por não se alimentar de pólen. Os dados foram transformados em percentual e submetidos à ANOVA.

RESULTADOS:

As fêmeas de T. mexicanus optaram pela R1 (p≤0,0152), independentemente da presença de qualquer uma das espécies de predadores (p≥0,5603).

Fêmeas de P. ovatus permaneceram sempre na R1 (p≤0,0071). N idaeus optou por esta região apenas no segundo dia de avaliação (p=0,0001). Nos demais casos as fêmeas distribuíram-se de forma homogênea entre as regiões. Entre as três espécies, não houve diferença na concentração dos indivíduos nas duas regiões em cada avaliação (p≥0,0904).

Apenas A. largoensis, 24h após a liberação, apresentou preferência pela R1 (p=0,0004). Entre as três espécies de predadores, não houve diferença no padrão de distribuição dos ovos em folhas de mamoeiro infestadas com T. mexicanus (p≥0,3316).

Fêmeas das duas espécies de predadores optaram pela R1 em folha de mamoeiro com pólen (p≤0,0167). Entre as espécies não houve diferença na distribuição dos predadores (p≥0,7378).

Não foi possível avaliar a distribuição dos ovos de A. largoensis em folha de mamoeiro com pólen devido à ausência de ovos na maioria das repetições. A distribuição dos ovos de P. ovatus foi maior na R1 (p≤0,0054).

CONCLUSÃO:

As fêmeas de T. mexicanus apresentaram preferência pela R1 e não alteraram sua distribuição na presença de qualquer uma das espécies de predador.

De forma geral, as três espécies de ácaros predadores preferiram permanecer na R1, tanto em folhas com T. mexicanus quanto em folhas somente com pólen. Com relação à oviposição, estas espécies apresentaram distribuição dos ovos indistinta entre as duas regiões, a exceção de A. largoensis a 24h na presença de T. mexicanus e P. ovatus em folha com pólen. 

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia/CNPq
Palavras-chave: Ecologia, comportamento , ácaros plantícolas.