61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 5. Antropologia Urbana
SOCIABILIDADE JUVENIL E PRÁTICAS CULTURAIS TRADICIONAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO
Lúcia Chiyere Ijeoma Udemezue 1
Luna Vargas 1
Natália Caruso Theodoro Ribeiro 1
Bruna Attina 1
Maria Celeste Mira 1, 2
Elisabeth Murilho da Silva 1, 2
1. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
2. Prof. Dr. Departamento de Antropologia PUC-SP / Orientadora
INTRODUÇÃO:
Este trabalho científico teve como objetivo central mapear aproximadamente 20 grupos envolvidos com práticas culturais tradicionais na cidade de São Paulo em sua relação com a sociabilidade juvenil, uma vez que algumas pesquisas já realizadas sobre o tema mostram que estes agrupamentos, mais ou menos institucionalizados, são formados, sobretudo, por jovens. A pesquisa apreendeu as especificidades de cada grupo determinadas pela origem destas expressões – maranhenses, pernambucanas e sudestinas – e conheceu quem as recriaram ou delas se apropriaram na metrópole. Muitos grupos foram criados e são mantidos por jovens da classe média e são através deles que estes jovens estabelecem laços de sociabilidade.
METODOLOGIA:
Além da pesquisa bibliográfica sobre cultura popular e antropologia urbana tendo como referência principal o antropólogo Guilherme Magnani. Utilizamos também a pesquisa de campo, através do método clássico da Antropologia através da observação participante: freqüentando reuniões, ensaios, festas, apresentações e outros eventos e registros fotográficos e audio-visuais. Para apreender as interações dentro do grupo, sua organização, objetivo e sua interface com o público, foi feito o levantamento e localização dos grupos no espaço geográfico da cidade de São Paulo, onde uma parte destes foram selecionados para uma pesquisa qualitativa mais aprofundada. Tanto os fundadores como o público juvenil que freqüentam estes eventos foram abordados através de entrevistas qualitativas através de aplicações de questionários que permitiu a compreensão da sociabilidade juvenil, bem como a formação e natureza destes grupos. Realizamos as entrevistas através da técnica denominada por (Jovchelovitch e Bauer 2002), de “entrevistas narrativas”, através da qual o informante é levado a contar a história a partir de perguntas muito amplas, permitindo que ele mesmo selecione os acontecimentos e construa a conexão de sentido com a vida social e o contexto vivido.
RESULTADOS:
A pesquisa obteve como produto o levantamento de grupos ativos na cidade de São Paulo, pontos de encontro, locais de apresentação e outras atividades e instituições que são considerados como peças importantes do “circuito (Magnani 2000) urbano das práticas culturais tradicionais”. Dos grupos pesquisados que fazem parte do universo da cultura popular podemos destacar três tipos de manifestações da cultura tradicional: há um grupo que possui uma influência das manifestações das regiões norte/nordeste como, por exemplo, o maracatu, o tambor de criola, etc; existe um segundo grupo que são os que seguem a manifestações do sudeste como o moçambique e o congo capixaba; e em terceiro, os capoeiristas e seus mestres baianos e os grupos de percussão e dança afro. A partir da análise dos dados obtidos foi possível realizar a elaboração de um mapa da cidade de São Paulo a partir da técnica de geo-referenciamento destacando os grupos estudados e sua concentração no bairros da zona oeste onde se observa conceitualmente o que chamamos de mancha (Magnani 2000). Ao fazer esse mapeamento, conseqüentemente descobrindo quem são as pessoas que freqüentam esses (circuitos) pontos de socialização, se descobriu como é que estão distribuídos essas novas práticas culturais na metrópole e quais são os princípios de estruturação. Dessa forma foi possível captar também as formas de hierarquização da cultura. Também foi constatado que os interesses de jovens urbanos por estas práticas são apoiados em dois pilares: um mais amplo, através da valorização da diversidade cultural e outro, mais individual, a busca de identidade e de um estilo de vida (Bourdieu, 1988).
CONCLUSÃO:
Este trabalho apontou o perfil destes jovens praticantes da cultura popular e trouxe uma nova análise dos processos de sociabilidade juvenil na cidade de São Paulo, caracterizados por aspectos simbólicos como: religiosidade, tradição e identidade gerando assim um mapa dos circuitos culturais tradicionais na metrópole, percebendo que sua grande mancha se concentra na região oeste, mais precisamente na Vila Madalena conhecido como bairro “alternativo” da cidade dotado de uma dezena de “equipamentos” como ateliês de artes plásticas, grande quantidade de bares e restaurantes “da moda” e desfruta de grandes possibilidades de lazer. Este estudo buscou a apreensão da dinâmica de elaboração destas práticas culturais pelos seus agentes ou artistas e de seu caráter simbólico ou religioso pelo público juvenil. Deste modo, a relevância da pesquisa extrapola o universo acadêmico, onde já é consagrada, uma vez que fornecerá dados hoje essenciais para o estabelecimento de políticas públicas nas áreas de cultura, lazer e juventude.
Instituição de Fomento: CEPE (Comissão de Ensino e Pesquisa da PUC-SP)
Palavras-chave: sociabilidade juvenil , cultura popular, metrópole.