61ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 1. Biologia da Conservação |
REINTRODUÇÃO E COMPORTAMENTO DE PEIXES-BOIS DA AMAZÔNIA CRIADOS EM CATIVEIRO |
DIOGO ALEXANDRE DE SOUZA 1 VERA MARIA FERREIRA DA SILVA 1 FERNANDO CÉSAR WEBER ROSAS 1 JEFERSON BARROS DE OLIVEIRA 2 ANDREA MARTINS CANTANHEDE 1 JOSÉ ANSELMO d’AFFONSECA NETO 1 |
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia /INPA 2. Instituto de Pesquisas Ecológicas /IPE |
INTRODUÇÃO: |
O Laboratório de Mamíferos Aquáticos - LMA do INPA desde 1974 realiza atividades com peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis), envolvendo resgate e reabilitação de filhotes órfãos, além de estudos sobre a biologia, ecologia e manejo da espécie O objetivo geral do presente trabalho foi a reintrodução na natureza de peixes-bois da Amazônia criados em cativeiro e verificar a adaptação desses animais no ambiente natural. |
METODOLOGIA: |
Puru e Anamã chegaram ao INPA lactentes, em 1995 e 1998, e reintroduzidos em março de 2008 no R. Cuieiras, afluente da margem esquerda do R. Negro, 80km da cidade de Manaus. A área de reintrodução preencheu os seguintes requisitos: presença de alimento, registro da espécie, ausência de caça e participação das comunidades no processo de proteção e monitoramento. Os critérios de seleção foram: ser macho sub-adulto, saudável e apresentar similaridade haplotipica com peixes-bois da região de soltura. Para garantir a saúde das populações selvagens, os candidatos passaram por uma bateria de exames clínicos e sorológicos: hemograma completo, bioquímica sanguínea, urinálise, Brucelose, Toxoplasmose e Leptospirose. O transporte dos animais do INPA até a marina foi à noite, com os peixes-bois sobre colchões de espuma. Depois, transferidos para um barco regional onde permaneceram em piscina plástica forrada com colchões até o local de soltura. Durante todo o transporte os animais foram regularmente molhados. Cada peixe-boi recebeu um rádio-transmissor VHF, acoplado a um cinto adaptado ao pedúnculo caudal. O monitoramento foi feito por telemetria utilizando receptor de mão e antena, e a posição determinada com GPS. Antes de liberados, os animais foram aclimatados uma semana em tanque-rede. |
RESULTADOS: |
Os exames clínicos exceto para Toxoplasmose, foram normais. Segundo a literatura, o animal possui a forma latente do parasita nos tecidos, sem ameaçar as populações naturais. Após liberados, os animais permaneceram próximos ao tanque por cerca de 4h e gradativamente se afastaram em direções opostas. Estavam novamente juntos 17h depois, |
CONCLUSÃO: |
O monitoramento pós-soltura de peixes-bois reintroduzidos é uma ferramenta importante para verificar a adaptação desses animais criados em cativeiro às novas condições de vida e à utilização do habitat. Filhotes órfãos reabilitados no cativeiro aparentemente não possuem informações sobre a variação sazonal do nível das águas, apresentando baixa percepção do regime hidrológico dos rios. Isso sugere que essa informação não possui um componente genético, mas de aprendizado, reforçando a importância da longa permanência do filhote com sua mãe. Para evitar possíveis encalhes recomenda-se que na continuidade do programa de reintrodução de peixes-bois da Amazônia, outras estratégias de monitoramento sejam utilizadas principalmente quando se tratar de filhotes ou de animais sem experiência da variação sazonal dos rios da região. Por se tratar de um projeto pioneiro de reintrodução definitiva em seu habitat natural, de peixes-bois da Amazônia reabilitados e criados em cativeiro, as informações reunidas até o momento são extremamente úteis para a elaboraçao de diretrizes para o programa de manejo e conservação da espécie e do seu habitat, em longo prazo. |
Instituição de Fomento: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ INPA; Associação Amigos do Peixe-boi/AMPA; PETROBRÁS |
Palavras-chave: conservação, Trichechus inunguis , telemetria. |