61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
Os desafios da expansão da ciência no Brasil: popularização e formação de jovens cientistas.
Elisangela Lizardo de Oliveira 1
Odair Sass 2
1. Mestranda/ Programa: EHPS / Pontifícia Universidade Católica - PUC SP.
2. Prof Orientador / Programa: EHPS / Pontifícia Universidade Católica - PUC SP
INTRODUÇÃO:
Almeja-se da sociedade moderna a possibilidade de todos os brasileiros adquirirem conhecimentos básicos sobre a ciência, que possibilitem além da compreensão dos acontecimentos ao seu entorno, uma ampliação de sua capacidade de atuar de forma crítica e com conhecimento de causa. Este cenário provoca há décadas, um debate acerca de uma pretensa necessidade de popularizar a ciência com o objetivo de reduzir a distância entre esta e a sociedade e ganha adeptos no meio científico e institucional para a adoção de políticas que visem o fortalecimento da educação científica. Compreendendo que a investigação científica seja um importante instrumento capaz de formar pensadores críticos e criativos, o presente trabalho busca visualizar a formação dos “jovens cientistas” brasileiros a partir de programas de incentivo à Iniciação Científica, tais como PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica), PIBIC JR, PET (Programa de Educação Tutorial) e também a partir de programas de pós-graduação. Analisará também a distribuição territorial destes programas, compreendendo a necessidade de se desenvolver uma pesquisa científica voltada às demandas sociais, de fácil acesso a toda população e que considere as especificidades regionais deste país com dimensões continentais.
METODOLOGIA:

Com o intuito de atingir o objetivo proposto, realizamos uma investigação descritiva a partir de documentos oficiais das agências de fomento CAPES e CNPq do ano de 2008, em busca de dados que possibilitassem uma visualização do cenário científico brasileiro a partir de comparações e análises quantitativas dos índices de bolsas e grupos de pesquisas de pós-graduação e iniciação científica em todo território nacional. Também utilizamos como fonte, dados da UNESCO / IESALQ que nos mostram um panorama do desenvolvimento da pesquisa científica na América Latina, no que tange publicações, relação de docentes doutores/100 mil habitantes, assim como o percentual de investimento em relação ao PIB dos principais países considerados “desenvolvidos”, e dados fornecidos pelo CNPq sobre os índices de bolsistas de Iniciação PIBIC e PIBIC JR e pelo MEC sobre os grupos PET em todo território nacional. Os dados colhidos foram analisados a partir de análise de conteúdo, abrangendo tanto aspectos qualitativos, quanto quantitativos, o que permitiu uma melhor compreensão do objeto estudado.

RESULTADOS:

Verificamos em nossa pesquisa que, apesar das medidas de expansão dos programas de pós-graduação e iniciação científica, ainda é discrepante a distribuição regional e a popularização destes conhecimentos em nosso país. Segundo a UNESCO, em 2006, o Brasil foi responsável por 20.000 publicações/ano, o que lhe propiciou o primeiro lugar da América Latina, apesar de ainda estar distante dos países mais desenvolvidos. A pós-graduação, no entanto, avança. O país encerra 2008 com 10.000 doutores e 50.000 mestres titulados, porém 51% dos cursos de mestrado e 61% de doutorado se concentraram na Região Sudeste, enquanto a Região Norte possuía apenas 4% e 3% respectivamente destes cursos. Podemos verificar também pelo número de docentes doutores por 100 mil habitantes que esta concentração se reproduz, o Rio de Janeiro possui 28 doutores/100 mil habitantes, enquanto o estado do Maranhão possui 2,9 /100 mil. Na iniciação científica o quadro não é muito diferente e merece especial atenção na formação dos “jovens cientistas”. Tivemos em 2008 19.684 matriculados no programa PIBIC, 5.270 no PIBIC JR e 370 grupos PET espalhados pelo Brasil, onde podemos visualizar as seguintes proporções de bolsas respectivamente: Região Sudeste (45,8%, 25,21% e 36,5%) e Região Norte (6,02%, 16,88% e 8,9%).

CONCLUSÃO:

Podemos evidenciar em nossa pesquisa que o Brasil ganha destaque na área científica e de produção de conhecimento na América Latina. Os dados sobre matrículas, produção acadêmica, programas de integração, apontam para a consolidação de uma comunidade científico-acadêmica capaz de inserir competitivamente os países latinoamericanos nesta nova sociedade do conhecimento. O sucesso das políticas de difusão e popularização da ciência em nosso país, está intrínsecamente ligado ao fortalecimento do Sistema Nacional de Pós-graduação e Iniciação Científica, além de percorrer os “Prêmios de Jovens Cientistas”, as “Semanas Nacionais de Ciência e Tecnologia”, as “Olimpíadas de Áreas e eventos como a “SBPC Jovem”. Concluimos portanto, que é necessário maiores investimentos. Países como E.U.A e Canadá investem respectivamente 2,66%  e 1,96% de seus PIB em Ciência e Tecnologia (C&T), equanto o Brasil investe 1,28% em C&T e somente 4,3% em educação. Uma nação que tenha como objetivo a formação de uma consciência social favorável ao processo de integração que reconheça a diversidade, mas que valorize a identidade cultural comum precisa levar a ciência à todos os cantos, destruir melhor suas riquezas e só assim desenvolver pesquisas que atendam as peculiaridades e necesidades de seu povo.

 

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Ciência, Popularização , Jovem Cientista.