61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 1. Biologia da Conservação
PERFIL DOS PESQUISADORES BRASILEIROS EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO, COM ENFÂSE NA TEMÁTICA DA AMAZÔNIA
Sílvia Nassif Del Lama 1, 2
Andrea Carolina Martins Ramos Santos 2
1. Universidade Federal de São Carlos
2. ONG A Rocha Brasil
INTRODUÇÃO:
O Brasil possui regiões com os maiores índices de biodiversidade do planeta e um número expressivo de doutores que atuam na área das ciências biológicas. A pesquisa em biologia da conservação tem se expandido no país nas últimas duas décadas, porém a distribuição geográfica desse conjunto de pesquisadores, assim como alguns fatores que contribuíram para sua formação e atuação são desconhecidos. Esse trabalho objetivou identificar as características básicas e a distribuição dos pesquisadores que atuam em biologia da conservação no país, com ênfase especial nos estudos da Amazônia.
METODOLOGIA:
Foi utilizada a metodologia de busca no Banco de Currículos  Lattes do CNPq, com o uso de palavras-chave e a análise detalhada de uma amostra aleatória de currículos. Dentre 11.838 doutores da área de ciências biológicas foram selecionados 4.121 currículos com a palavra “conservação”. O sorteio de um currículo por página selecionada se constituiu na base de dados analisados. Foram excluídos estrangeiros não residentes no país e pesquisadores com doutorado incompleto. Em cada currículo sorteado foram analisados os seguintes tópicos: gênero, vínculo atual, UF do endereço atual, atuação na área animal ou vegetal, tipo e local do curso de graduação, área e instituição dos cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado e se o profissional já atuou em alguma ONG. A busca foi completada pela identificação ou não de produção científica relativa à Amazônia, utilizando a sigla “amaz”. O número de ocorrências foi computado em duas classes de produção: a primeira, incluiu  projetos, linhas de pesquisa e orientações e foi considerada  indicadora de produção futura, enquanto que, a segunda, se referiu aos artigos em periódicos, livros, capítulos de livro e resumos de congresso e foi considerada como um índice da produção realizada.
RESULTADOS:

O perfil traçado representa uma primeira abordagem na caracterização desses pesquisadores e algumas tendências já foram observadas. Os resultados demonstraram que as proporções não diferem entre os sexos, segundo distribuição esperada de 1:1 ( χ2 = 2,28), a área de atuação na biologia animal predomina com relação à vegetal (χ2 = 4,68) e apenas 1% do total de pesquisadores analisados é estrangeiro. Os dados revelaram que a distribuição geográfica dos pesquisadores atuantes na biologia da conservação é semelhante a dos pesquisadores da área biológica cadastrados nas regiões brasileiras, segundo ordem decrescente: sudeste > sul > nordeste > centro-oeste > norte. Cerca de 70% deles atuam profissionalmente vinculados a faculdades e universidades. O curso de graduação que predomina na formação básica desses pesquisadores é o de biologia (80%), seguido pelo de agronomia (10%) e outros cursos estão em proporções menores, como o de Medicina Veterinária, Zootecnia e Engenharia Florestal. A maioria das instituições onde os pesquisadores cursaram sua graduação está localizada nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Os cursos de mestrado e doutorado em Ecologia predominam, sendo seguidos pelos cursos de Zoologia e Botânica. Aproximadamente 10% dos doutorados foram obtidos fora do país. Um em cada quatro pesquisadores analisados já atuou profissionalmente vinculado a uma ONG. Um conjunto significativo dos currículos analisados (45%) apresentou produção científica vinculada à temática da Amazônia. Numa avaliação mais detalhada desse conjunto, verificou-se que a minoria reside na região geográfica da Amazônia e estão principalmente nos estados do Amazonas e Pará. Essa parcela produziu de 5 a 7 vezes mais produtos científicos vinculados à conservação da Amazônia, em comparação com pesquisadores vinculados as outras regiões. Os currículos dos pesquisadores conservacionistas residentes na Amazônia revelam que, pelo menos, parte de sua formação acadêmica, seja mestrado ou doutorado, foi realizada em cursos de pós-graduação da região Amazônica.

CONCLUSÃO:

Concluiu-se que para um incremento da pesquisa em biologia da conservação no país estão recomendados: a) a implementação dos temas de conservação em outros cursos de graduação diferentes do curso de ciências biológicas e b) o estabelecimento de um plano conjunto para incentivar a pesquisa envolvendo universidades e ONGs. A análise dos currículos dos pesquisadores atuantes na Amazônia  demonstrou que se uma etapa da formação acadêmica ocorre na região amazônica, é maior a chance do pesquisador se fixar na região e se aprofundar na temática da Amazônia. Os dados sugerem que a expansão dos estudos da Amazônia poderá ser obtida com o fortalecimento dos cursos de pós-graduação da região norte e com o estabelecimento de vínculos interinstitucionais entre esses cursos de pós-graduação e os do sudeste do país, favorecendo o fluxo bidirecional entre os pesquisadores dessas duas regiões.   

Instituição de Fomento: ONG A Rocha Brasil
Palavras-chave: pesquisa, conservação, Amazônia.