Ácaros do gênero Tetranychus comumente apresentam baixa especificidade quanto ao hospedeiro. Populações de Tetranychus mexicanus (McGregor) já foram relatadas em mais de 80 espécies de plantas. Em condições naturais, normalmente em processo de dispersão eólica, as populações deste ácaro podem ser submetidas a hospedeiros diferentes do qual se desenvolveu. Neste novo hospedeiro, vários fatores são atuantes, como fatores intrínsecos da planta (espécie, cultivar, estágio de desenvolvimento, condições nutricionais), competição (intra-específica e interespecífica) e defesa contra inimigos naturais (ácaros predadores), porém não se sabe ao certo quais fatores estão realmente influenciando a permanência e distribuição do ácaro.

O objetivo do trabalho foi avaliar a resposta de uma população de T. mexicanus, oriunda de mamoeiro, quanto à planta hospedeira, competição intra-específica e interespecífica e risco de predação.

O estudo foi conduzido a 26°C, 57% de umidade relativa e fotofase de 12h. A unidade experimental foi constituída por uma placa de Petri contendo espuma de polietileno, umedecida com água destilada e forrada com papel de filtro. Sobre este foram colocados dois semicírculos de folha, com a superfície abaxial para cima, que juntos formam um circulo.

As respostas estudadas foram: a) resposta ao hospedeiro: folha de mamoeiro (F-M) vs folha de maracujazeiro; b) resposta à competição intra-específica: F-M vs F-M+dano, ovo, teia e excrementos de T. mexicanus (DOTE-TM); c) resposta à competição interespecífica: F-M vs F-M+dano, ovo, teia e excremento de Tetranychus bastosi; d) resposta a risco de predação: F-M+DOTE-TM vs F-M+DOTE-TM+ovo e excremento de N idaeus. Foram avaliadas três combinações possíveis para cada resposta. Em cada tratamento foram colocadas 5 fêmeas adultas de T. mexicanus no centro do circulo, avaliando-se a distribuição após 24, 48 e 72h.

As respostas foram determinadas pela formula R=2A/(B+A), onde: A=indivíduos em um semicírculo e B=indivíduos no semicírculo oposto. R pode variar de 0 a 2, indicando: 1=neutro; >1=preferente a A e <1= preferente a B. Como margem de segurança, os valores dentro do intervalo 1±DP foram considerados neutros.

Resposta a planta hospedeira. A população de T. mexicanos oriunda de mamoeiro mostrou preferência por esta cultura em relação ao maracujazeiro, tanto para a alimentação quanto para a oviposição. Nos tratamentos controle houve distribuição homogênea dos indivíduos, não havendo preferência.

Resposta à competição intra-específica. T. mexicanus não demonstrou preferência entre folha de mamoeiro sadia ou com dano, ovo, teia e excremento, distribuindo-se uniformemente. O mesmo comportamento foi observado nos tratamentos controle.

Resposta à competição interespecífica. T. mexicanus não demonstrou preferência por folha de mamoeiro sadia ou com dano, ovo, teia e excremento de indivíduos de outra espécie, T. bastosi. Nos tratamentos controle, a distribuição foi uniforme.

Resposta a risco de predação. Aparentemente as fêmeas adultas de T. mexicanus não demonstraram preferência entre folha de mamoeiro sadia e folha com dano, ovo, teia e excremento de T. mexicanus + ovo e excremento de N. idaeus, distribuindo-se uniformemente. Nos tratamentos controle, a distribuição foi uniforme.

Fêmeas de T. mexicanus são capazes de selecionar a planta hospedeira, provavelmente devido a condicionamento pré-imaginal.

O forrageamento de fêmeas de T. mexicanus não é influenciado pela presença  de competidores ou predadores em folhas de mamoeiro.