A espécie Melipona subnitida Ducke, conhecida popularmente como jandaíra, é um meliponíneo típico do sertão. Antes encontrada em toda a região Nordeste, ela apresenta-se hoje bem menos frequente e com populações desequilibradas. É considerada espécie rara no Maranhão, apesar de vários levantamentos já realizados em diferentes ecossistemas do estado. O conhecimento das espécies vegetais como fonte de pólen e néctar, além da forma com que os meliponíneos utilizam os recursos disponíveis, são importantes ferramentas para o manejo e conservação das abelhas nativas. As plantas visitadas por Melipona subnitida, em uma área de restinga, no município de Barreirinhas, MA, estão sendo identificadas pela análise polínica dos potes de alimentos extraídos de seu ninho.

Foram retirados três potes de alimento de uma colônia de jandaíra, ainda no seu hábitat natural (2º42’44”S; 42º49’49”W). O pólen recolhido de cada pote foi separado em oito amostras, e em seguida submetido ao processo de acetólise. Foram confeccionadas cinco lâminas de cada amostra. A análise da freqüência polínica nas lâminas realizou-se mediante a contagem consecutiva de 500 grãos de pólen, estabelecendo-se as suas porcentagens e classes de ocorrência de acordo com classificação de Louveaux et al. (1978) em: pólen dominante (> 45% do total de grãos), pólen acessório (de 15% a 45%), pólen isolado importante (de 3% a 14%) e pólen isolado ocasional (< 3%). Dois potes foram analisados.

Nas lâminas do pote I foram identificados vinte e cinco tipos polínicos, sendo que dezesseis pertencem a quatorze famílias botânicas e nove espécies não foram identificadas. Já nas lâminas do pote II verificou-se a presença de dezenove tipos de pólen, onde doze estão distribuídos em nove famílias vegetais e outros sete não foram identificados. As espécies Myrcia sp. (Myrtaceae), Mimosa sp. (Mimosaceae) e T11 (ainda não identificado) são os mais importantes na alimentação de Melipona subnitida na área pesquisada. Outros estudos demonstraram afinidade do gênero Melipona por essas plantas. A família Caesalpiniaceae apresentou maior representatividade em número de espécies, sendo elas: Acosmium sp., Caesalpinia sp. e Senna sp. As famílias Chrysobalanaceae e Fabaceae cada uma teve duas espécies reconhecidas. Os polens que apareceram com pequena porcentagem nos potes de alimento podem estar sendo temporariamente forrageados e mesmo assim compõe o espectro de sua dieta.

A análise polínica processada revelou que a abelha jandaíra possui um amplo espectro de plantas que fazem parte do seu forrageamento. Um total de vinte e nove espécies de polens foram identificados em dois potes de alimento. A identificação se deu por comparação com a palinoteca de referência da região, que se encontra no Laboratório de Estudos Sobre Abelhas (LEA/UFMA). Como as abelhas de uma colméia têm preferência por uma determinada planta, o estudo demonstra que espécies das famílias Myrtaceae, Mimosaceae, e uma ainda não identificada, são de grande relevância para a manutenção desses organismos.