61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 7. Fonoaudiologia - 1. Fonoaudiologia
CONFORTO ACÚSTICO NO INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO
Carlos Alexandre Amaral Araújo 1
Robson de Melo Nogueira 1
Yrla Nívea Oliveira Pereira 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão / IF-MA
INTRODUÇÃO:
Sabe-se que a poluição sonora promove alterações psicofísicas nas pessoas, interferindo, principalmente, em suas atividades intelectuais. No ambiente escolar, a reverberação e o ruído em excesso dificultam a comunicação prejudicando a inteligibilidade do que é falado e, portanto, há redução da aprendizagem. Som e ruído não são sinônimos. O ruído é apenas um tipo de som, mas o som não é necessariamente um ruído. O ruído seria uma sensação desagradável desencadeada pela recepção da energia acústica. O ruído faz parte da vida das pessoas, não apenas nos grandes centros, mas em praticamente todos os ambientes. Como conseqüência, nas escolas ocorre a elevação da intensidade da voz do professor e dos alunos, impondo desta forma, um esforço adicional por parte de quem ouve e de quem fala. A percepção auditiva é essencial no processo de comunicação entre estudantes e professores em sala de aula. Não basta apenas ouvir, é necessário escutar e isto pressupõe atentar para o falante a fim de compreender o que foi dito. Em uma sala de aula, recomenda-se que os níveis médios de ruído estejam entre 35-45 dB. Já aqueles entre 50-65 dB (embora aceitáveis) provocam um estresse leve, dando início ao desconforto auditivo. Este trabalho teve como principal objetivo analisar as condições de conforto acústico em diversos ambientes do Instituto Federal do Maranhão. Para tanto foram avaliadas as opiniões dos discentes, docentes e funcionários da instituição. Também, realizaram-se medições dos níveis de intensidade sonora.
METODOLOGIA:
A medição da intensidade sonora foi realizada em salas de aula dos cursos de nível técnico (integrado e subsequente) e superior, no restaurante, na biblioteca, em laboratórios e áreas livres do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Campus Monte Castelo, localizado na capital, São Luís. Primeiramente, foram aplicados 80 questionários para os alunos (questionário 1), 40 para professores (questionário 2) e 40 para técnicos-administrativos (questionário 3). Nesses questionários foram perguntados sobre: a percepção de sons nas salas de aula (docentes e discentes) e em outros ambientes (corpo administrativo); os sons mais percebidos; os sons mais incômodos; a altura desses sons; e a interferência desses sons nas suas atividades. No fim do questionário todos puderam apontar possíveis soluções para diminuir ou eliminar esses ruídos. Em seguida, foram realizadas medidas de intensidade sonora utilizando um decibelímetro MSL-1325. Essas medidas foram realizadas num intervalo de tempo de 50 minutos em diferentes dias da semana: manhã (07:10 às 12:30), tarde (13:10 às 18:30) e noite (18:50 às 22:40), nos diferentes ambientes do IFMA. Seguindo as recomendações da NBR 10.151, as medidas foram realizadas em dias sem chuvas e trovoadas, com a ausência de vento forte, desconsiderando-se ruídos transitórios tais como campainhas ou sirenes.
RESULTADOS:
Para 96,75% dos alunos é possível perceber outros sons além da fala de seus professores. Desses sons, os mais percebidos são os de pessoas conversando (33,7%) e dos condicionadores de ar (22,9%). O som que mais incomoda os alunos é o de pessoas conversando (62,1%), que foi classificado como médio (intensidade moderada) por 82,8%. Para 79,3% deles os ruídos interferem no seu entendimento durantes as aulas. Todos os professores percebem outros sons, além da sua voz, durantes as aulas. Assim como os alunos os mais percebidos são os de pessoas conversando e dos condicionadores de ar, ambos com 33,3%. Pessoas conversando (41,7%) é o ruído que mais incomoda os docentes. Esse som foi classificado como médio por 83,4% deles e 91,7% disseram que os ruídos interferem no desenvolvimento de suas atividades com os alunos. Da mesma forma que os docentes, todos os técnicos-administrativos percebem sons que causam desconforto durante sua jornada de trabalho. Desses os mais percebidos são: barulho dos condicionadores de ar (39,1%), pessoas conversando e máquinas em funcionamento, ambos com 21,7%. O que mais incomoda esses funcionários é o barulho dos condicionadores de ar (50%) e 60% classificaram esses sons como altos. Todos afirmaram que esses sons interferem na execução de suas atividades. As medidas de intensidade sonora nas salas de aula, departamentos e nas áreas de circulação superam os níveis aceitáveis pela norma NBR 10.152. Nos laboratórios e na biblioteca os resultados estão de acordo como o estabelecido na norma.
CONCLUSÃO:
Quase todas as pessoas que responderam os questionários (90,33%) disseram que os ruídos prejudicam a boa execução de suas atividades. A contaminação acústica que ocorre no IFMA, em sua maioria, é produzida dentro da própria instituição (pessoas conversando e condicionadores de ar, principalmente). Os efeitos produzidos pela vizinhança, apesar de ter sido pouco citado nos questionários, deve ser levado em consideração, visto que o Campus Monte Castelo localiza-se numa das avenidas mais movimentadas de São Luís. Com o crescimento da cidade, a localização do IFMA tornou-se imprópria pela falta de um tratamento acústico adequado em suas instalações, de forma que atenue os ruídos externos. Na maioria das salas de aula, foram observadas condições inadequadas para a atividade de ensino, que desencadeiam desgaste dos professores e baixo rendimento por parte dos alunos. Nos outros ambientes, a contaminação acústica, também, prejudica o trabalho do corpo administrativo, causando desconforto e estresse. Faz-se necessário, trabalhos de educação ambiental, que motivem discussões sobre o tema poluição sonora e danos à saúde dos seres humanos. É necessário rever práticas usualmente observadas na instituição, que contribuem para o agravamento do problema. Manutenções em cadeiras e mesas utilizadas nas salas de aulas também contribuem para a diminuição dos níveis de ruídos. Por fim, fica evidente a necessidade do aprofundamento de estudos neste importante tema, inclusive com equipes multidisciplinares.
Palavras-chave: conforto acústico, poluição sonora, educação ambiental.