61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
CUSTOS E OPORTUNIDADES PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NA AMAZONIA CENTRAL
Francisneide de Sousa Lourenço 1
José Nestor de Paula Lourenço 2
Silas Garcia Aquino de Sousa 2
Rosângela Guimarães 2
1. Universidade do Estado do Amazonas-UEA
2. EMBRAPA_Amazonia Ocidental
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO Seguindo o conceito de Lamarche para unidade de produção, onde propriedade e trabalho são intimamente ligados a família. A agricultura familiar constitui-se tema de alta relevância por se tratar de um grupo social que ocupa lugar de destaque na produção agrícola brasileira, pela capacidade de produzir e movimentar a economia nos âmbitos local e nacional, utilizar de forma sustentável os recursos naturais e gerar postos de trabalho em ocupações social e economicamente produtivas. Atualmente a agricultura familiar passou a receber uma atenção especial do Estado por meio de políticas públicas. Os números gerados pela agricultura familiar por si só, já justificariam a adoção de políticas públicas desenvolvimentista para esta categoria. Mas, carece ainda de formalização de um conceito abrangente e sólido que englobe as suas diversas formas. A agricultura familiar é uma atividade heterogênea e, no Brasil suas características variam conforme o local ou a região e demanda uma necessidade especifica para as diversas condições dos agricultores e agricultoras. O estudo realizado no assentamento Tarumã Mirim demonstrou que, a degradação ocorre principalmente pela exploração florestal descontrolada, levando a uma destruição da paisagem incentivada pela própria ATER.
METODOLOGIA:
METODOLOGIA Utilizando o método estudo de caso, com abordagem teórica sistêmica, pôde-se observar que as intervenções ocorridas na área são conseqüências de políticas de não valorização da floresta e sim de sua substituição pela agropecuária. Foi realizada oficina participativa com moradores do assentamento de reforma agrária do INCRA - Tarumã Mirim no município de Manaus, utilizando a metodologia ZOOP. Através de tarjetas, foi realizada uma chuva de idéias onde os participantes puderam relatar seus principais problemas e demandas. Também foi utilizado o diagrama de VENN para perceber quantas instituições se fazem presentes na área investigada. Para uma abordagem mais detalhada foi aplicado questionário semi estruturado com perguntas abertas e fechadas em 20% da população de três comunidades do assentamento, Três Galhos, Novo Horizonte e Assai, onde se pôde realizar investigação in locu para conhecimento da unidade produtiva e de seus moradores. A dificuldade maior esteve em encontrá-los, pois muitos não estavam presentes em seus lotes no momento da pesquisa.
RESULTADOS:
RESULTADOS Um exemplo clássico que ocorre é a exploração florestal para a conversão em carvão. Essa atividade é muito praticada, onde das trezentas famílias assentadas 80% delas possuem um forno de carvão e utilizam exploração clandestina de arvores para a produção de carvão e a têm como principal fonte de renda. Utilizando metodologia participativa foram obtidos dados que serviram de base para discussão de um plano de uso da propriedade, de curto em longo prazo. Dessa forma, utilizando ferramenta de diálogo participativa foi levantado o custo da atividade carvoeira em níveis econômico e ambiental. Os agricultores relataram que 100 árvores, de diferentes tamanhos geram em torno de R$350,00 em sacas de carvão. O exercício realizado demonstrou que, uma quantidade bem menor de árvores, transformadas em tábuas, que por sua vez geram outros sub produtos, como tábuas de cortar carne, chaveiros e outros, o retorno financeiro seria muito maior do que simplesmente transformá-las em carvão, ao mesmo tempo gerando menos impacto ao ambiente e a saúde do agricultor.
CONCLUSÃO:
Em vários assentamentos, pode-se afirmar que os agricultores familiares são incentivados a tirar do caminho a floresta, chamada na maioria das vezes como empecilho ao desenvolvimento da região, o paradigma do “mato”. Para que os agricultores reflitam e vejam que a sustentabilidade não é uma questão com viés apenas ambiental, foi exercitado através de cálculos simples em mudanças de paradigma através de agregação de valor ao recurso natural local. Isso, contribui para uma redução gradual no desmatamento a partir do conhecimento e valorização da FLORESTA EM PÉ. A agregação de valor para produtos oriundos da floresta é uma questão importante para contribuir na redução gradual do desmatamento. Quando o agricultor se depara com a questão de crescimento econômico ele se questiona a forma que poderá gerar renda em sua propriedade. Dessa forma, utilizando ferramenta de diálogo participativa foi levantado o custo da atividade carvoeira em níveis econômico e ambiental. Porém vem-se observando mudanças nessas políticas, de uma forma tímida, mas em alguns casos não complementares a outras ações do governo, como o crédito, os agentes de ATER ainda apregoam algumas práticas que muitas vezes não têm um senso crítico avalizado, ou seja, não ocorre uma pré-análise dessas atividades.
Instituição de Fomento: UEA,EMBRAPA
Palavras-chave: Agricultura familiar, Sustentabilidade, Exploração.