61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
ADAPTAÇÕES MORFOLÓGICAS EM LARVAS DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) ASSOCIADAS A ESPONJAS DE ÁGUA DOCE.
Lívia Maria Fusari 1
Neusa Hamada 1
Fabio Oliveira Roque 2
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, CPEN, Manaus, AM, Brasil
2. Universidade Federal da Grande Dourados, FCBA, Dourados, MS, Brasil
INTRODUÇÃO:

Larvas de Chironomidae são encontradas em diversos sistemas aquáticos e habitats, incluindo esponjas de água doce. Embora muitas larvas sejam encontradas em esponjas de água doce, somente as larvas de Demeijerea Kruseman, Xenochironomus Kieffer e Oukuriella Epler, apresentam relações restritas com as esponjas. Larvas de Chironomidae e animais hospedeiros, como esponjas, são pouco estudados e muitas vezes, falta rigor analítico suficiente para estabelecer esta associação. Algumas características confirmam a associação destas larvas com esponjas de água doce, como: alta ocorrência de espículas no conteúdo estomacal das larvas, ocorrência de diferentes espécies em variadas esponjas a partir de uma vasta área do Brasil e aumento do esclerotinização larval de estruturas durante o seu desenvolvimento. Entretanto, adaptações morfológicas foram observadas nas larvas nos diferentes gêneros, como afilamento da cápsula cefálica.

METODOLOGIA:

Desde 2006 diversas coletas foram realizadas em rios nos Estados brasileiros. As larvas foram coletadas em esponjas de água doce, localizadas em substratos disponíveis nos riachos, tais como madeira apodrecida, rochas e macrófitas. As larvas foram fixadas em 100% de etanol. As estruturas foram montadas entre lâminas e lamínulas com Euparal® como meio de montagem. Estruturas da cápsula cefálica foram utilizadas para identificação dos espécimes.

RESULTADOS:

As larvas de Xenochironomus e Oukuriella foram coletadas em quase todos os pontos de coleta, entretanto as larvas de Oukuriella (Chironominae) coletadas no Estado do Pará e larvas de Ablabesmyia (Tanypodinae) coletadas no Estado de Roraima apresentaram adaptações morfológicas diferentes das reconhecidas para os gêneros. Foi registrado um afilamento na cápsula cefálica das larvas, como em larvas de Taraxitrichia sp. (Trichoptera). Larvas de Oukuriella que são encontradas em esponjas, comumente são larvas com as cápsulas cefálicas grandes e mandíbulas robustas, diferentemente a encontradas com afilamento na cápsula cefálica e mandíbulas pequenas. Já as larvas de Ablabesmyia não são reconhecidas como habitantes de esponjas, entretanto, além do afilamento da cápsula cefálica, estas larvas apresentaram outras características que conferem esta associação, como a presença de espículas no conteúdo estomacal. O afilamente da cápsula sugestiona um padrão de convergência para alimentação de partículas finas nos sistemas de canais nas esponjas de água doce.

CONCLUSÃO:

A variedade de interações evidentes entre esponjas e Chironomidae indica que a história evolutiva da associação Chironomidae-esponja é diversa e complexa. O fato de Chironominae e Tanypodinae, não estarem relacionados filogeneticamente, estão envolvidos em relações com esponjas que parece indicar que esta associação ocorreu diversas vezes, independentemente da filogenia dos Chironomidae, levando em consideração uma origem polifilética.

Instituição de Fomento: PROTAX/CNPq, MCT/INPA, MCT/CNPq, PRONEX: CNPq/FAPEAM
Palavras-chave: Chironomidae, Porifera, adaptações morfológicas.