As avaliações educacionais têm desencadeado inúmeros debates, principalmente após o ano de 2005 quando o Brasil começou a monitorar as escolas mais de perto e traçar metas mais definidas para melhoria da qualidade da educação pública. O objetivo é, aprovar o máximo de alunos e melhorar ao máximo sua proficiência, avaliação em larga escala, em Língua Portuguesa e Matemática aplicando de dois em dois anos aos alunos das quartas e oitavas séries do Ensino Fundamental a denominada de Prova Brasil. Para monitorar as instituições educacionais foi criado o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que é a combinação entre as proficiências dos alunos e o índice de aprovação dos alunos. No ano de 2008 após a divulgação dos resultados do IDEB pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o Estado de Mato Grosso se configurou como um dos estados brasileiros que mais avançou o IDEB de 2007 em relação ao IDEB de 2005. Este fato despertou-nos o interesse em verificar quais fatores influenciaram para esse avanço. Acreditamos que essa pesquisa contribui para os educadores em geral, no sentido de refletir sobre as relações entre o IDEB e a qualidade da educação básica brasileira.

A metodologia adotada na pesquisa foi de cunho quantitativo. A coleta de dados foi através do site do INEP que disponibilizou a planilha eletrônica com os dados de todas as escolas avaliadas no ano de 2005 como também das escolas avaliadas em 2007. Deste universo selecionemos um pólo geopolítico atendido pelo CEFAPRO (Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica) de Cáceres, localizado na região oeste do Estado de Mato Grosso, composto por 21 municípios. Neste recorte verifiquemos a média do IDEB do pólo, das escolas estaduais e municipais de cada um dos 21 municípios, Em seguida selecionemos um município que apresenta os resultados semelhantes ao do pólo e verifiquemos o seu IDEB, nos anos 2005 e 2007, tanto dos anos iniciais quanto dos anos finais do Ensino Fundamental. Verifiquemos ainda a porcentagem de escolas do Estado de Mato Grosso que avançaram o seu IDEB, nos dados divulgados no ano 2007 em relação aos dados divulgados no ano de 2005. Para finalizar verifiquemos a proficiência a nível de Brasil.

A média do IDEB dos anos iniciais da rede estadual do pólo do CEFAPRO de Cáceres está um ponto (4,7) acima da média da rede municipal (3,7), já nos anos finais não há diferenças, as duas redes apresentam média (3,4). No município de Cáceres, no geral escolas municipais e estaduais, nos anos iniciais, o IDEB avança, índice de aprovação avança, mas, proficiência dos alunos não avança na mesma proporção; nos anos finais o IDEB avança, índice de aprovação avança, mas, proficiência dos alunos diminui. No Estado de Mato Grosso os resultados de 2007 em relação aos de 2005, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, mostram que 84% das escolas avançaram o IDEB, ou seja, 78,9% avançaram o índice de aprovação, 82,3% avançaram proficiência de Matemática e 69,1% avançaram proficiência de Língua Portuguesa. Nos anos finais, os dados revelam que 75,2% das escolas avançaram o IDEB, ou seja, 79,1% avançaram o índice de aprovação, 49% avançaram proficiência de Matemática e 61% avançaram proficiência de Língua Portuguesa. No Brasil a proficiência nos anos iniciais de Matemática foi 180 em 2005 e 189 em 2007, de Língua Portuguesa 172 em 2005 e 171 em 2007, nos anos finais, Matemática foi 237,5 em 2005 e 240,6 em 2007, de Língua Portuguesa 222,6 em 2005 e 228,9 em 2007

Observar-se que o fator que mais contribuiu para o avanço do IDEB no Estado de Mato Grosso foi o índice de aprovação e não a proficiência dos alunos. Podem-se visualizar, claramente quando nos anos finais a proficiência dos alunos diminuiu e mesmo assim o IDEB avançou. Se pensarmos que qualidade é “aprovar o máximo de alunos e melhorar ao máximo a proficiência”, então, esse avanço no IDEB, não representa melhoria, pois, estamos avançando somente o fator “índice de aprovação”. A questão grave apresentada é a “retração da proficiência” nos anos finais do Ensino Fundamental, ou seja, os resultados das avaliações dos alunos estão menores em 2007 se comparados com os resultados de 2005. Este resultado nos remete a necessidade urgente de traçarmos ações que visem à qualidade do ensino e da aprendizagem, pois, se não avançarmos na Prova Brasil não alcançaremos as metas de qualidade estipuladas para o Brasil, pois como podemos observar a proficiência em nível de Brasil, não foi animadora.