61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
AGRICULTURA FAMILIAR NO RIO SOLIMÕES-AMAZONAS: INFLUÊNCIA DO PULSO DAS ÁGUAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Sandra do Nascimento Noda 1, 2, 4
Hiroshi Noda 2, 3
Maria Silvesnízia Paiva Mendonça 2
Dirceu da Silva Dácio 2, 4
Antonia Ivanilce Castro da Silva 2, 4
Eliana Aparecida do Nascimento Noda 2
1. Universidade Federal do Amazonas
2. Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos Amazônico
3. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
4. Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – UFAM
INTRODUÇÃO:

As unidades de produção da agricultura familiar na várzea do rio Solimões-Amazonas no do estado do Amazonas foram caracterizadas pelas formas como os agricultores usam e manejam os recursos no processo produtivo levando-se em conta o pulso das águas (enchente e vazante sazonais). Essas formas de produção são sistemas complexos que envolvem a aplicação de diferentes atividades de trabalho nos recursos naturais disponíveis e são, basicamente, constituídos por diferentes paisagens do ambiente explorado: áreas de restinga com vegetação agrícola permanente (sítios), áreas de restinga, baixadas e praias com vegetação agrícola temporária (roças e plantios de espécies de ciclo anual), capoeiras (áreas de pousio) com preponderância de espécies lenhosas ou gramíneas, chavascais caracterizando a presença de áreas baixas com solos mal drenados, florestas, lagos, rios e igarapés.

METODOLOGIA:

A coleta de dados foi realizada a partir da aplicação de questionários específicos, entrevistas abertas e fechadas semi-estruturadas, elaboração de diário de campo e croqui da área, levantamento planaltimétrico da unidade rural, coleta botânica e levantamento florístico do componente sítio/terreiro, nas unidades de produção de três localidades no Baixo Solimões (municípios de Manacapuru, Iranduba e Careiro da Várzea) e; três no Médio Amazonas (municípios de Itacoatiara e Silves)

RESULTADOS:

As estimativas de cotas médias anuais históricas quando relacionadas ao ciclo produtivo das espécies apontam para uma racionalidade nas técnicas de cultivo agrícola e no manejo de plantas permitindo a sustentabilidade da agricultura, na medida em que é um processo contínuo e estável de produção, no qual a entrada de nutrientes no sistema é promovida pela reciclagem. Pode-se observar que entre as espécies anuais não adaptadas a ambientes úmidos as que ocupam áreas mais baixas são as de ciclo curto como o milho, tomate e hortaliças de folhas. Já as de ciclo mais longo, como a mandioca, ocupam áreas mais elevadas. Os sítios e as áreas de plantio de espécies frutíferas lenhosas não adaptadas a ambientes úmidos ocupam a áreas mais elevadas, preferencialmente, as não inundáveis. Todos os sítios permanecem com as áreas livres da inundação, no mínimo, por 213 dias, mesmo estando localizados em áreas sujeitas a inundações nos anos em que os níveis da enchente situam-se na média histórica. Entretanto, as enchentes acima das médias históricas é um fator que limita o cultivo de espécies perenes menos adaptadas aos ambientes úmidos.

CONCLUSÃO:

As unidades de produção de todas as localidades possuem sítios onde são cultivadas espécies arbóreas frutíferas, hortaliças e medicinais. O manejo dos ambientes permite a prática do extrativismo a partir de uma cronologia baseada nos ciclos biológicos naturais.

Instituição de Fomento: FAPEAM, FINEP
Palavras-chave: Agricultura familiar, Sistema de produção, Pulso da águas.