61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 2. Genética de Microorganismos
VARIABILIDADE GENÉTICA EM Colletotrichum spp. ISOLADOS DE HOSPEDEIROS TROPICAIS
Pedro de Queiroz Costa Neto 1
José Odair Pereira 2
Rozana Souza Medeiros-Galvão 3
Líbia de Jesus Miléo 1
Vanderléia Nascimento Galvão 1
Manuel Filipe Nascimento Garcia 1
1. Instituto Natureza e Cultura/UFAM Campus Alto Solimões
2. DCFDA/FCA/UFAM Campus Manaus
3. Depto. de Biologia/ICB/UFAM Campus Manaus
INTRODUÇÃO:
Várias culturas ao redor do mundo sofrem ataques por fitopatógenos em função de seu processo de domesticação e monocultivo. Habitando internamente diversos hospedeiros, há um nicho ecológico de micro-organismos denominados de endofíticos. Estes colonizam várias partes dos hospedeiros de forma assintomática. A relação endófito/hospedeiro ainda não foi completamente elucidada. Vários autores aceitam que fitopatógenos podem ser isolados na condição de endófitos e que endófitos, dependendo de várias condições, podem expressar patogenicidade. Fungos do gênero Colletotrichum são considerados cosmopolitas por infectarem diversos hospedeiros, possuem mecanismo de penetração ativa e apresentam um período de infecção latente. Algumas espécies de Colletotrichum possuem a forma teleomorfa como Glomerella cingulata. A técnica molecular AFLP (polimorfismo de comprimento de fragmentos amplificados) tem o poder de apresentar várias bandas pelos fragmentos gerados por cortes do DNA com enzimas de restrição, de modo que abrange todo o genoma do organismo investigado. O objetivo desse trabalho foi investigar a variabilidade genética apresentada por espécies do gênero Colletotrichum isolados de vários hospedeiros na condição de patógeno e endófito.
METODOLOGIA:
Os patógenos foram isolados de lesões e os endófitos de plantas sem sintomas. Todos foram cultivados em meio de cultura BDA. Foram utilizados os seguintes isolados: cajueiro: RUM4903 e RUM4905 – Recife/PE - patógenos; açaizeiro: 1g, 1CF e 2CF; Rollinia sp.: 07A, 09A e 10A; Strychnos sp.: 80, 82 e 83; cebolinha 85 – patógeno; couve; 86 – patógeno – Manaus/AM; e pimentão: 84 – patógeno – Benjamin Constant/AM. Isolados de C. fragariae: RUM4903, RUM4905, 1g e 85; C. capsici: 86; G. cingulata: 1CF e 2CF; C. gloeosporioides: 07A, 09A, 10A, 80 e 83; Colletotrichum spp.: 82 e 84. O DNA nuclear foi extraído de culturas monospóricas usando nitrogênio líquido e CTAB 2%. Os cortes de restrição no DNA nuclear foram gerados com as enzimas EcoRI e MseI e seletivamente foram amplificados fragmentos com os pares de oligonucleotídeos E + AG/M + C e E + AT/M + C. A técnica molecular AFLP foi realizada conforme o protocolo de Vos et al. (1995) e revelada por coloração com nitrato de prata (Creste et al., 2001). Para as análises da variabilidade genética foi utilizado o coeficiente de similaridade Jaccard, com algorítimo UPGMA do programa NTSYS, cujo resultado pode ser observado na forma de um dendrograma.
RESULTADOS:
Os pares de iniciadores geraram 174 bandas, todas polimórficas. A maior similaridade genética foi de 42% entre os isolados 10A e 1CF, e a menor de 12,5% entre 83 e 09A, isolados de área geográfica próxima (Campus Manaus), mas de hospedeiros distintos, na condição de endófitos. Dois grupos foram identificados nessa análise, entretanto não houve separação por hospedeiro, área geográfica, endófito ou patógeno. O Grupo II compreendeu os isolados 83, 85 e 80 com similaridade de 29% e os demais no Grupo I com 26%. A maior similaridade ocorreu entre C. gloeosporioides (10A) e G. cingulata (1CF), ambos representam as fases anamórfica e teleomórfica, indicando que existe a possibilidade de colonizarem diferentes hospedeiros. Os isolados C. fragariae RUM4903 e 1g apresentaram similaridade de 32%, apesar de isolados de distintos hospedeiros, grande distância geográfica (Recife e Manaus) e serem patógeno e endófito, respectivamente. Isolados de diferentes espécies ficaram agrupados juntos: 83 e 85, RUM4905 e 2CF. O isolado Colletotrichum spp. 84 ficou agrupado com 10A e 1CF, com similaridade próxima de 31%. O’Neill et al. (1997) analisaram com AFLP espécies de Colletotrichum e conseguiram diferencia-las utilizando três combinações de iniciadores.
CONCLUSÃO:
A combinação dos iniciadores EcoRI+AG/MseI+C e EcoRI+AT/MseI+C não foi eficiente para distinguir as diferentes espécies de Colletotrichum, nem agrupa-los por hospedeiros, área geográfica, patógenos ou endófitos. Foi evidenciada grande variabilidade inter e intrapopulacional.
Instituição de Fomento: FAPEAM/UFAM
Palavras-chave: Colletotrichum, AFLP, Endofíticos.