61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
A INCIDÊNCIA DE ROTAVÍRUS EM CRIANÇAS COM DIARRÉIA AGUDA NO PERÍODO DE AGOSTO DE 2007 A DEZEMBRO DE 2008 NA CIDADE DE MANAUS
Dayane Martins Barbosa Serfaty 1, 2
Paula Taquita Serra 1, 2
Raquel Oliveira Pessoa 1, 2
Andrea Fagundes Grava 1
Patricia Puccinelli Orlandi Nogueira 1
1. Instituto Leonidas e Maria Deane ILMD - FIOCRUZ
2. Universidade Estadual do Amazonas - UEA
INTRODUÇÃO:

As Rotaviroses são consideradas os maiores agentes etiológicos não bacterianos causadores de diarréia em crianças do mundo todo, atingindo além de seres humanos, várias espécies de mamíferos e aves. (ROSA e SILVA et al., 2001;VRANJAC, 2004). As infecções por Rotavírus são comuns, tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. Estima-se que cada ano ocorra mais de 130 milhões de episódios diarréicos associados a esses agentes virais entre crianças em seus primeiros anos de vida (LINHARES, et al., 1999).

Um aspecto singular em termos epidemiológicos é o fato de que a incidência de Rotavírus em países desenvolvidos e em desenvolvimento serem muito parecidas independentemente das condições sanitárias. Pressupõe-se que medidas preventivas baseiam-se não somente em cuidados sanitários, mas também numa imunização eficaz.

(BISHOP, 1993). 

Em Manaus, há poucos estudos epidemiológicos sobre a incidência de Rotavírus na população infantil. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo analisar a incidência de Rotavírus tipo A em crianças de O – 10 com diarréia aguda.

METODOLOGIA:

As amostras de fezes das crianças com diarréia foram coletadas nos hospitais infantis da cidade de Manaus. A coleta foi realizada no período de agosto de 2007 a dezembro de 2008 nos Hospitais da Criança da Zona Sul, Leste e Oeste. Durante a coleta foi feito um questionário epidemiológico ao responsável pela criança, do qual era assinado pelo mesmo. Pelo questionário era obtidas informações como: local de coleta; nome; idade; endereço; sintomas; informações sobre o abastecimento de água e; o tipo de água que era consumida. Para detecção do Rotavirus tipo A, foi realizado o teste do látex pelo kit Virotect Rota da Omega Diagnostics LTD. Para a realização do teste, todas as amostras coletadas foram diluídas no tampão de Tris Ca em pH 7,3, de modo: 1 parte de fezes para 4 partes de Tris Ca, 0,5ml  da amostra diluída com 0,5 do tampão do kit foram centrifugadas a 12.000 rpm por 10 minutos a 4oC. Após a centrifugação, 40µl da suspensão da amostra foi reagida com 10µl do látex esperando apenas alguns segundos para a aglutinação.

RESULTADOS:

Das 1500 amostras fecais que foram submetidas ao teste de látex por aglutinação, 213 (16%) foram positivas para Rotavírus do Tipo A. Na distribuição do Rotavírus por faixa etária observou-se que as crianças de zero a dois anos de idade foram as mais afetadas.

Os sintomas relacionados com diarréia associada ao rotavírus foram: vômito, febre e desidratação. Sangue visível foi observado em aproximadamente 11% dos casos.

Levando em consideração a distribuição das amostras positivas para Rotavírus por regiões, a maioria dos casos foi detectada entre moradores da Zona Sul (32%), seguido pela Zona Leste (29%), Zona Norte (11%), Zona Oeste (9%), Zona Centro-Sul (8%) e Zona Centro-Oeste (4%). Das amostras obtidas, 7% foram de pacientes moradores de outras cidades, em geral do interior do Amazonas.

Em relação ao abastecimento de água, 58% das casas são abastecidas por água encanada, 39% por água de poço e os 3% restantes recebem a água diretamente do rio. A água para o consumo está distribuída em: 52% da água provem dos poços, 17% de água de torneira, 16% de água mineral, 10% a água era filtrada, 10% de água diretamente do rio e 3% de água fervida.

CONCLUSÃO:

Observou-se que os dados obtidos neste trabalho apresentam uma diminuição nos casos de diarréia por Rotavírus se comparado aos trabalhos de ORLANDI et al. 2006 em Porto Velho, RO e LINHARES, 2000 em Belém do Pará, PA, sugerindo que esta  diferença se dá pela utilização da vacina nos últimos 4 anos.

Em relação as crianças maiores de 2 anos de idade não podemos afirmar se a baixa incidência está relacionada a imunidade ou se as mães não levam as crianças maiores com a mesma freqüência que levam as menores aos hospitais infantis. Foi observado no momento da coleta freqüência baixa de crianças maiores com diarréia.

Não é comum o paciente de Rotavírus apresentar sangue em suas fezes, então as crianças com sangue visível ou oculto provavelmente estão contaminadas por outros enteropatógenos que poderiam causar essas manifestações clínicas.

Observou-se na distribuição do Rotavírus por zona, abastecimento de água e tipo de água consumida que a manifestação do Rotavírus independe do nível social do paciente. Há estudos que indicam que a diarréia causada por Rotavírus, somente pode ser mais bem controlada, através de vacinação e medidas preventivas.

Instituição de Fomento: FAPEAM e CNPq
Palavras-chave: diarréia infantil, incidência , Rotavírus.